Page 290 - Revista da Armada
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Se souberes estar seren9 quando todos em volta
Estão perdendo a cabeça e te lançam a culpa;
Se estiveres confiante quando de ti duvidam,
Mas souberes desculpar que duvidem de ti;
Se fores capaz de esperar sem perder a paciência
E se, caluniado, a ninguém calunias;
Se quando te odiarem não odiares também,
Sem querer ser superior nem parecer bom demais;
Se tu souberes sonhar e não viver de sonhos
E se souberes pensar mas sem deixar de agir,
E puderes defrontar o Triunfo e o Desastre,
Tratando-os por igual como impostores que são;
Se suportares ouvir verdades que disseste
Torcidas por velhacos para convencer ingénuos;
Se vires desfeito aquilo para que tens vivido
E o constru ires de novo com ferramentas gastas;
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Se és capaz de juntar tudo que tiveres ganho
Para tudo arriscar numa cartada só,
E se souberes perder e começar de novo
Sem palavra dizer da perda que sofreste;
Se consegues que nervos, braços e coração
Te vão servindo sempre mesmo que já exaustos,
E se seguires para a frente quando já não tens nada
A não ser a vontade intensa de vencer!
Se com falar às massas não perderes a virtude
E de pri~:)r com Reis não deixares de ser simples;
Se amigo ou inimigo não puder melindrar-te;
Se a todos deres valor mas a ninguém demais;
Se souberes preencher o minuto que passa
Com sessenta segundos utilmente vividos,
É tua a Terra inteira e tudo o que ela tem
E - o que é mais ainda - és um Homem, meu filho!
Rudyaro Kipling
Tradução de c.-alm. Vasco Lopes Alves