Page 150 - Revista da Armada
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PONTO AO MEIO DIA
O Instituto Hidrográfico
A Investigação no Mar e a Segurança da Navegação
EVOLUÇÃO DO IH universidades estrangeiras, a par de importantes outras integrando um departamento do sector da
Herdeiro de umas das mais relevantes tradi- parcerias internacionais celebradas com organis- defesa, outras, ainda, em estruturas completamen-
ções de investigação do mar, que num passado mos congéneres. ÌiÊVÛðÊ"ʵÕiÊjÊiÃÊÛÕ}>ÀÊjÊÊiViÌÃÊ`Ê
distante permitiram, à escala mundial, o pionei- objecto de actividade como o que se perfila no IH,
rismo do país na cartografia náutica, o Instituto CONTEXTUALIZAÇÃO DA ACTIVIDADE que exige grande esforço de todos, incluindo da
Hidrográfico foi criado em Setembro de 1960. µÕ>ÌÊ" ÊÊ$À}KÊ iÌÀ>Ê`iÊ `Ã- >À
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Hoje tem por objecto a investigação, o estudo e ÌÀ>XKÊiÊ ÀiVXKÊqÊÊÊ Ê>ÃÃÕi]ÊVÊ«ÀiÀ>Ê iviVÌÛÃÊ`>ÊÌ>XKÊVÊ«iÃÃ>ÊÌ>À°Ê Ê>`Ê
a divulgação na área das ciências e técnicas do prioridade, o desempenho das missões da Mari- da componente humana civil, é preocupante a sua
mar, da oceanografia e do estudo das correntes nha, sejam as especificamente atribuídas por direc- progressiva diminuição e envelhecimento. Acres-
e marés, cobrindo um vasto espaço da investiga- ÌÛ>Ê`Ê À>ÌiÊ ]ÊÃi>Ê>ÃʵÕiÊÀiÃÕÌ>Ê`iÊ cem os requisitos de maior qualificação técnica e
ção científica, com aplicações e desenvolvimento solicitações das várias unidades da corporação. científica dos executantes, que não se compaginam
técnicos muito diversos. A década de 80 registou "Êi«i
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Õ>Ã]Ê>ÌiÀ>ÃÊiÊ com o cenário retratado. Quando a Marinha tam-
um processo de profunda reconversão e adapta- financeiros na produção cartográfica náutica, tra- bém enceta o próprio programa de redimensiona-
ção aos desafios que se perfilaram: foi o advento dicional e electrónica, bem como na edificação de mento dos recursos humanos, este é um constran-
da informática em soluções instaladas em PC, de Õ>ÊÀi`iÊ>V>Ê *-]ÊÌÀ>`ÕâiÊÕÊ«À«Ã- gimento e um desafio a solver.
novos sensores e de uma nova filosofia de gestão, to de sempre nas missões do Instituto: a segurança
orientada por objectivos. da navegação. Importa, aliás, sublinhar que foram PARÂMETROS DE GESTÃO
Na viragem do milénio as capacidades instala- precisamente os novos requisitos da navegação "Ê ÃÌÌÕÌÊ«ÀÃÃi}ÕiÊÕÊ`iÊ`iÊ}iÃÌKÊ
das conheceram novo impulso, por via do reape- marítima internacional e as novas tecnologias que orientado por objectivos e assente numa descon-
trechamento com o mais moderno equipamento levaram a reequacionar o conceito de navegação ViÌÀ>XKÊ`iÊV«iÌkV>ðÊ"Ê*À}À>>Ê`iÊ V-
disponível no mercado, num maturado esforço Ãi}ÕÀ>°Ê À>ÊÕÊ`iÃ>wÊVÌÀ?Ûi°Ê Ê >À
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direccionado para áreas criteriosamente seleccio- chamou a si a necessária resposta e mandatou o ciona-se com planos financeiros plurianuais e o
nadas. Resulta, assim, a assunção de uma notável IH para identificar a solução, que foi encontrada LiÊV
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posição de vanguarda em domínios como: e está a ser praticada. último documento, sem dúvida relevante, não
UÊÊ"ÊÃiÀÛXÊ`iÊÌÀâ>XKÊ>LiÌ>]ÊV>`>ÊÛiâÊ ÃÌ?Ê>Ê>}i`>Ê`Ê`>Ê>ʵÕiÃÌKÊ>LiÌ>°Ê Ê tem neste contexto o peso determinante, quase
mais prestigiado e com crescente solicitação por investigação do mar adquire importância crescen- absoluto, que ainda lhe confere o modelo vigen-
agências oficiais e empresas privadas; Ìi]Ê>Êi``>ʵÕiÊ>ÊÃVi`>`iÊÃiÊVÃViV>â>Ê ÌiÊ>Ê `ÃÌÀ>XKÊ >ViÀ>Ê`Ê ÃÌ>`°Ê Ê
UÊÊ Ê`i>XKÊVi>}À?wV>]ÊVÊ>ÃÃ>XKÊ`iÊ da real ameaça da poluição, do fenómeno ainda efeito, os múltiplos programas e projectos, muitas
dados, apoiada numa vasta rede de marégrafos, a estudar das alterações climatéricas e, natural- ÛiâiÃÊÃÕ«ÀÌ>`ÃÊ«ÀÊVÌÀ>ÌÃÊÕÊ«ÀÌVÃÊVi-
bóias-ondógrafo, correntómetros e estações me- iÌi]Ê`>ÊiÃV>ÃÃiâÊ`iÊÀiVÕÀÃÃÊ>À
Ã°Ê iÃÌiÊ lebrados com terceiros, na qualidade de clientes
teorológicas; contexto, sendo o IH uma instituição cuja missão Õ]Ê«ÀÊÛiâiÃ]ÊVÊ«>ÀViÀÃ]ÊÛÃ>ÊÕ>Êw>-
UÊÊ Ê}i}>Ê>À
>]Ê>}À>Ê`Ì>`>Ê`iÊiÃÊ`iÊ é “assegurar actividades relacionadas com as ciências e dade bem definida, quantificada e remunerada,
reflexão sísmica ligeira e sonar lateral; técnicas do mar”, é notória a procura que tem mere- com uma fita de tempo raramente coincidente
UÊÊ ÊÀi`iÊ *-Ê`viÀiV>Ê *-®Ê`iÊVLiÀÌÕÀ>Ê`>Ê V`Ê«>À>Ê«>ÀÌV«>ÀÊiÊ>VÌÛ`>`iÃÊ`iÊ E ]ʵÕiÀÊ com o calendário orçamental. Só por remota coin-
â>Ê>ÀÌ>ÊVÌiÌ>]Ê?ÊiÊ«iÀ>XK]Êi- com organismos nacionais, quer com congéneres cidência uma actividade de média ou grande di-
quanto decorre a aquisição da rede insular, com estrangeiros, universidades e outros pólos de in- mensão começa e acaba no mesmo ano econó-
estações transmissoras a instalar no Faial e em vestigação. A tónica na defesa do meio marinho V°Ê"ʵÕiÊKÊ`ëiÃ>]Ê«iÊVÌÀ?À]ÊÀiµÕiÀ]Ê
Porto Santo, e cuja fase de testes deverá ser ini- é evidente, mas o facto é que a experimentação e rigorosos planos financeiros, todavia distintos do
V>`>Ê>`>ÊÊVÀÀiÌiÊ>°Ê Êâ>ÊiVV>Ê a análise científicas não se confinam em discipli- orçamento anual. Relevante é, também, um fiá-
exclusiva portuguesa deverá ficar coberta pela nas e saberes compartimentados ou estanques. É ÛiÊÀX>iÌÊ`iÊÌiÃÕÀ>À>]Ê>ÌiÌÊDÊ>ÌÕÀiâ>Ê
Ài`iÊ>V>Ê *-ÊÊ«ÀÝÊ>° assim que foi adquirido significativo saber, don- inadiável de algumas despesas, em que sobres-
UÊÊ Ê«À`ÕXKÊ`>Ê "ÊÊ >ÀÌ>Ê iVÌÀV>Ê`iÊ >- de resulta o grande avanço hoje registado na oce- saem toda a remuneração da massa salarial e os
Ûi}>XKÊ"wV>]ÊvÀÕÌÊ`iÊÕ>Ê>VÌÛ`>`iÊV>`>Ê anografia militar, já relativamente divulgada, por encargos gerais de funcionamento.
em 1998, com um alargado período de formação iÝi«]Ê>ÃÊ>VXªiÃÊÀi>â>`>ÃÊÊ, ÊqÊRapid Na avaliação de “outcomes”ÊÃKÊÕÌâ>`ÃÊ`-
e aquisição de meios, devido à complexidade do Environmental Assessment. A oceanografia opera- versos instrumentos, tais como:
produto e da garantia de qualidade. No ano 2000 cional, apenas acessível às Marinhas mais avan- UÊÊ >Ê?Ài>Êw>ViÀ>ÊqÊÊÊ,i>ÌÀÊiÊ Ì>ÃÊiÊ>Ê
vÊ«À`Õâ`>Ê>Ê«ÀiÀ>ÊVjÕ>Ê`ëÛiÊÃÊ çadas, obriga a complexas e exigentes acções no Ì>Ê`iÊ iÀkV>°
circuitos comerciais. Mercê de um trabalho devi- campo, mas o contributo é essencial para o em- UÊÊ >Ê?Ài>ÊÌjVV>ÊqÊÃÊ,i>ÌÀÃÊ-iVÌÀ>ÃÊ
damente planeado e sustentado, culminou num prego da esquadra nos complexos teatros opera- ou de Campanha e os Indicadores de Rea-
sector de excelência que hoje oferece um produto V>ÃÊ`>Ê /"° â>XKÊ ÃV>°Ê
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iV`>ÊÌiÀ>V>iÌi°Ê"Ê ÊV«iÀ>XKÊVÊÃÊ* "*Ê>ÃÃÕiÊÕ>ÊiÃ- UÊÊ >Ê?Ài>Ê`ÃÊÀiVÕÀÃÃÊ
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Ê?Ê«À`ÕâÕÊ{£ÊVjÕ>ÃʵÕiÊVLÀiÊViÀV>ÊÎä¯Ê pecial importância, salientando-se a formação de cial, aplicável ao pessoal civil.
das áreas marítimas nacionais do Continente, ÌjVVÃÊ>Ê "]ÊÊ>«ÊDÊVÃÌÌÕXKÊ`iÊÃiÀÛXÃÊ "Ê«ÀiÃiÌiÊ`iÊ`iÊ}iÃÌKÊ«ÖLV>]ÊL>Ãi>`Ê
Açores e Madeira. hidrográficos e de balisagem e o estabelecimento em sistemas empresariais, permite resposta cé-
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Õ>ÊKÊÌiÊÃ`Ê`iÃVÕÀ>- de protocolos de cooperação com Angola, Cabo lere e responsável, conferindo a necessária com-
do. A sofisticada parafernália de instrumentação Verde e Moçambique. petitividade no mercado. A flexibilidade permite
científica é acompanhada por um grande esforço "ÃÊ`ÛiÀÃÃÊ«>ÃiÃʵÕiÊiViÃÃÌ>À>Ê`iÊÃiÀÛXÃÊ não prejudicar os tradicionais requisitos de con-
`iÊvÀ>XK]ÊÌiÀ>iÌi]Ê>Ê ÃV>Ê`iÊ `À- hidrográficos próprios, encontraram soluções di- ÌÀÊ`ÃÊÃiÀÛXÃÊ`Ê ÃÌ>`]Ê>`>Ê>ÃÊViÌÀ>-
}À>w>ÊiÊ"Vi>}À>w>Ê "®]ÊiÊiÊ«ÀiÃÌ}>`>ÃÊ versas, umas no quadro das respectivas Marinhas, do na forma do que no resultado.
4 MAIO 2004 U REVISTA DA ARMADA