Page 245 - Revista da Armada
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                                                                      artes e letras










           A  Propósito  de  uma  Exposição



                                             20 ANOS DE  ARTE  FRANCESA







           Sob  os  auspícios  da  Fundação   A  escultura  beneficia  imenso  de  A  ~ifracção  da  luz  é  outro  dos
           Gulbenkian,  realizou-se  em  Por-  materiais  novos  a  que  a  química  campos  explorados  por  alguns
           tugal,  em  fins  de  Maio  de  1971,   vem . emprestar  valioso  recurso.  artistas  com  efeitos  de  inegável
           uma  exposição  da  arte  francesa   A  era do super-sónico e  da aven-  beleza.
           depois  de  1950.  Foi  organizada  tura  espacial  está  patente,  por  Em  <?posição  a  esta  tendência
           pelo notável crítico de arte Julie!n   exemplo,  na  escultura  de  Van  «pseudocienfífica»  e de cariz tec-
           Alvard, que pretendeu, nesta mos-  Thienen  - ARPEGE  11 - a  que  um  nológico emerge a  «tendência  da
           tra, salientar três das mais impor-  pequeno  motor  eléctrico,  esca-  Natureza»  como  reacção  contra
           tantes  tendências  (em  sua  opi-  moteado na base, confere um mo-   o mundo artificial em que vivemos.
           nião)  da  arte  francesa  actual.  vimento  cheio  de  sugestões.    Poluição,  confinamento,  falta  de
           Como  impressão  geral,  achámos
                                              ARPÉGE  II - de  Van  Th ienen
           esta  exposição  pobre.  Pareceu-
           -nos haver ali «coisas» a mais e de
           certa  forma  repetidas,  em  detri-
           mento de outras pesqu isas e  pro-
           curas  em que  a  arte  de  hoje  tão
           fértil é.  A  sistematização das  ten-
           dências  estéticas,  nos  dias  que
           vão  correndo,  oferece  dificulda-
           des  que, mesmo  um crítico como
           Alvard, não está  seguro de poder
           conseguir de forma  definitiv.a.
           Certamente a arte dos nossos dias
           não se  pode divorciar da Ciência;
           daí  as  «tendências  científicas».
           A  técnica  invade  todos  os  secto-
           res da vida e não surpreende que
           a  linguagem  científica  influencie
           a  imaginação dos artistas.  Foram
           apresentados trabalhos com base
           em  reacções  químicas,  pintando
           com  ácido  chapas  de  metal,  ob-
           tendo  daí configurações de  valor
           estético  duvidoso...  Doutro  tipo,
           e  sem  dúvida  de  in~eresse,  são
           os  trabalhos  com  :recurso  a  cir-
           cuitos eléctricos e re lais e às pro-
           priedades magnéticas dos ímanes.

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