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REVISTA DA ARMADA | 494
CASA DA BALANÇA
UMA REQUALIFICAÇÃO ESPERADA
Conforme um artigo recentemente divulgado na Revista Foto SCH L Mário Carvalho
da Armada sobre o projeto de requalificação da Ribei-
ra das Naus, a Marinha tem vindo a contribuir, em parce- vação deste espaço monumental, bem como à sua utilização
ria com outras entidades, para a conservação do património em segurança. Neste sentido, tendo como referência a preser-
comum das Instalações Centrais da Marinha (ICM) confinan- vação da traça original que todo este edificado exige, proce-
te com o espaço monumental da Praça do Comércio. Con- deu-se à substituição das portadas existentes por umas novas
cretamente, procurou-se dar continuidade à recuperação do em madeira de câmbala e vidro duplo, efetuou-se a reparação
edificado histórico existente no espaço das ICM sob a sua do pavimento e alterou-se a rede elétrica e de iluminação, ade-
responsabilidade, nomeadamente, a Capela de São Roque e quando-a a novos padrões de eficiência.
a Casa da Balança, locais que, ultimamente, têm assumido
uma acrescida visibilidade. Como propósito desta requalificação existe o interesse que
a Casa da Balança volte a ser um local nobre onde se realizem
Este artigo visa apresentar o trabalho de requalificação realiza- eventos de relevância para a Marinha, ponto de encontro de
do recentemente na Casa da Balança, numa colaboração entre a gerações, contribuindo para a intensificação dos programas de
Direção de Infraestruturas (DI) e a Unidade de Apoio às Instala- visitas guiadas e ajudando a promover a realização de exposi-
ções Centrais da Marinha (UAICM), com o objetivo de reforçar a ções temporárias.
dignidade que este espaço merece. Far-se-á um brevíssimo apon-
tamento histórico, centrando o artigo na recuperação do espaço Com esta requalificação, o espaço reforça as condições
e na sua futura utilização. para continuar a ser um local privilegiado de memória de
momentos marcantes da nossa Instituição para muitas das
A Casa da Balança sofreu, ao longo da sua história de mais gerações vindouras.
de duzentos anos, utilizações várias. Alguns apontamentos
associam o nome deste espaço ao facto de, durante muitos Colaboração das dI e UaICM
anos, aí ter estado instalada uma balança de grandes dimen-
sões destinada a pesar os géneros que seguiam para bordo
dos navios no Quadro dos Navios de Guerra. Contudo, é com
o movimento gerado pelo vaivém para os navios no Quadro
que este espaço adquire um propósito com o qual diversas
gerações de Marinheiros se identificaram. Lugar de espera
para embarque na Caldeirinha, o espaço proporcionava um
ambiente de conversa e debate, antecipando as navegações.
No regresso de bordo, este era o local para mudar de farda
e partir de licença para a Lisboa marinheira. Momentos mar-
cantes da história do país e da Marinha passaram por este
espaço, dos quais se releva o pioneirismo na telegrafia sem
fios (TSF), associado, durante um largo período, ao posto de
TSF instalado no canto sudoeste da Casa da Balança.
A edificação das infraestruturas do Arsenal do Alfeite e da
Base Naval para abrigar a Esquadra, ambas na margem sul do
Tejo, e a execução dos aterros para acolher a nova Avenida da
Ribeira das Naus, durante os anos quarenta do século passado,
trazem a este espaço uma fase de menor relevância, chegando
a ser utilizado como armazém. Neste período, de quase três dé-
cadas, muitas soluções se aventaram para devolver ao espaço a
dignidade merecida.
Com o aumento da concentração dos serviços neste extenso
edificado, onde a Casa da Balança se insere, e o consequente au-
mento do número de militares, militarizados e civis a prestar aqui
serviço, nos anos setenta, são conduzidas obras que possibilita-
ram recuperar o espaço, transformando-o num local de acolhi-
mento, de exposições e, mais tarde, de realização de cerimónias
de posse dos cargos de direção superior da Marinha.
A perenidade da Nau de Pedra não escapa ao efeito do tem-
po. Na Casa da Balança era por todos testemunhado o estado
de avançada degradação das suas emblemáticas portadas, si-
tuação não considerada consentânea com a necessária preser-
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