Page 163 - Revista da Armada
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No dia 17 de Dezembro de 1961, pelas 22
horas e 10 minutos, o N.R.P. 1/ Antares" saíu
pela última vez a barra do rio Sandalcalo,
em Damão. No dia seguinte, o território era
invadido pelas forças da União Indiana,
terminando com mais de 4 séculos de
soberania portuguesa.
No mar de Damão, o navio assistiu
impotente a quatro ataques da aviação
indiana e observou que os incêndios
proliferavam pelo território. Depois,
esgotadas todas as hipóteses de
participar na defesa do território, o
comandante decidiu rumar para o porto mestre t, sucessivamente. JXlra 0$ Pequeno_ O dia 17 tinha sido
outros elemenlos da guarniçlfo, absolutamente calmo em
de Karachi e salvar o navio. por ordem decrescenle de antigui- Damão.
dades.
orria O mês de Dezem· As notícias mais recentes OÚLnMQDIA
bro de 1961 e, de acor- prenunciavam que a invasão No dia 17 de Dezembro, o
C do com as previsões estava iminente. Por isso, nos navio entrou com normalida- EMDAMAO
possíveis e as informações dis- últimos dias, a fim de evitar de em Damão pelas 11.30
poníveis, estava iminente a que ficasse retida no porto horas, reabasteceu de água e O dia 18 de Dezembro inici-
inv~são do Estado Português durante uma provável acção mantimentos, e, pelas 22.10 ou-se com o navio sujeito a
da India pelas torças da União de ataque, a LF "Anlares" horas, aproveitando a segun- um balanço muito desconfor-
Indiana, um país que, desde começou a prolongar a sua da preia-mar, saiu de novo tável e perigoso, pelo que,
que em 1947 ascendera à inde- permanência no mar, sobretu- para omar. pelas 01.20 horas, o navio sus-
pendência, vinha reivindican- do de noite, porque a barra do Depois de navegar cerca de pendeu do fundeadouro. Com
do a soberania sobre aqueles rio Sanda1calo só era prati- meia hora, fundeou ao largo o radar avariado desde há
territórios. cável nas proximidades do de Catriá, a norte de Damão ml,lito e sem qualquer baliza-
O dispositivo naval existen- preia-mar.
te, subordinado ao Comando Inclusive, no dia 12 de BARRA Df DAMÃO
Naval de Goa, era pouco mais Dezembro de 1961, a Ordem
que simbólico e incluía apenas do Dia ao Navio, classificada , I . .
4 unidades navais, dispersas de "muito secreto", referia
pelas águas de Goa, Damão e que segwldo ludo lroa a crer, I
Diu. de esperar um ataque em foT{D ao .'.: .
Em Goa encontrava-se o território nacional, levado a cabo ,.
Aviso de I' classe "Afonso de pelas forças armadas da Unido ,.
Albuquerque'" e a Lancha de /lldiana, acrescentando algu-
Fiscalização "Sirius". Em mas instruções preparatórias
Damão estava baseada a Lan- da situação, nomeadamente
cha de Fiscalização U Antares N que, em caso de combate, a acçifo ,.
e, cerca de 100 milhas para a tomar pela Lancha de Fis-
Oeste, na outra costa do golfo calização ., Antares" será a única
de Cambaia, a Lancha de compatível com a qualidade de '.
Fiscalização "Vega" assegura- na,Iio da Marinha de Guerra ,.
\'a a nossa presença naval em Portugursa: lutar até ao último " "
Diu. cartucho e, se necessário for, ati 0. ,. '.' '., '.
A acção dos navios que se ao último homem. A rendição, '.' '.
encontravam em Goa e Diu já quaisquer que sejam as circUIIS- '" ,. '.' ,.
foi suficientemente relatada, tállÔIl5, é uma hipótese que "em " I." ~. '"
inclusive nas páginas da Re- sequer poderâ ser cO,lsiderada. ,.
vista da Armada. Porém, a Em caso de absoluta impossibili- ,.
inteligente, ponderada e deci- dade de continuar a luta, e só " "
dida acção do comandante do nesse caso, o Ilavio deverá ser
último navio português de afundado.
Damão, só agora é, devida e ... Em caso de morle 01/ feri-
pormenorizadamente, divul- mento grave do comandanle, o
gada. comolldo da acção passará JX1TO o
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