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RELATÓRIOS DA 1ª TRAVESSIA AÉREA DO ATLÂNTICO SUL
REGISTADOS NA
MEMÓRIA DO MUNDO
Em 1992, a United Nations Educational, Scientific and Cultural
Organization (UNESCO) criou o “Registo Internacional da
Memória do Mundo” com a finalidade de preservar e va-
lorizar o património documental da Humanidade, procurando,
simultaneamente, chamar a atenção do grande público e sensibi-
lizá-lo para a importância desta iniciativa.
Em Março de 2010, a Biblioteca Central da Marinha, através do
Arquivo Histórico, no quadro da sua missão e pondo em prática
uma política de divulgação e valorização do seu património, apre-
sentou o processo de candidatura ao Registo da Memória do Mun-
do 2010 – 2011, com o documento - “Relatórios da 1ª Travessia Aé-
rea do Atlântico Sul”, efectuada em 1922 e elaborados em Janeiro
do ano seguinte pelos Comandantes Gago Coutinho e Sacadura
Cabral. Esta proposta teve ainda o apoio da Comissão Nacional da
UNESCO e da Direcção-Geral de Arquivos (Torre do Tombo).
A UNESCO acaba de efectuar o registo dos Relatórios da 1ª Tra-
vessia Aérea do Atlântico Sul na Memória do Mundo, sendo assim
considerados Património da Humanidade. De salientar que os do-
cumentos portugueses inscritos na Memória do Mundo são em nú-
mero muitíssimo restrito já que, até à presente data, apenas existem
quatro outros registos, a saber: a “Carta de Pêro Vaz de Caminha”;
o “Tratado de Tordesilhas”; o “Corpo Cronológico” e, já em 2011, o
“Arquivo dos Dembos”, candidatura conjunta do Arquivo Histórico
Ultramarino e do Arquivo Nacional de Angola.
Neste registo, inclui-se o património documental que, com base
em recomendação do Comité Consultivo Internacional da Memória
do Mundo, é aprovado pelo Director-geral da UNESCO como sa-
tisfazendo os critérios de selecção, no que respeita ao seu interesse
internacional e valor universal excepcional.
De acordo com a Organização, a inclusão do relatório “reflecte o seu
valor excepcional e significa que deve ser protegido em benefício de toda a
humanidade” e “oferece uma excelente oportunidade para chamar a aten-
ção para a importância da memória colectiva e da sua salvaguarda”.
Os Relatórios da Viagem Aérea Lisboa - Rio de Janeiro constituem
um documento único e original, integrando dois testemunhos que
descrevem a primeira travessia aérea do Atlântico Sul, realizada em
1922, a bordo de um hidroavião que partiu de Lisboa rumo ao Bra-
sil, utilizando o sextante de horizonte artificial, adaptado por Gago
Coutinho para a prática da navegação astronómica. Esta proeza é
um marco na História da Aviação, assinalando a estreia do sextan-
te, como instrumento fundamental na navegação aérea. É, pois, uma
prova da coragem e arrojo dos portugueses na conquista do espaço,
mais de 400 anos depois da descoberta do Brasil, proporcionando
uma maior aproximação entre os dois povos.
Colaboração da Biblioteca Central da Marinha
16 NOVEMBRO 2011 • REVISTA DA ARMADA