Page 24 - Revista da Armada
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notamos  sem  margem  para  dúvida,   o que se deve fazer e o que se não deve,  tem?  Não  serão  um  bom  meio  para
            que  muita  coisa  há  para  fazer,  sem   sem explicar a razão do porquê,  e não  nos  valorizarmos  individualmente  e
            contudo  estar  feita  por  negligência   proporcionar ao educando uma plata-  consequentemente cumprirmos cabal-
            dos responsáveis pelo serviço que lhes   forma  tal  que ele,  por si  só,  descubra  mente com o nosso dever?'
            foi  confiado.  E então não é de espan-  a sua própria razão de fazer as coisas,  O trabalho dignifica.
            tar  que  percamos  longos  minutos   não  teremos  mais  do  que  culpar  os  J amais  existiu  alguém  que  conse-
            esperando que nos atendam, ou longos   pais  dos  que  hoje  não  fazem  nada  guisse  não  fazer  coisa  alguma.  E  o
            dias  esperando  o  deferimento  dum   para  o  engrandecimento  e  desenvol-  pior é nós dizermos  «sim»  a um  con-
            requerimento,  dum  pedido,  ou  a  vimento  do  País  e  da  sua  própria  trato patronal e não o observarmos na
            conclusão  dum  processo.  Tempo  que   pessoa.                       sua sequência.
            se  perde  e  que  podia  reverter  em   Não  há  dúvida,  portanto,  que,  além  Pois,  caros  amigos  que  me  estão
            benefício  se  o  tempo de  trabalho  que   do  mais,  é  uma  falta  de  educação  lendo,  sabem  perfeitamente  que  isto
            cada  responsável  tem  para  si,  fosse   cívica  e  humana,  pois  que,  ser  edu-  se  passa  em  todo  o  mundo  e já  não
            devidamente aproveitado,  não  haven-  cado,  é  possuir  desenvolvimento  de  é  de  agora.  Mas  vamos  tentai  fazer   ,
            do  em  consequência  estes  atrasos.   todas  as  suas  faculdades  físicas,  inte-  os  possíveis  para  que  diminua  este
            Muitos  mais  exemplos  haveria  para  lectuais  e  morais,  e  se  a  pessoa  é  desleixo,  esta  falta  de  vontade  e
            dar,  mas  será  melhor  ficarmos  por  incuriosa  no  trabalho,  carece  destas  assim teremos, com o nosso testemunho
            aqui  e  concluirmos  que  não  nos  de-  particularidades.  Não  será  assim?  exemplar,  um  Portugal mais autêntico
            vemos  espantar  também  que  outros  Porque  se  fazem  palestras?  Porque  e desenvolvido.
            digam que somos lentos em progredir.  se  fazem  colóquios?  Porque  existem              J.  Edl/ardo de  Sá
            Alguns  povos,  são  demasiado  egoís-  livros?  Existem  apenas  porque  exis-             2. grullle/e  L
                                                                                                         0
            tas  e  são  muito  dados  ao  «deixa cor-
            rer».  Mas,  no  entanto,  se  não  somo
            capazes de  modificar o temperamento
            das  pessoas,  não  seremos  capazes  de
            lhes modificar o carácter?                          AGORA
            Vejamos  o  que  nos  diz  a  História!
            Lá encontramos exemplos  de  homens
            que conseguiram modificar a situação                 QUE
            das  pessoas à custa de muito trabalho
            e de muita canseira. Não foi de braços              REGRESSO
            cruzados  que  conseguiram  desenvol-
            ver o progresso do seu país!                        (DUMA VIAÇEM MARÍTIMA, AO SERViÇO DA ARMADA)
            Cada um  de  nós  faz  parte  integrante
            dum  todo.  Na  divisão  hierárquica,
            todos  têm  o  seu  valor distinto  e cada          Já vislumbro a branca Torre de Belém,
            um tem a sua responsabilidade e o seu               Já, de longe, a velha Sé vejo também,
            contrIbuto a dar.                                   Já surgem d'entre o Sol rústicas casas,
            Os  chefes  por  si  só,  não  podem                Já vejo a confusão que a cidade povoa,
            fazer  tudo.  Eles  têm  principalmente             Já oiçó as esbeltas gaivotas de Lisboa,
            as  funções  administrativas.  E  os                Que adejam pelo Céu as brancas asas!
            outros?  Os  que  não  são  chefes?  As
            funções destes  não  serão as  de coope-            Já distingo o Sol ténue que bate em retirada,
            rar com aqueles?                                    Já admiro as cicatrizes da noite calada,
            O  nosso  País  precisa  de  gente  entu-           J li oiço o ardina que apregoa,                        •
            siasta  e  atenta.  Gente  que  não  fique          Já piso' as avenidas largas e versudas,
            aquém das suas possibilidades.  Gente               Já adivinho estas paisagens mudas,
            que  trabalhe  para  o  bem  comum;                 Que embelezam o adormecer de Lisboa!
            que  consiga  render  o  máximo  das
            suas  potencialidades.  Não  é  que  não            Já deleito o olhar nos jardins cobertos de viço,
            tenhamos  direito  a  tempos  livres;               Já escuto as guitarras do fado castiço,
            aliás,  isso  é essencial para a revigora-          Já sou feliz por ver esta terna Lisboa,
            ção  do corpo e do  espírito.  Mas cada             Já respiro o aroma que em vão desejei,
            coisa  a  seu  tempo:  em  horas  de  tra-          Já expando amor porque voltei
            balho, trabalhemos; em horas de lazer               Da ausência, que agora já não magoa!
            e descanso, pois descansemos.
            Se  atendermos  e  nos  situarmos  no                                                   Ar/I/r 41'  Ll/cel/(1
            ambiente  familiar  português,  em  que                                                   2. o grumete  T
            educar é,  duma maneira geral, ensinar

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