Page 296 - Revista da Armada
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PON'IO AO MEIO-DIA
N.E. "Sagres" no Japão
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A primeira opção do plano para 1993 é, nenhum deles faz a diferença , que,
assim, prosseguir o esforço de afirmação de r-lj-? [.... À%J numa época de proliferação de mensa-
Porl.up l no Mundo. gens, atrai e seduz.
in Grandes Opções do Plano para 1993. A avaliação do impado da presença do
N.E. "Sagres" no estrangeiro e do beneff-
A propósito da celebração dos 450 anos cio que dela advém para a afirmação de
de amizade luso-japonesa, o N. E. Portugal no Mundo, comparativamente
"Sagres" vai permanecer em águas e por- ao que sucede com uma campanha de
tos japoneses durante mais de um mês. marketing. uma exposição internacional,
Depois do enorme impacto que tiveram 1993 uma participação olímpica ou outros tipos
as suas visitas ao Japão, nos anos de 1978 de promoção internacional, nllo é um
e 1983, sete cidades nipónicas receberão exercício fácil.
a visita do nosso navio-6Cola, e, com ele, A justificação da eficácia esconde, fre-
imagens e mensagens que perdurarão, investimenlo nas áreas da saúde, seguran- quentemente, a ausência de quaisquer
seguramente, na memória de 120 mi· ça, ambiente, defesa, justiça e outras, tentativas sérias para a avaliar, mesmo a
Ihões de japoneses. onde, naturalmente, se incluem todos 'posteriori' .
Numa época em que, cada vez mais, aqueles que visem a afirmação de No caso do N.E. "Sagres", só quem
há que conciliar as necessidades de pro- Portugal no Mundo. teve a possibilidade de ver a espectacu-
moção da imagem externa de Portugal lar beleza e dignidade deste nosso
com os escassos recursos disponíveis A utilização da '"Sagres'" como nosso '"embaixador", entrando em Nova
para o efeito, a "operação Sagres'" é um singular Membaixado,'" itinerante, uma Iorque, S. Francisco, Boston, Osaka ou
bom desafio para dela se equacionarem função complementar à sua função de Rio de Janeiro, de assistir à euforia que
custos e proveitos, f , naturalmente, fazer escola de formação náutica, cultural, mili- assalta os seus milhares de visitantes, de
as devidas comparações. tar e cívica dos instruendos que nela conhecer detalhes sobre a forma entu-
embarcam, representa. s6 por si, um siástica como é recebido e acarinhado, e
o estado actual das economias, em investimento deste segundo tipo, e é de analisar a cobertura mediática de que
que se multiplicam as necessida- enquadrável nos objectivos definidos nas é alvo por todo o mundo, poderá fazer
Ndes sem que os recursos disponí- Grandes Opções do Plano para 1993. essa avaliação.
veis aumentem de igual forma, qualquer No entanto, seria irrealista pensar-se As horas de televisào, as imagens, as
investimento, isto é, qualquer aplicação que a política a desenvolver para a afir- fotografias, as páginas de jornais, as
de recursos que vise a obtenção de bene- mação de Portugal no Mundo pudesse notícias de primeira página, as festas, as
fícios no futuro, carece de uma prévia e ser concretizada exclusivamente por um reportagens e as entrevistas, entram no
necessária avaliação, por forma a selec- prestigiado e emblemático veleiro, que quotidiano mediátiCO dos países visita-
cionar a mais íavorável das várias alterna- reafirma o pioneirismo português nas dos, repetindo o nome de Portugal e
tivas em presença. grandes navegações que permitiram o deixando uma imagem de simpatia e
Porém, os critérios de selecção e deci- encontro universaf de culturas, que cordialidade.
são de investimentos na perspectiva representa uma mensagem de fraternida- Por isso, em muitos países, nomeada-
empresarial ou privada, são necessaria- de, dirigida, sobretudo, aos povos com mente nos Estados Unidos e no Japão, o
mente diversos daqueles que se utilizam os quais Portugal conviveu ao longo de N.E. '"Sagres" é um dos principais símbo-
na perspectiva económica, social, ou, 5 séculos, e que atesta a vocação portu- los de reconhecimento da nossa identida-
simplesmente, pública. guesa para a preservaç~o do património de nacional, um pouco à semelhança do
Enquanto na primeira sào contabiliza- comum da Humanidade, que são os que sucede com outros verdadeiros sím-
dos e comparados os custos e os provei- oceanos. bolos nacionais, de que citamos, apenas,
tos esperados, com os quais se prevê a a Amália, o Eusébio e a Rosa Mota.
rendibiJidade ou o risco do pro)ecto de Para a afirmaçllo consequente dessa
investimento (costlbenefil ana/ysis), na política, silo, evidentemente, necessários A presença do N.E. "Sagres" no Ja~o
segunda podem ser previamente contabi- outros vectores promocionais, que constituirá, certamente, um valioso e
lizados os custos, mas há extrema difi- aumentem a notoriedade do país, valori- imprescindível contributo para a afirma-
culdade em quantificar os beneffcios zem a sua imagem internacional ou ção de Portugal no Mundo, e seria muito
esperados. Nesses casos, há que recorrer visem apenas objectivos mais específi- útil que pudesse ser avaliada, enquanlo
a instrumentos de natureza qualitativa, cos, nomeadamente de natureza econó- investimento promocional.
que permitam optimizar a deCisão de mica, cultural, tecnológica, política ou Seguramente que os resultados consti-
investimento, isto é, garantir a sua máxi- militar. Porém, nestes casos, o seu custo tuiriam uma surpresa. .1
ma eficácia ao menor custo (cos1lefecti- ê sempre mais imprevisto e a sua eficá-
veness ana/ysis). cia menos conseguida. porque, embora A. Rodrigues da Costa
Estão nestas condições os projectos de todos esses vectores marquem presença, CTfN
6 SETEMBRO/ouruBRO 93 • Rf\lISTA D ........ RMADA