Page 257 - Revista da Armada
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t~~ Nota de Abertura
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A Memória dos Mortos
s associações de combatentes - Mas, tudo isso ja lá vai e pertence ago-
dos Comandos, dos Combatentes ra à história. De todas essas desgraças,
A do Ultramar e da Força Aérea resultaram algumas nações independen-
- consideraram seu dever pugnar para tes que, esquecendo esse período negro,
que justiça seja feita aos concidadãos que se devem dar as mãos e caminhar confian-
combateram e morreram ao serviço da Pá- tes no futuro. Porque falam a mesma lín-
tria, no Wtramar, de 1961 a 1974. gua e estão intimamente ligadas pelo ca-
A Liga dos Combatentes, comungan- rácter português, pelos costumes, pela
do desse imperativo, foi sensível ao cha- religião ... que são coisas que nem os ho-
mamento que delas recebeu e assim, en- mens nem o tempo podem apagar!
quadrada nas referidas associações e ain- Não foi, pois, em vão que, excedendo
da na dos Deficientes das Forças AIma- as suas próprias forças, os portugueses
das, Sociedade de Geografia e restantes descobriram, colonizaram e desenvolve-
associações de combatentes, propõe-se, ram, tanto quanto puderam, essas pro-
em ligação com todas, incentivar e desen- missoras terras espalhadas no Mundo.
volver as acções necessárias para ajudar Isto é um facto histórico e incontroverso .
a saldar esta dívida em relação aos cerca que ninguém pode pôr em dúvida e do
de 7 mil portugueses mortos nessas qual muito nos orgulhamos.
guerras. Vamos pois homenagear, que bem o
(Extracto de um comunicado da Liga dos merecem, os militares que, no cumpri-
Combatentes, assinado pelo presidente
da Direcç'o Cflnrral, general Aluno mento do dever, lutaram e deram a sua
AP. Magalh'fls) vida nos campos de batalha da Índia, da
Guiné, de Angola e de Moçambique. A
* dor da perda de pais, filhos, maridos, noi-
vos, parentes e amigos nessas guerras
Creio não serem precisas muitas pala- está ainda bem viva e não pode, nem
vras para salientar a justiça desta iniciati- deve, ser esquecida. Vamos erguer um
va. As guerras do Ultramar estão bem vi- monumento que seja digno deles, custea-
vas na memória de todos nós e, quase me do por todos nós - os que lá andámos ou
atreveria a dizer que poucas serão as fa-
não - para que tenha verdadeiro signifi-
milias portuguesas que, directa ou indi-
cado nacional. Só assim pagaremos essa
rectamente, nelas não tenham estado en- dívida e tranquilizaremos as nossas cons-
volvidas e não lhes sofressem as conse- ciências ...
quências.
Foram muitos anos, muitos os mortos
e estropiados, muitos os deslocados,
grandes os prejuízos; correu muito san-
gue, de brancos e de negros, numa luta
encarniçada que parecia não ter fim ... c/alm.
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