Page 248 - Revista da Armada
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BIBLIOGRAFIA


        "EU  ESTIVE  EM            constitui  razão de um descul-  como é o caso do aviso televi-  chispas da luta  entre gigantes
                                   pável abandono da sua poli-  sivo,  obrigatoriamente inseri-  que então se travou. Parece-
        MACAU DURANTE
                                   dez natural, ou atávica, quem   do, cremos, em certos progra-  -nos que o livro não contém o
        A GUERRA"                  conhece a resignação dos mais   mas:  "desaconselhado a  pes-  total de quanto  provavelmen-
        Do COIII." Alltóllio       pobres dos seus habitantes, de   soas sensiveis - contém cenas   te  fo i escrito.  Acaba,  pode
                                   par com a ausência de ostenta-  eventualmente chocantes".   dizer-se, quando tudo estava
        de Alldrade e Silva        ção  dos  ma is  ricos,  quem   Sabe-se como são frágeis,   ainda  quente.  É  póstumo;
                                   conhece a Macau  dos tempos   aleatórios, os sentimentos  que   devem  ter-se perdido origi-
                                   remediados, sem fome, embo-  designamos  de  a ltruismo;   nais.  Segundo revela o  padre
                                   ra  também  de pouca  roupa e   quando o  homem se vê  frente   Manuel Teixeira,  no  prefácio,
                                   de  poucas  ambições,  este   a  fren te com oulro homem,   o manuscrito foi enviado para
                                   Macau  humano que nos  des-  naquela  condição extrema de   Macau  pelo  fi lho do então
                                   creve o  livro do comandante   sobrevivência - ou tu, ou  eu!  -  capitão  dos  Portos,  e  hoje
                                   Andrade e Silva,  dos  primei-  é o egoismo e os seus acompa-  almirante,  António da  Cunha
                                   ros anos da  última Grande   nhantes,  a  força  ou  o ardil,   Esteves de Andrade e Silva.
                                   Guerra  - vertente oriental - é   q uem  impera.  Mesmo  q ue   Mas, infelizmente, inacabado.
                                   uma  chicotada  profunda,   tenha de se comer a carne do   Assim  mesmo, todavia, sem
                                   dolorosa, na  sensibilidade de   seu semelhante,  mesmo que   entrecho,  sem  romance, sem
                                   quem o lê.                 tenham  de se  procurar escas-  suspellse,  sem estar completo,
                                     Não  é  romance, e a  ficção   SOS  bagos de arroz no meio de   é um pedacinho de prosa fácil
                                   torna-se tão  óbvia, que não   excrementos ou  dejectos.  É   de ler,  mas muito  dificil de
                                   passa de verniz transparente a   assim.  E é esta a  verdade que   esquecer. Não é livro daqueles
                                   deixar ver quanto, por hipOte-  o livro não esconde.   que se arrumam na prateleira,
                                   se,  pretenderia ocultar.  Não   Em  ed ição  conjunta  do   e acabou-se.  Este.  não.  Deixíl
       Quem conhece Macau, os sua-  ahorda  confl itos  humanos   Instituto Cultural de Macau, e   também muito que pensar.
        ves contornos das  suas coli-  transcendentes.  não  possui   do Museu e Centro de Estu-  A  R.A.  agradece ao  ALM
        nas, das  suas balas,  o  bulício   enredo que nos deixe suspen-  dos Marítimos  de Macau, o   Andrade e Silva o exemplar
        das  ruas povoadas  por gente   sos, ou em sobressalto. Mas há   livro constitui  o  testemunho   oferecido.   J.
        de  maneiras  delicadas para   um subtítulo que este livrinho   de quem esteve presente,  de   Sousa Mllclmdo
        quem a  falta de espaço não   de 160 páginas deveria incluir,   quem viveu bem  de perto as            CMG
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