Page 272 - Revista da Armada
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Retrospectiva  8








                          As relíquias de Santo António




                                  no Arsenal da Marinha





                 ingularmente  eXf"ess;wl  a  vinda  das  relíquias  de
                 SUlllo  Ant6nio à cidade de  Lisboa, sua terra natal.
            S Pode dizer-se que a população imei,a da capital este·
            ve presellte neste regresso, após setecentos anos de ousen-
            cio.  Ausencia que nunca/ai completa,  porque Somo Antó-
            nio é uma figu m que está sempre viva lUIS almas e 1I0S cora-
            çõesdos Portugue.çes.  (. . .)
               Assim comcçllva o «Diário de Notícias» de 5 de Junho
            de  1966, uma grande reportagem sobre o acontecimento
            em epígrafe, que constituiu  o  número  mais  sensacional
            dascomemoraçãesdo Dia de Portugal, desse ano.
               E mais adiante:
               A população da cidade e llrredore.ç,  a partir das 20 ho-
            ras, começou a concentrar-se através das principais rIIas da
            Baixa pombalina, a fim de assislir ao solene desfile das relí-
            quias de Santo Amónio, da capela l/e S. Roque, 110 antigo
            Arsenal da Marinha, para a Sé Patriarcal.
               Com efeito,  ali se enCOlllravam desde manhã, naquele
            pequellO  templo da  Armada,  os testemunhos do gra/lde
            laumalurgo que haviam desembarcado às 8 horas do pa-
            que/e  «Giulio  Cézare" ,  110  cais  de  Alcâmara,  VÜldos de
            Itália.
               A acompanhar as relíquias vieram no navio  150 pere-  o andor com uma dtu rflrquias dr SIJrllO Anlórlio pasSIJ ptlIJ Rua A rlguSIIJ
                                                               após Ifr sardo da t:IJptla dr S. Roqur. no ArUfl1J1 da /L1IJrinha. IJ t:anrinho
            grinos de Pádua c várias entidadcs religiosas e civis italia-
                                                               da SI (/010 do M",jro dr DOCUmtnlUrdo do • Dr'drio dr NOliâ/ls»).
            nas, que desembarcaram com elas. juntando-se à grande
            representação  portuguesa  que  ali  os  aguardavam  e  da
            qual  faziam  parte entidades religiosas,  militares e  civis.   Eda restante reportagem. resumimososeguinte:
            As relíquias desembarcaram em duas caixas cobertas com   Pelas 10 horas da noite - uma noite de primavcfll. de
            as bandeiras nacional e da Câmara Municipal de Lisboa.   céu estrelado e sem vento - começou a desfilar a que foi
               E a reportagem continuava:                      certamente  uma  das maiores e  mais  imponentes procis-
               Depois foram transportad(ls aos ombros de marinhei-  sões que se relizou em Portugal. Abria-a a fanfarra e cla-
            ros, para um carro-armão da Marinha de Guerra ( ... ). Se-  rins da Guarda Nacional Republicana. a cavalo e em uni-
            gllÍdamente organizou-se um cortejo de alllomóveis,  em   forme de gala.  A seguir. vinham representaçõcs de bom-
            direcção ao  Arsenal,  em cuja capela,  conforme assinalá-  beiros e da Casa  Pia. sargentos e  praças da Marinha de
            mos, as relíquias ficaram depositadas, perante a veneraç(io   Guerra. banda da Armada. alunos da Escola Naval e uma
            de muitos fiéis que ali afluíram e de t//fIIOS consecu/ivos de   força de marinheiros.  Depois.  variadíssimas instituições
            marinheiros.                                       religiosas. uma força de soldados de lnfantaria(-). band.1
               Dizo jornal que grande multidão enchia por completo   do Exército. alunos da Academia Militar e uma força do
            as cercania's do Arsenal. nomeadamente a Avenida da Ri-  Etército. e sargentos e praças da Força Aérea. respectiva
            beira  das  Naus  e o Terreirto do Paço, onde estavam  já   banda de música e força de soldados.
            montadas  bancadas  para  a  homenagem  aos  heróis  da   Desfilaram seguidamente  vários movimentos juvenis
            guerra do ultramar que ali ia decorrer no Dia de Portugal   de organizações católicas. duas longas fi las de meninos do
            (10 de Junho). Também as ruas que o cortejo ia  percor-  coro. precedendo o andor que transportava a primeira re-
            rer, desde o Arsenal até à Sé (ruas Augusta . de Santa Jus-  líquia - um maxilar do Santo contido num relicário valio-
            ta, da Conceição,  Largo da Madalena e  Rua e  Largo de   síssimo de prata e pedras preciosas -, alunos dos seminá-
            Santo Antónioda Sé), estavam apinhadas de povo.    rios e clero de todo o país. Sob o pálio, o arcebispo de Me-

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