Page 295 - Revista da Armada
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em Durban, nos dias 2 e 3 de Setembro deste ano de 1998, bido no ãmbito da política de contensão dos Estados Unidos
cX;lclamcnte 37 anos dCl>ois da I ~ Cimeira, e que a presidência contra a expans.:'\o comunista, a chamada Doutrina Truman.
do Movimento, por três anos, foi entregue ao Presidente da O apoio dos EUA ao Paquistão vinha aumentando e a índia
Áfric.l do Sul. Nelson Mandela. Certamente que emoora o nome mudou de atitude, aproximando-se então da União Soviética.
se mantenha, os objectivos da Organização são outros comple- Por seu lado, o Paquistão, sem perder o apoio dos Estados
tamente diferentes. Unidos, arranjou mais um importante aliado, a República
Voltando ao sub-continente indiano, o neutralismo de Neru Popular da China, o que nada agradou aas EUA e muito menos
referia-se à não sul>ordinação 1>oIítica da índia a qualquer das à índia.
grandes potências da época claramente envolvidas no sistema E estas aproximações reforçaram-se até à guerra de secess.io
politico bipolar. do Banglade5h, em fins de 1971. A intervenção militar da fndia
Mas nada l>Oderia impedir a índia de defender os seus inte- a favor do Bangladesh contra o Paquistão foi decisiva. A índia
resses nacionais, mesmo quando eles estivessem em conflito assinou um pacto de amizade por 20 anos com a URSS e os
com os de outros membros dos Não Alinhados. EUA protelaram o reconhecimento do BangJadesh até 1972.
Na I· Parte desta análise, publicada no anterior número da Sem dúvida que as intenções neutralistas e de não alinhamento
Revista da Armada, já se referiram os conflitos em que a índia se não se sobrepuseram às necessidades impostas pelos interesses
envolveu com o Pa<!uistào, quer directamente quer por causa de "ilcionilis e pelas rivalidades regionais.
Caxemira ou do Bangladesh, com a China ou com o Sri lanca, Hoje, o peso da bipolarização desapareceu. Mas desaparece-
para além da ocupaçào de Goa, Damão e Diu, episódio que ram também tanto a possibilidade de atribuir as causas das guer-
quase nllnca é referido na literatura estrangeira sobre este assun- ras ao confronto entre as superpotências, como alguns dos
to. Nerll viveu até 27 de Fevereiro de 1964, e este ambiente de al>oios que graciosamente vinhilm sendo concedidos às partes
conflito foi uma das contradições da sua vida, se atribuirmos em conflito.
algum valor à divisa que escolheu para caracterizar a sua I>oJíti- E como não se modificaram as mentalidades nem desaparece-
ca neutralista e pacifista: ·Vive e Deixa Viver~. ram os antagonismos, índia e Paquistão continuam a cuidar das
Mas também nllo se poderá estabelecer qualquer relação entre suas próprias guerras e a rearmarem-se, sem se esquecerem que
o perfodo do seu governo e a frequência dos connitas em que ii existe uma arma mais poderosa do que as restantes e ainda sem
índia esteve envolvida. defesa, a arma nuclear.
O não alinhamento não impediu que tanto a índia como o Mais uma vez se prova que o pior mal não está nas estruturas,
Paquistão tivessem muito estreitas relações económicas e mili- mas antes no coraç~o e na mente dos homens. O
tares com os EUA.
Na guerra de 1965 que OI>ÔS a índia ao Paquistão, o arma-
mento de ambos, nomeadamente os aviões de um e de outro
lado, era todo fornecido pelos Estados Unidos. Como já foi dito, António Emílio Ferraz Sacchelli
o Paquistào pertencia, desde 1955, ao Pacto de Bagdade, conce- VMM
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Peixes congeIcrdos e I • . __
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