Mensagem do CEMA por ocasião dos 400 anos dos Fuzileiros

Notícia

Mensagem do Chefe do Estado-Maior da Armada, almirante António Mendes Calado, por ocasião dos 400 anos da criação do Terço da Armada Real, no qual tem origem o atual Corpo de Fuzileiros da Marinha Portuguesa.

18 de abril de 2021, 09:00

O Corpo de Fuzileiros da Marinha Portuguesa é, na atualidade, o herdeiro do Terço da Armada Real da Coroa de Portugal, a primeira unidade militar constituída com carácter permanente, criada em 18 de abril de 1621.​​​​

​​Por este motivo, assinalamos hoje 400 anos de extraordinários e valorosos serviços à Pátria, em ações levadas a cabo no mar e em terra.

Após a sua criação, o Terço da Armada Real começou de imediato a guarnecer os navios da Armada, defendendo a costa portuguesa e as rotas ultramarinas que passavam no Mar dos Açores, com destino a Lisboa. Em 1625, toma parte na grande expedição de reconquista da cidade de S. Salvador da Baía, que fora tomada pelos holandeses. Estas foram as primeiras ações de um percurso que inclui, ainda, as campanhas de recuperação do Brasil e da Guerra da Restauração.

Renomeado Regimento do Príncipe, em 1668, participou nas campanhas contra os berberes e os turcos, bem como nos combates das poderosas esquadras de guarda costa, do estreito e dos Açores.

Aumentado e reorganizado sob a designação de Brigada Real da Marinha, em 1797, acompanhou a família real até ao Brasil, aquando das invasões francesas, participando nos conflitos da fronteira do Uruguai e estando na origem da Brigada Real da Marinha Brasileira, hoje Corpo de Fuzileiros Navais deste país irmão.

Acompanhando a evolução organizacional da Marinha, foi, após 1836, objeto de sucessivos ajustamentos e designações – Batalhão Naval, Corpo de Marinheiros Militares, Corpo de Marinheiros da Armada –, constituindo-se como a unidade geradora dos Batalhões Expedicionários de Marinha, que participaram nas campanhas de pacificação africanas e na Grande Guerra.

E foi no seu seio que, em 1961, nasceram os Fuzileiros, fruto da necessidade de dispor de unidades dimensionadas e treinadas para o combate à subversão que crescia nos territórios africanos.

Nos teatros de operações de Angola, Guiné e Moçambique, cumpriram sucessivas missões de combate de elevada intensidade, que levaram à distinção do Corpo de Fuzileiros com o grau de Membro Honorário da Ordem Militar da Torre e Espada.

Hoje, os Fuzileiros continuam a servir Portugal, organizados de forma modular e flexível, adaptados às novas missões Marinha e no apoio à política externa do Nosso País, no âmbito das alianças e dos compromissos externos em que está envolvido, como aconteceu no Zaire, na Guiné-Bissau, em Timor-Leste e na Colômbia, na República Democrática do Congo, no Mali e na República Centro-Africana, na Bósnia e Herzegovina, no Afeganistão e na Lituânia.

Fiéis à sua origem, continuam a desempenhar funções de segurança e como força de desembarque nas missões a bordo de navios da Marinha Portuguesa, no Atlântico, no Mediterrâneo e no Índico.

Neste de dia de enorme significado, evoco quatrocentos anos da história da infantaria de Marinha, percorrendo teatros de operações e combates na Europa, na América, na Ásia e em África, diferenciando-se, desde a sua génese, pela capacidade de operar no mar e a partir do mar.

Como Chefe do Estado-Maior da Armada, saúdo de forma particular todos aqueles que, no decurso dos últimos sessenta anos, conquistaram e honraram a boina azul ferrete, símbolo distintivo dos Fuzileiros.

A Marinha orgulha-se destes seus ilustres filhos, que souberam honrar o botão de âncora dando o melhor de si mesmos – em muitos casos com o sacrifício da própria vida –  heróis que não faltaram ao chamamento da Pátria, no convés de navios, nos rios, no tarrafo, no lodo, na adversidade da vida difícil e na superação das dificuldades que a condição de militar e de marinheiro exige.

Vivemos hoje um tempo de grande incerteza e complexidade, num mundo fragmentado e em rápida mutação. Contudo, o mar continua a ser fundamental para a preservação do nosso modo de vida e na afirmação de Portugal como Nação que se fez no mar

Neste que muitos apelidam de Século do Mar, a multiplicação dos riscos e das ameaças no ambiente marítimo relevam a necessidade de o País dispor, no Corpo de Fuzileiros, de uma capacidade credível de atuação no mar e a partir do mar, pronta para o cumprimento de missões e adaptada a novos ambientes e desafios, sempre que tal for requerido em defesa dos interesses nacionais.

Neste dia de celebração, exorto os Fuzileiros a continuar a honrar a herança de quatro séculos de ilustres exemplos de bravura e competência, respondendo sempre ao chamamento da Pátria com a marca dos Fuzileiros - SEMPRE PRONTOS!

 

António Maria Mendes Calado
Almirante​​





Data de Atualização: 18 de abril de 2021

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