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REVISTA DA ARMADA | 529

              A DIMENSÃO HUMANA DA MARINHA


              O ENSINO NA ESCOLA NAVAL


              Some important elements of successful naviga-
              Ɵ on cannot be acquired from any book or ins-
              tructor. The science of navigaƟ on can be taught,
              but the art of navigaƟ on must be developed from
              experience.
                              (American PraƟ cal Navigator, 2017)

                m Portugal, o ensino teórico da navegação
              Enasceu com Pedro Nunes. O ơ tulo que deu à
              obra que publicou em 1573, De arte atqve raƟ one
              navigandi (que se pode traduzir como: Sobre a
              arte e ciência da navegação), mostra que o cos-
              mógrafo-mor percebeu bem que exisƟ am  duas
              formas disƟ ntas de abordar as questões náuƟ cas:
              uma teórica e outra práƟ ca. Esta dialéƟ ca entre
              teoria e práƟ ca manteve-se até aos nossos dias,
              como se pode verifi car no texto acima, incluído
              na edição do ano passado da obra mais relevante
              sobre navegação, publicada nos EUA. A questão
              tem estado sempre presente ao longo da nossa
              história. A ơ tulo de exemplo, vale a pena men-
              cionar o caso da fundação da Escola Naval. A
              mesma nasceu em 1845, como consequência de
              uma acesa polémica, em 1842, entre «teóricos»
              e «práƟ cos» do ensino náuƟ co. A discussão man-
              teve-se viva e em 1847 foi aprovado um novo
              plano de estudos, que alterava profundamente o
              modelo de ensino, mas que não chegou a entrar
              em vigor. Diz o povo: «No meio é que está a vir-
              tude», provérbio que se aplica perfeitamente
              aqui.
               A Escola Naval é um estabelecimento de ensino
              superior e os seus alunos têm que aƟ ngir  os
              requisitos obrigatórios para obtenção dos respe-
              Ɵ vos graus académicos. Nem pode ser de outro
              modo, a lei defi ne que para ser ofi cial das Forças
              Armadas tem que se ser detentor de um determi-
              nado grau, dependente da classe que esse ofi cial
              integrar. Além disso, os militares estão sempre na
              vanguarda da tecnologia e operam em ambien-
              tes complexos, em termos políƟ cos e sociais. Por
              este moƟ vo, devem incorporar nas suas fi leiras
              elementos detentores de conhecimentos de nível
              superior em diferentes áreas cienơ fi cas,  sendo
              esse papel assumido pelos ofi ciais.
               Mas um ofi cial da Marinha é muito mais que
              um académico. Fez um juramento de servir a
              Pátria, doando, se necessário, a sua vida. Pauta
              a sua conduta por um Código de Honra, comum
              a todos os militares. Tem como referência um
              conjunto de virtudes: Abnegação, Camarada-
              gem, Coragem, Disciplina, Espírito de Corpo,
              Honra, JusƟ ça, Lealdade ou Tenacidade, entre
              outras. Deve garanƟ r uma total disponibilidade
              para o serviço e tal implica manter uma capacidade İ sica para   projetos de invesƟ gação levados a cabo por docentes e discen-
              desempenhar as suas funções em ambientes inóspitos e situa-  tes da Escola Naval e da vertente da formação militar, naval e de
              ções extremas.                                       caráter, que se materializa em provas desporƟ vas, exercícios de
               Nas imagens que complementam este texto apresentam-se   campo, aƟ vidades náuƟ cas, e tarefas coleƟ vas de índole diversa.
              exemplos da aƟ vidade académica, nomeadamente através de


              10   MAIO 2018




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