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A Fragata “Corte-Real” visita Angola
A Fragata “Corte-Real” visita Angola
A alguns alunos. A visita ao Mindelo ficou
fragata “Corte-Real” visitou Angola dão do navio, recentemente sujeito a uma uma aula práctica de arte marinheira para
entre 3 e 12 de Abril numa missão de avaliação pela Flotilha.
diplomacia naval, em apoio à políti-
Na demanda de Angola escalou-se en-
ainda marcada por uma recepção a bordo,
ca externa. Tendo como finalidade reforçar tre 24 e 25 de Março o porto do Mindelo, à qual compareceram diversas entidades
os laços de cooperação entre os dois paí- na ilha de São Vicente, República de Cabo civis e militares, membros da comunidade
ses, a “Corte-Real” participou em exercicios Verde, onde o navio foi recebido com a portuguesa local e militares em serviço no
combinados com a Marinha de Guerra An- genuína e franca amizade sempre dispen- âmbito da Cooperação Técnico-Militar em
golana, com o objectivo de Cabo Verde, pela abertura a
treinar cenários de emprego visitas e por uma visita guia-
multinacional em operações da, seguida de um convívio
de paz, apoiou a visita ofi- e lanche, proporcionada a
cial do Primeiro-Ministro de dois grupos de crianças da
Portugal a Angola, que de- Escola Salesiana. Pela tarde,
correu entre 4 e 7 de Abril com o vento fresco mas tem-
e estabeleceu ligações às perado dos alíseos, largou-
comunidades portuguesas -se para o mar prosseguindo
existentes em Luanda e no a navegação em direcção ao
Lobito. hemisfério Sul.
Durante a viagem visitou, Antes de demandar Luan-
para além de Angola, por- da, a “Corte-Real” fez ain-
tos da República de Cabo da uma escala no Golfo da
Verde e do Gana, nos quais Guiné motivada por razões
se desenvolveram contactos logísticas, tendo para o
protocolares e visitas a ins- efeito sido escolhido o por-
tituições, com a finalidade to de Tema, no Gana. No
de aprofundar os laços de trânsito ao longo da costa
amizade entre as respectivas do Golfo da Guiné prosse-
Marinhas e Estados e refor- guiu-se o treino interno e a
çar a ligação entre a Pátria preparação dos exercícios
e as comunidades portu- combinados com os an-
guesas, que nesses países golanos, realizando-se as
residem e trabalham, e que necessárias operações de
por vezes tão longos anos vôo para manutenção das
permanecem afastadas de qualificações pessoais, das
Portugal. equipas do convés de vôo
A missão iniciou-se com e os exercícios específicos
a largada da Base Naval de de tiro, de limitação de ava-
Lisboa a 20 de Março, após rias, próprios do centro de
cuidados e intensos prepara- operações ou de marinha-
tivos para uma missão com características sada pelas autoridades e população à Ma- ria. A par da actividade de treino interno,
e para uma região bem diferentes daquelas rinha portuguesa. Na companhia do Adido a “Corte-Real” desenvolveu uma activida-
onde nos últimos anos os navios mais têm de Defesa, CMG Pereira Gonçalves e da de permanente de manutenção da imagem
operado. Para responder com a flexibilidade cônsul honorária no Mindelo, D. Rosália de superfície reconhecida, a qual assume
e robustez adequadas à incerteza presente Vasconcelos, cumprimentaram-se as auto- na actualidade uma importância acrescida
à largada quanto aos exercícios combina- ridades civis e militares, como é norma e enquanto contributo para melhorar a segu-
dos a realizar com a Marinha de Guerra tradição, que retribuíram a bordo, e desen- rança marítima (security), especialmente em
Angolana, não só na dimensão como na volveu-se um curto mas intenso programa àreas como a atravessada na qual se verifica
sua especificação operacional e táctica, de eventos, o qual incluiu uma visita às ins- um recrudescimento da pirataria ou de tráfi-
embarcou para a missão um pelotão de fu- talações militares do Morro Branco, uma cos ilegais. Apesar de navegar longe de cos-
zileiros ligeiro, constituído em agrupamen- visita à Escola Salesiana, uma recepção a ta, foi regular o avistamento e cruzamento
to operacional, e uma equipa reforçada de bordo e visitas ao navio. Nas instalações com embarcações de pesca escavadas em
mergulhadores sapadores, assim como um militares do Morro Branco desenvolve-se troncos –pirogas -. Nesta tirada começaram
considerável reforço de material e equipa- uma importante componente da actividade a fazer-se sentir os efeitos do calor e eleva-
mento, adequados ao desembarque e ope- de cooperação técnico-militar portuguesa, da humidade, no navio e na guarnição, re-
ração em terra do pelotão e à realização no âmbito da formação dos fuzileiros, ten- novando-se e reaprendendo -se a ineviável
de um exercício de assistência a sinistro do sido possível observar um dia de intensa adaptação às condições tropicais, designa-
em terra. actividade de instrução militar. Na tarde de damente na implementação das medidas de
A navegação ao longo da costa ociden- 24, uma numerosa delegação do navio vi- minimização na utilização de sistemas para
tal de África foi aproveitada para passar em sitou a Escola Salesiana e participou numa poupar o material.
águas nacionais do Arquipélago da Madei- sessão de debate com os alunos, na qual se A escala em Tema, circunscrita ao rea-
ra, tendo para o efeito bordejado as Ilhas divulgou a actividade do navio e se satisfez bastecimento de combustível, não estava
Selvagens, assim como para realizar exercí- o natural fascínio e curiosidade da juventu- inicialmente planeada, e obrigou a uma
cios internos e operações de vôo, que sem de sobre o mar e a navegação. Aproveitou- aprofundada recolha de informação sobre
causarem demoras no avanço, permitissem -se a ocasião para ofertar material didáctico este país, por forma a potenciar eventuais
conservar e melhorar os padrões de pronti- e de divulgação, culminando a tarde com resultados com a visita. Para além da habi-
8 JUNHO 2006 U REVISTA DA ARMADA