Page 368 - Revista da Armada
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Alocução do Almirante CEMA
Alocução do Almirante CEMA
m primeiro lugar quero dirigir uma palavra de saudação, gicamente mais avançadas, cujo primeiro grupo está em constru-
agradecimento e incentivo aos que se encontram em missão, ção – espera-se que em aprontamento final - em Viana do Castelo.
Eespecialmente aos que estão no mar, ao serviço de Portugal. Há que avançar rapidamente com a construção das restantes uni-
A Marinha será sempre aquilo que for a vossa faina porque é para dades previstas, aproveitando os ensinamentos das duas primei-
ela que todos trabalhamos no dia-a-dia. ras construções, simplificando em tudo o que for possível. Não
Seguidamente, quero agradecer a disponibilidade dos ilustres podemos perder mais tempo nem dinheiro. O mesmo se passa
convidados que se associaram a esta cerimónia de abertura do com os patrulhas, cuja substituição pelas futuras Lanchas de Fis-
ano operacional. O meu muito obrigado pela Vossa presença. Bem calização Costeira ultrapassou há muito o epíteto de urgente. A
vindos à Marinha. realização prática dos programas de construção de novos meios
Esta cerimónia tem um objectivo simples e bem definido. O de que constam da Lei de Programação Militar e de outros planos
fazer o balanço anual da actividade realizada e daí tirar lições, tra- de investimento tem que ser uma prioridade para todos os que
çar metas e perspectivar o têm como responsabilida-
futuro. É também momento de concretizar o desígnio
de reconhecer publicamen- Foto Júlio Tito marítimo de Portugal.
te o trabalho efectuado pe-
los que no mar, a partir do Ilustres convidados
mar, no litoral, e nos servi- Há um ano falei-vos,
ços em terra, dão o melhor nesta mesma cerimónia,
do seu esforço e dedicação da minha convicção nas
ao País e à Marinha. vantagens mútuas da coo-
Se olharmos para o pa- peração institucional para
norama internacional, não a defesa dos interesses do
será difícil perspectivar a Estado no mar.
dificilmente evitável ocor- Neste quadro, a Marinha
rência de acontecimen- pode e deve desempenhar
tos que a diplomacia não um papel central num siste-
poderá resolver de per se. ma que se pretende coeren-
Isto implica reconhecer a te, estruturado e eficiente
inevitabilidade de, urgen- na utilização dos recursos.
temente, adequar o ins- Só assim conseguiremos
trumento militar a outras uma acrescida eficácia na
circunstâncias e a outras vigilância, protecção e se-
lógicas. Sendo certo que gurança dos espaços ma-
mudar é bem mais difícil rítimos sob soberania ou
do que continuar o que já jurisdição nacional, pela
se vinha fazendo, os sinais afirmação do continuum
de que a mudança é impe- da autoridade e da actu-
riosa e urgente estão à vis- ação do Estado naqueles
ta. É que se “mais vale pre- espaços
venir que remediar”, então Neste sentido foram já
temos que apostar numa dados passos significativos,
adequada prevenção, sen- designadamente:
do que é de todos conhe- - a assinatura do Protoco-
cido que uma Marinha não lo-Quadro entre a Marinha,
se pode improvisar. a Força Aérea e a Autorida-
Como referiu o senhor de Nacional de Protecção
almirante Comandante Na- Civil no que respeita à bus-
val, o produto operacional atingiu elevados níveis de desempenho. ca e salvamento no mar;
As horas de navegação efectuadas e os números dos salvamen- - a publicação de um Despacho conjunto (do Secretário de Es-
tos, das vistorias e das acções de combate à poluição não deixam tado da Defesa Nacional e dos Assuntos do Mar e da Secretária de
margem para dúvidas, tal como os resultados práticos obtidos em Estado dos Transportes) para a implementação e acesso aos siste-
outras acções, como sejam, por exemplo, as relacionadas com a mas de monitorização de tráfego marítimo, VTS e AIS e, ainda, de
apreensão de droga. Mas é preciso atentar que estes resultados são um aditamento que permitirá, embora com atraso, a cobertura da
a face visível do grande esforço de todos quantos, no dia-a-dia, costa continental de Portugal pelo sistema global de comunicações
tratam da manutenção e operação de uma Esquadra envelhecida de socorro e de segurança marítima, GMDSS.
e asseguram que ela é guarnecida por pessoal preparado e treina- Muito importante para um país que se quer moderno e com-
do segundo os mais elevados padrões. petitivo é o progresso obtido na cooperação interdepartamental,
De facto, uma parte muito significativa das nossas missões – no perspectivando-se, a curto prazo, a instituição de um Centro Na-
quadro de uma Marinha de Duplo Uso - é efectuada por corvetas cional Coordenador Marítimo para a articulação de um conjunto
e patrulhas, que contam hoje com mais de 30 anos de serviço alargado de entidades e departamentos do Estado, no quadro da
(mais precisamente entre 32 e 38 anos de serviço). Apesar de a segurança e do exercício da autoridade do Estado no mar, desi-
sua operacionalidade e prontidão ainda serem assinaláveis, não gnadamente:
será possível manter por muito mais tempo os actuais níveis de - com a Guarda Nacional Republicana no âmbito de múltiplas
empenhamento sem que sejam substituídos por unidades tecnolo- operações policiais-marítimas;
6 DEZEMBRO 2007 U REVISTA DA ARMADA