Page 7 - Revista da Armada
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abandonando definitivamente o Curso Com-  de interiorizar nessa etapa de formação a  res, por forma a reassumir na íntegra o seu
          plementar de Estado-Maior (CCEM), neste  “blindagem” dos princípios doutrinários e  formato não-modular em 2004/05. Aprovei-
          caso a caminho de uma versão “conjunta”  pilares estratégicos, marítimos e navais;   ta-se deste modo, o compasso de espera que
          (Curso de Estado-Maior Conjunto) a minis-  c) o CGNG e, muito em especial, o CCNG,  se vive a propósito da reforma do ensino mi-
          trar rotativamente pelos ramos e ainda em  adoptando uma filosofia curricular com mar-  litar, sem descurar a possível trajectória para
          fase de projecto;                 gem de flexibilidade capaz de acomodar a di-  soluções cada vez mais conjuntas (instituto
            b) consagrar a seguinte caracterização, em  ferenciada natureza funcional das classes de  e curso superior).
          termos de natureza e âmbito, do CGNG ( cur-  oficiais, encontrando sucedâneo formativo   Qualquer que seja o sentido dessa evolu-
          so  estatutário de promoção, de nível militar-  mais compatível e eficaz correspondência com  ção, a reformulação do curso complementar
          naval, gestão técnica executiva e liderança de  a vida prática, em relação às futuras responsa-  apresenta-se com suficiente margem de au-
          influência), do CCNG (curso de qualificação,  bilidades e desempenhos dos graduados;   tonomia, na medida em que se alicerça num
          de nível estratégico-militar, gestão intermé-  d) os Cursos repartidos em base semes-  desenvolvimento lectivo  sem interregnos
          dia e relacionamento interpessoal), do CSNG  tral, grossu modu com a seguinte distribui-  (com duração de 12 semanas e meia, e, em
          (curso estatutário de promoção, gestão de  ção - 1º CGNG e CCNG, entre OUT/FEV e  regra, a frequentar pelo universo de capi-
          topo e visão conceptual e doutrinária);   2º CGNG e CSNG, entre FEV/JUL.      tães-de-fragata, em regime de exclusivida-
            c) proceder a ligeiros ajustamentos no                             de na máxima extensão possível). O CSNG,
          CGNG, incluindo especialmente matéria  PAPEL DO NÍVEL                ao transferir para o CCNG algumas discipli-
          habilitante de uma maior destreza na rela-  “INTERMÉDIO” DA FCC      nas de índole específica, assume um carácter
          ção Marinha-Comunicação Social;     O papel importante que se deixou atribuído   praticamente informativo. Garante, também,
            d) valorizar o CCNG, através de uma sen-  ao CCNG no modelo de FCC em via de con-  sem prejuízo da avaliação individual esta-
          sível remodelação, por forma a aproximar o   solidação, merece ainda nota suplementar e   tutariamente exigida, a articulação coerente
          seu formato do figurino dos outros cursos e   que tem a ver com a sua influência na génese   das estruturas curriculares próprias dos dois
          a receber conteúdos disciplinares do CSNG,   do próprio modelo e do lugar que o curso aí   graus de formação e afasta a indesejável du-
          em função da previsível evolução deste para   ocupa, bem como da sua organização e fun-  plicação ou sobreposição de matérias.
          versão cada vez mais “conjunta”;   cionamento. Falemos, então e a terminar, des-  No novo desenho, a distribuição das
            e) redesenhar o CSNG, tornando-o um   tes aspectos com mais algum detalhe.  várias actividades de ensino que poderão
          curso maioritariamente assente em blocos   As primeiras edições do CCNG, em 97/98   compor o plano de estudos modificado
          de actividades comuns com os outros ra-  e 98/99, seguiram idêntico formato, apenas   apresenta o seguinte perfil: 74% - lições,
          mos, acrescidos da tradicional parte comum   em diferente base de realização (respectiva-  conferências, visitas de estudo, painéis, se-
          de dois meses (Junho/Julho);      mente, um e dois por ano e duração de 7 e 5   minários e trabalhos de aplicação; 21% - es-
            f) visar uma solução adequada, compro-  meses). Emergiram então sensíveis dificul-  tudo e trabalhos individuais; 4% - activida-
          metendo, no que respeita à duração global,   dades ao nível da gestão do pessoal para   des de “oportunidade”.
          um período cumulativo mínimo de 18 me-  assegurar a frequência, em quantitativo
          ses de FCC (agregado dos três cursos);   suficiente, de capitães-de-fragata no último   A MARINHA E O ENSINO
            g) garantir a coerência das estruturas cur-  terço do posto, levando o CA, na sua sessão  E FORMAÇÃO, EM ALIANÇA
          riculares dos cursos da EN e ISNG, realçan-  de 9ABR99, a deliberar pela alternativa do   ESTRATÉGICA
          do-se a este propósito a utilidade do men-  curso em formato modular, por áreas de en-
          cionado CCEF, em fase de concretização no   sino e duração substancialmente encurtada,   A tónica que nos mereceu o CCNG deve-
          quadro da Directiva Sectorial de Recursos   para cerca de 8 semanas, implementado des-  se ao facto de se contextualizar a enorme im-
          Humanos do Vice-Almirante Superinten-  de 99/2000 e de novo em base anual.   portância deste nível de formação no qua-
          dente dos Serviços do Pessoal (SSP);   Em 2003/04 ainda se manterá com esse fi-  dro da progressiva consagração da natureza
            h) adoptar uma metodologia sequencial   gurino, o que não impediu a reabertura do   “conjunta” dos cursos superiores, obrigan-
          dos cursos e medidas de organização e fun-  processo por força dos fortes inconvenientes   do a cuidar em fase anterior da necessária
          cionamento interno que permitam contra-  que a modalidade modular, nomeadamente   consolidação de ordem conceptual e dou-
          riar o incremento de necessidades relativa-  a sobrecarga horária, a insuficiência de tem-  trinária, em termos navais.
          mente aos recursos disponíveis.                                       Em suma, na DPN ficou reafirmado o pro-
                                            po para estudo, a ilusória utilização funcio-  jecto de trabalhar para o futuro, com espe-
                                            nal entre módulos, a dificuldade de recruta-
          OPERACIONALIZAÇÃO                 mento docente civil perante a compactação   rança, determinação e confiança, apontando
          DO MODELO                         de disciplinas e horários, a incongruência e   os caminhos estratégicos da modernização
                                                                               da Esquadra e da valorização do Capital
            Neste programa de acção merece nota  notório prejuízo de ordem pedagógica e de   Humano. Nestes desígnios tem lugar a
          adicional a articulação curricular CCNG-  filosofia do próprio ensino, a  impossibili-  qualificação desse recurso vital através da
          -CSNG, por sua vez dependente da anun-  dade de assistência a actividades de ensino   formação de base e complementar de car-
          ciada reforma do ensino superior militar.   indirecto e a rigidez do planeamento e or-  reira que compõem o nosso sistema militar
            Presumindo a confirmação dos contornos  gânica de funcionamento.    de ensino superior.
          conhecidos nas diligências preliminares de   Daí a reapreciação desta problemática em   A actualização e qualidade desse ensino
          configuração da nova arquitectura orgânica  CA que, na sua reunião de 17NOV03, deli-  inspiram  e corporizam-se nas tarefas escalo-
          e funcional daquele ensino, em particular a  berou no sentido da recuperação do formato   nadas naquela Directiva e já em marcha. Nes-
          propalada integração dos três Institutos num  inicial, no reconhecimento da necessidade de   se processo de aperfeiçoamento constante, se
          instituto único, inserido ou não numa univer-  reforço da credibilidade pedagógica do curso,   centrará a aposta e o empenho dos dois pilares
          sidade das Forças Armadas, então é ajustado  ciente, contudo, do desafio e criatividade co-  estruturantes do nosso ensino superior, a EN
          reflectir em alguns dos efeitos expectáveis:   locados nos ombros da gestão do pessoal para   e o ISNG, em triunvirato com os responsáveis
            a) o CSNG a assumir um carácter essencial-  ultrapassar os persistentes constrangimentos,   pela área funcional do Pessoal. Assim se afir-
          mente informativo sobre o “estado da Nação  só passíveis de superar numa perspectiva de   ma, em conjunto, uma vontade de preparar e
          e da Defesa”, em modalidade (quase) exclu-  valorização estratégica do Ensino e Formação,   qualificar melhor para que a Marinha vença e
          sivamente “conjunta” e duração de 6 meses  capacitando a qualificação dos quadros da Ma-  logre, no cumprimento da sua missão, o reco-
          (antecedido de cerca de 2 meses de activida-  rinha, ainda mais indispensável em época agu-  nhecimento público enquanto Armada mili-
          des no âmbito da formação específica);   da de mudança e novas exigências.  tarmente competente e socialmente útil.
            b) o CCNG como receptador das discipli-  Esta iniciativa de redesenho do CCNG                     Z
          nas e matérias perdidas pelo CSNG refor-  conta já no presente ano lectivo com um   António C. Rebelo Duarte
          mulado, com a acrescida responsabilidade  pré-ensaio a nível de conteúdos curricula-             VALM

                                                                                       REVISTA DA ARMADA U JANEIRO 2004  5
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