Page 249 - Revista da Armada
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... e cana o cabo que egllenta o navio na rampa de lançamento (fo-
to gentilmente cedida pelo «Comércio do PortO/l).
Borgonha, considerado como o verdadeiro fundador
do actual Reino da Bélgica.
O porto de Bruges era frequentado por navios por-
tugueses desde o séc. XII mas foi devido à acção de
Isabel de Portugal, irmã dos infantes D. Pedro e D.
Henrique, que Portugal estabeleceu em Bruges uma
importante feitoria onde os mercadores portugueses,
o alm.Andrade e Silva, Chefe do Estado-Maior da Armada, faz
entrega do sino do navio, ao engenheiro Guimarjes Lobato, oferta utilizando principalmente caravelas. comerciavam os
do Museu de Marinha (foto do comandante António Cardoso), produtos do continente, da Madeira e dos Açores e das
outras terras que iam sendo descobertas, com gTande
A viagem inaugural da caravela a Bruges, na Bél· relevância das especiarias.
gica, tem um significado especial que a Aporvela pro· No século XV, o porto de Bruges era uma das cio
cura realçar, o que também fez ao construir a caravela dades mais importantes da Europa, devido ao comér-
ccBartolomeu Dias)! em 1987. cio marítimo com os povos do MediterrA.neo e da Liga
Foi o relacionamento de Portugal com o Norte da Hanseática.
Europa a principal razão da nossa Politica Naval, logo O engrandecimento de Antuérpia e a rápida per-
iniciada com o 1. 0 rei de Portugal, D. Afonso Hen- da de importância de Bruges, fez com que no final do
riques. século XV a feitoria Portuguesa na Flandres se mudas-
As ajudas valiosas que os cruzados vindos por mar se para Antuérpia, cujo progresso foi enorme, princi-
do Norte da Europa, deram a D. Afonso Henriques na palmente devido ao comércio das especiarias do
conquista de Lisboa, e a outros reis de Portugal, nas Oriente pelos mercadores portugueses.
lutas contra os mouros, mostraram que os auxilias que A feitoria da Flandres prestou grandes serviços a
poderiamos ter naquelas lutas, ou contra os podero- Portugal não só no aspecto comercial como no artisti-
sos reinos de Espanha, só poderiam vir do norte da co e cultural.
Europa e por mar. Com a abertura em 1907 de um canal de águas pro-
E, consequentemente, as alianças de sangue en- fundas de Bruges para Zeebrugge, que é um porto de
tre as famílias reais de Portugal e as famílias reinan· mar, Bruges voltou a ser um porto activo, ligado a Os·
tes na Flandres, incrementaram as reJaçdes comerciais tende e Gand por canais navegáveis, sendo hoje con-
por mar entre os Portugueses e os F1amengos sobre- siderada a «Veneza do Norte».
tudo com o porto de Bruges. A ida da caravela IlBoa EsperançaI! a Bruges acres·
O pai de D. Afonso Henriques era conde de Bor- centará mais um elo às ligações entre Portugal e a
gonha e D. Teresa (Matilde ou Mahaut de Portugal) fi· Bélgica.
lha de D. Afonso Henriques, foi condessa de Flandres
e Duquesa de Borgonha, ao casar, em 1184, com Fili-
pe de Alsacia.
Fernando, um dos filhos mais novos de D. Sancho
I de Portugal, casou em 1212 com a filha e rica herdei·
ra de Balduin IX da Flandres e Imperador de Constan-
tinopla e mudando o nome para Ferrand passou a ser
conde de Flandres e de Hainaut. António Cardoso,
Em 1429, Isabel de Portugal, filha de D. João 1 e cap.·frag.
de Filipa de Lencastre, que com os irmãos formou a
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cdnclita geração)!, casou com Filipe, o Bom, duque de
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