Page 121 - Revista da Armada
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EQUIPAMENTOS USADOS NA MARINHA DE GUERRA Jizado em instalações fixas, para
protecção de contentores de
Após esta abordagem às fontes de poluição que podem existir máquinas térmicas (Turbinas de
numa Unidade (UN) e ainda à legislação de referência, vejamos Gás, Motores Propulsores,
agora resumidamente quais os equipamentos disponíveis a Ix>tdo de Grupos Electrogeneos. etc),
algumas UNis da nossa Marinha para protecção do meio ambiente. compartimentos de máquinas e
Comecemos então pelas fragatas da classe ~Vasco da Gama", outras zonas sensíveis. O
Estes navios dispõem de Estaçào de T raramento de Águas Residuais primeiro jluído citado é mais
(Seo .... age Plant), do tipo biológica. nocivo em termos ambientais,
Esta instalação íunciona com bactérias aeróbicas que se alimen- em virtude da existência de
tam de Matéria Orgãnica (MOI, consumindo oxigénio e prrouzin- cloro na sua composição molec-
do dióxido de carbono. Funciona sob vácuo, com lavagem dos ular (ODP do haloo 1211 :: 1 &).
sanitários por água doce. Trata as águas negras e as águas cinzen- Em virtude da IibertaçAo para a
tas de bordo. atmosfera destes fluídos ocorrer
O efluente é desinfectado com hipoclorilo de sôdjo - Na CI O - apenas em caso de acidente
(vulgo ~Iixivia"), pronto paTa descarga directa, -sem impacto ambi- (incêndio), a respeçtiva preocu-
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ental-, As "aspas anteriormente colocadas derivam do facto do paçAo ambiental e relativa.
cloro contido na lixívia ser nocivo ao meio ambiente, estando Encontram-se, contudo, em 5epdrador de ágU.lS oleosas das
inclusive em estudo um produto substituto. estudo e testes substitutos fr.lg4tas da c/asse ·Comandante loJo
Belo~.
No que respeita ao tratamento das águas oleosas de porões, cada credíveis para estes produtos.
navio dispõe dum Separador de Águas Oleosas (Deoiler) - ver Passemos agora às fragatas da classe "Cte João Belo". O projecto
fotos. Este equipamento é do tipo estâtico, com elementos coales- de construção destes navios data da dêcada de 60, altura em que
centes no seu interior, os quais promovem a junção/aderência das as preocupações de índole ambiental não tinham, de modo algum,
partículas de ôleo. São depois eiectuadas duas descargas diierenci- o impacto actual. Esta realidade está reflectida na concepção do
navio, como iremos ver.
adas, uma de água filtrada e decantada (para o mar) e outra de resí-
duos oleosos (para tanques de recolha a bordo). Os navios não dispõem de qualquer Estação de Tratamento de
O equipamento dispõe de alarme de excesso de teor de óleo no Águas Residuais (Sewage PianO. Têm um sistema por gravidade,
efluente; acima de 15 ppm de contaminação por óleo o alarme é com lavagem por água salgada (derivação do Colector de
activado e é eíectuado o retomo automático do etluente ao porão. Incêndios) e descarga directa para o mar.
Este valor (15 ppm) e o limite da contaminação visível do óleo na A nível de tratamento de águas oleosas de porões, OS navios não
água, sendo internacionalmente reconhecido pela Marpol. dispunham. na coniiguraçAo original. de qualquer equipamento
adequado ao efeito. Em 1995, englobada na modernização de que
íoram alvo, cada UN desta classe foi dotada com dois separadores,
um na Casa das Máquinas Auxiliares e outro no Túnel do Veio de
SS. De referir a atribuição do prémio "Defesa Nacional e
Ambiente" à Marinha, em virtude da montagem destes equipa-
mentos a bordo.
O equipamento e de fabrico americano, da marca ~World Water
Systems~, modelo ~Helisep 2 5OO~, encontrando-se representado
na fotografia acima.
É um separador dinâmico, aproveitando o efeito centrífugo con-
ferido ao influente por uma escova rotativa existente no seu interior
I e funcionando também por decantação. A capacidade de depu-
ração e de 15 ppm de teor máximo de óleo no efluente.
O débito nominal é de 2.5m3'" e o equipamento tem capaci-
dade de aspirar da maioria dos porões do navio. Não dispõe de
alarme de excesso de contaminação por óleo no efluente, nem
retorno automático ao porão em caso de ser excedido o limite
nominal (15 ppm). Efectua duas descargas diferenciadas, uma de
água tratada (para o mar) e outra de resíduos oleosos (para tanques
de recolha, a bordo).
Após esta breve abordagem ao tema da poluição, no universo
O débito máximo do separador e de Sm3Jh e tem capacidade da de algumas das nossas UN's, finalizaremos com as seguintes
aspirar da maioria dos porões do navio. Quanto a gases, menciona considerações:
- se que o fluído reírigera.nte utilizado no AI Condicionado e nas Melhor que o tratamento do lixo produzido" é a sua "minimiza-
frigoríficas de G€oneros é o R 22, o qual se pode considerar como ção na origem", ou seja, quanto menos lixo produzirmos (ou quan-
moderado do ponto de vista de agressão ambiental. to mais conseguirmos reaproveitar - vulgo "reciclar~), menores
Eiectivamente, comparando os seus eieitos nocivos sobre o meio serão as nossas preocupações nesta área. Assim, é importante exis-
ambiente com os do R 12 (fluído cuja produção se encontra bani- tir uma informaçAo/sensibilização adequada das guarnições dos
dai, verificamos uma clara melhoria. Assim, os valores de Potencial navios, no sentido de minimizar a quantidade de "lixo" produzida
de Destruição do Ozono (CDP) são de 1.00 para o R12, contra e de utilizar devidamente os meios de prevenção disponíveis nas
apenas 0.05 para o R22, enquanto que a nível de Heito de Estufa respectivas Unidades Navais.
IGWP, Global Warming Potencial) temos valores de 7100 e de Para terminar, uma nota para reflexão:
1600, respectivamente. "O PLANETA NÃO É UMA HERANÇA DOS NOSSOS PAIS,
Faremos agora uma breve alusão aos halons ("Halogenated MAS SIM UM EMPRÉSTIMO DOS NOSSOS FILHOS"! 9
Hydrocarbon~), utilizados nestes navios como agentes extintores
de incêndios. sob 2 tipos distintos: o halon 121 I e o halon 1301. Piedade Oliveira
O 1211 é empregue em extintores portáteis, essencialmente para CTE/I. EMQ
protecção de equipamentos eléctricWelectrónicos. O 1301 é uti- IDirecç.Jo de ,\ill"iosJ
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