Page 115 - Revista da Armada
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dentais entendem que, mesmo num sentido  nas, plantações, docas, armazéns, feitorias,  e os Ingleses, em épocas diferentes, deram
         lato, tais práticas não podem ser considera-  refinarias, caminhos de ferro e navegação  a maior contribuição.
         das normas de direito internacional.  fluvial, contribuindo eficazmente para o   Foi pois, quase exclusivamente na Eu-
           Apesar da forte presença dos Asiáticos e  progresso das regiões e para o desenvolvi-  ropa, até à preparação da Convenção do
         dos Africanos na Organização das Nações  mento e melhoria de vida das populações.  Direito do Mar de 1982 que se desenvol-
         Unidas, continua a verificar-se um Eurocen-  Os militares, os missionários, os abastados e  veram estudos, se fizeram publicações e
         trismo no direito e no pensamento interna-  os pobres negociantes que cruzavam aquelas  se organizaram conferências sobre direito
         cional. As tradições, os costumes, as leis, a  regiões necessitavam de protecção. Muitas  internacional marítimo, nos quais Portugal
         jurisprudência, a história dos outros povos,  das regras do direito internacional eram fei-  não ficou de fora.
         foram até agora ignorados na formação do  tas para proteger os investimentos europeus   Aliás, não foi só neste campo, como todos
         direito internacional em geral e no direito  nas regiões da Ásia, da África e da América  sabem, que o Mundo se tornou “eurocêntri-
         do mar em especial.                Latina, o comércio marítimo que com elas  co” desde os Descobrimentos até à Guerra
           É curioso lembrar que não só a liberda-  se fazia e os nacionais que lá se instalavam.  de 1939-45. E quem sabe se, com o fortale-
         de dos mares e outras normas do direito do  O direito do mar, por sua vez, tinha que as-  cimento progressivo e cuidadoso da União,
         mar, mas também a maior parte das regras  segurar os direitos de pesca e a liberdade de  não estará de novo a Europa a influenciar a
         do moderno direito internacional, tiveram  navegação dos Estados europeus.  vida no Planeta. Seriamos um “Estado”com
         origem na segunda metade do século XIX   Estas razões políticas e económicas, alia-  500 milhões de habitantes com um elevado
         em conformidade com os interesses comer-  das a um mais elevado nível civilizacional  nível médio cultural e com uma forte tradi-
         ciais e políticos dos europeus.    largamente comprovado no inegável avan-  ção artística, científica e diplomática.
           No imperialismo que então se formou, os  ço das artes, da ciência e da tecnologia,                  Z
         europeus não se contentavam em comprar  estão na origem do Eurocentrismo do Di-  Comandante E.H. Serra Brandão
         mercadorias aos asiáticos e aos africanos,  reito Marítimo e do Direito Internacional.   N.A. Baseado na introdução a uma comunicação à
         exploravam, no bom e no mau sentido, mi-  Eurocentrismo para o qual os Portugueses   A.M. sobre o Tribunal Internacional.



                                   Forte do Bom Sucesso
                                   Forte do Bom Sucesso
                Inauguração do Museu do Combatente
                Inauguração do Museu do Combatente


            ntegrado nas Comemorações do 90.º Ani-  Seguiu-se uma visita às exposições que   -Exposição de pintura de João Velhô intitu-
            versário do Armistício e da Batalha de La Lys  estão abertas ao público até ao final do mês  lada “Peregrinação”, uma homenagem à di-
         Irealizou-se no dia 7 de Fevereiro, no Forte  de Maio.                mensão humanista e universalista do seu in-
         do Bom Sucesso, da Liga dos Combatentes, a   As referidas exposições temporárias são:  signe autor, Fernão Mendes Pinto, “ex libri s”
         inauguração do Museu do Combatente, sob a   - Exposição “ Leonardo da Vinci - O Inven-  da literatura portuguesa e universal. As fan-
         Presidência do Chefe de Estado-Maior das For-  tor” Uma parceria entre a empresa Plabana-  tásticas aventuras deste Português que se de-
         ças Armadas, General Valença Pinto.  desgn e a Liga dos Combatentes, que exibe  senrolaram em locais tão exóticos como Diu,
           Presentes diversas entida-                                                     Meca, Etiópia e Goa, Malaca,
         des civis e militares, entre as                                                  Pequim ou Japão.
         quais o Chefe da Casa Militar                                                      Além destas exposições a
         do Presidente da República,                                                      Liga mantém disponíveis no
         bem como o seu Secretário                                                        Forte: Quotidianos de três
         Geral, os representantes dos                                                     épocas, a Primeira Grande
         CEM´s da Marinha, Exército                                                       Guerra, as Campanhas do
         e Força Aérea, Presidente das                                                    Ultramar, as Missões de Paz
         Antigas Ordens Militares, en-                                                    e Humanitárias; - a Exposição
         tre outros Oficiais Generais,                                                     permanente do Combatente
         directores gerais, presidentes                                                   Português a Exposição Con-
         de Associações de Comba-                                                         servação das Memórias, re-
         tentes e membros dos Corpos                                                              velando todo o tra-
         Sociais da Liga.                                                                         balho discreto mas
           A cerimónia iniciou-se com                                                             sistemático de re-
         breves palavras do Presiden-                                                             cuperação e digni-
         te da Direcção Central, Gen.                                                             ficação dos Talhões
         Chito Rodrigues, que agrade-                                                             dos Combatentes
         ceu as presenças e salientou a importância  esta exposição in-                           Portugueses nas
         do momento e os planos futuros, bem como  ternacional base-                              cinco paradas do
         a importância das exposições que iam ser  ada nos desenhos                               mundo; - a expo-
         inauguradas (Leonardo Da Vinci-O Inventor e  das máquinas de                             sição de fotografia
         Peregrinação de Fernão Mendes Pinto).  Leonardo da Vinci,                                das Campanhas do
           Após a intervenção dos promotores, encer-  reconstruídas com                           Ultramar, autoria
         rou a sessão o CEMGFA que num brilhante  fidelidade em madeira por artesãos Italianos  do repórter de guerra Fernando Farinha; - As
         improviso enalteceu a iniciativa e o traba-  e desempenhando demonstrativamente as  três estações ao ar livre exibindo equipamen-
         lho da Liga dos Combatentes, que assim tem  funções para que foram criadas. Em paralelo  to dos ramos das Forças Armadas Portugue-
         obtido e justificado os meios de apoio obti-  decorrerão colóquios científicos, passeios em  sas; uma exposição em regime de rotação em
         dos. Salientou ainda a importância de toda a  balão de ar quente a partir do Forte e ainda  parceria com o Museu do Ar.
         a ctividade da Liga para as Forças Armadas e  refeições reconstruindo pratos criados pelo             Z
         para o País.                       próprio Leonardo.                       (Colaboração da LIGA DOS COMBATENTES)
                                                                                         REVISTA DA ARMADA U ABRIL 2008  5
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