Page 115 - Revista da Armada
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dos helicópteros de  luta anti-submarina.  Ao não se ter envereda-  espaço que cabia a esse pais defender.  Sabemos, por experiên-
          do  por  esta  solução a Marinha  viu  adiada  até  à  década de  cia histórica, os juros que se  pagam com a renúncia das nações
           noventa  ,1  introdução nos  seus navios de sistemas de armas mo-  à defesa dos seus interesses.
          dernos  (6).  A n~o modernização  das  três fraga tas  da  classe   A vizinha ESI)anha,  nossa  aliada  na  NATO  e na  UEO,  possui
           ~Almirante Pereim da  Silva", como se impunha  no fim  dos anos  um  poder naval significativo e reúne condiçôes para exercer um
          setenta.  fez  com  que estes navios  acabassem  os seus dias,  sem  controlo  sobre  zonas  onde,  tradicionalmente,  Portugal  tem
          glória,  num  cais  do Alfeite,  com  guarnições extremamente  responsabilidades históricas( (11).
           reduzidas  (7).  Outro erro,  em  nossa  Ol)inião,  foi.  transitoria-  Uma  Marinha  detentora  de  meios  navais modernos e opera-
           mente,  não se terem  adquirido, em  segunda  mão,  algumas  fra-  cionais estará  apta  a cumprir as  missões  que o poder  político
          gillas  da  classe  ~Leander" que,  em  grande  numero,  O  Reino  lhe atribua e,  um aspecto importante e por vezes omitido, moti-
           Unido  vendeu  ou  cedeu  por empréstimo  a países de diferentes  vará  os seus  militares e civis para  um  melhor  desempenho das
          Meas geográficas  (8).                               suas tarefas.
                                                                 Em  nossa  opiniào,  Portugal, que  nào  tem  menores tradições
           ' ALBACORA'                                         marítimas  que a Holanda, a Grécia  ou  a  Noruega  (12),  bem
                                                               pelo  contrário,  tem necessidades  de  investir  na  componente
            É um  tipo  de  navio que pelas  suas características,  merece  naval da  sua defesa e isto porque a Marinha Militar está ligada
          especial  cuidado.  Cumpriram  com  dignidade  as  missões  que  à História e à Epopeia Marítima dos Séculos xv e XVt e porque
           lhes  foram  destinadas.  As  suas  idades  impõem  uma  merecida  hoje, como naquela época, O mar é um símbolo da nossa identi-
           reforma  cedendo o  lugar  a  unidades novas  ou  {IUe,  sendo  já  dade, como país de liberdade e de paixão pela aventura.
           usadas,  satisfaçam  os  re<luisitos  da nossa  Marinha,  não  pondo
          em risco a segurança das suas tripulações.           CONCLUSÕES

           'JOÃO COUTINHO'                                       Pelo que se disse anteriormente, e mesmo tendo em considera-
                                                               ção a presente situação de paz que se vive na Europa, em especial
            Navios concebidos por um ilustre engenheiro construtor naval  depois da queda do muro de Berlim em  1989, há que desenvolver
           português  e destinados  ao  serviço em  águas  e climas  tropicais.   um  poder  naval  nacional  que  projecte o  nome  do país  e que
           Podiam  transportar  I)equenos grupos de                              defenda os  interesses deste onde e sempre
          fuzileiros  em  acções  de  assalto  anfrbio.                          que as circunstâncias o exigirem (13).
           Dotados de plataforma  para  helicóptero,            . ,                Assim, a Armada  Portuguesa  deverá
          que limitações financeiras  impediram que                              possuir, minimamente, os seguintes meios,
          possuíssem.  Como  armamento  principal                                e numa  visão de  país oceânico, ligado a
          mantêm as peças duplas de 76 mm,  mate-                                vastas  zonas de  África  e da América,  inte-
           rial  ultrapassado  e qlle  nunca  se  pensou                         grado em duas organizações  Militares  de
          em substituir por mísseis.                                             Defesa e constituído  por  territórios  depen-
                                                                                 dentes das  vias  marítimas,  e vitais  para  o
           ' 8APnSTA DE ANDRADE'                                                 Ocidente,  incluindo os  E.  U.  A.  e  o
                                                                                 Canadá:
            São  uma  versão  melhorada  da  classe                              - Um grupo de seis a nove fragatas;
          "JOÃO  COUTINHO~ e dispõem  de  uma                                    - Um grupo de três a quatro submarinos;
          peça de  100  mm  e de  uma  plataforma  para  helicóptero. Como  - Um grupo de dez a doze patrulhas de alto mar;
          as  suas  irm5s mais  velhas,  nunca  possuíram  meios  íléreos.  - Uma flotilha de meia dúzia de draga-minas e/ou caça-minas;
           Entraram ao serviço quando os  ventos da  história  tinham muda-  - Seis lanchas rápidas de patrulha costeira e Ouvial;
          do para Portugal  (9).                               - Um  navio de assalto anfíbio  com capacidade para  transportar e
                                                               apoiar o Corpo de Fuzileiros, O seu equipamento pesado e os seus
           ' CAC/NE'                                           helicópteros orgânicos (14);
                                                               .  Um  navio  reabastecedor  de esquadra  e/ou  polivalente  para
            Uma  classe de  patrulhas de concepção Nacional  que prestou  apoio da frota em exercícios;
          bons  serviços  em  África  em  especial  nos  perigosos  cursos  de  .  Helicópteros para  equipar  as  fragatas e para  o Corpo  de
          água  da  Guiné-Bissau.  O  regresso  de  África  implicoll  (IUe  estes  Fuzileiros.
          Navios  fossem  destinados  ao  patrulhamento das águas  do
          Continente e das  Regiões  Autónomas e cujas características não   Uma palavra para os Fuzileiros.
          são aquelas para que estes patrulhas foram concebidos.   O poder politico manifestou  inleresse em que  Portugal. através
                                                               dos seus  Fuzileiros, integrasse a brigada anfíbia anglo-holandesa. É
            A  Armada  Portuguesa é,  no momento presente, constituída por   uma atitude que se louva pelos benefícios técnico-profissionais que
          um  conjunto  heterogéneo  de  navios com  pouca  capacidade de   essa  integração  trará  aos  Militares  Portugueses. Mas,  será  que os
          actuação num conflito  local ou generalizado.        responsáveis Militares,  isto é, o Minislério da Oefesa analisaram os
            A guerra  do  Golfo  foi  uma  escola de  ensinamentos  e confiro  custos dessa participação?
          mou  o que  havia  sido demonstr,ldo,  em  1982,  no  conflito que   O espírito de combate e uma forte motivação na nossa Infantaria
          opôs  argentinos  e  britânicos  pela  posse  das  ilhas  da  Marinha  poderão não  ser suficientes,  inseridos em  AI)arelhos
          FalklandslMalvinas.  Os navios de guerra  terão de ser.  cada  vez  Militares bern equil>ados como são O Holandês e o Britânico.
          mais, plataformas de diversificados sistemas de armas que garan·   Para que a referida brigada possa receber o contributo português,
          tam  uma  protecção eficaz  em  áreas  razoáveis,  quer em  acções  afigura-se-nos  essencial  que o Corpo de  Fuzileiros seja dotado de
          ofensivas quer em atitudes de defesa. A não se verificarem estas  material moderno sem o qual dificilmente sobreviverá em situações
          condições,  as  unidades  navais,  actuando em  grupo ou  isolada-  de  combate,  referimo-nos  aos  mísseis TERRA·AR  portáteis, à arti-
          mente,  são  presas  fáceis  face aos  modernos sistemas de  ataque  lharia de campanha, às viaturas blindadas de assalto anfíbio (/5).
          aéro-naval  dos  nossos  dias  (10).  Uma  Marinha  de  Guerra  que   Se queremos, com dignidade, participar numa Força Militar de
          não disponha de meios  mínimos com que possa garantir a liber-  alta  cr.weira  técnica.  não  podemos esperar mais  tempo com  a
          dade da  navegação de  e  para  os  territórios  nacionais  perde  a  modernização desta  importante componente da  Armada~
          razão de  ser da  sua  existência.  E serão  os  aliados  a ocupar o  NaCional  (16).  É que os  nossos aliados na  NATO e na  UEO  são ~
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