Page 35 - Revista da Armada
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PROBLEMAS mem está mais longe, a extremi- pouco tempo, a água reflue no
PARA dade da sombra desloca-se mais funil, que deita por fora, e não sai
ENTRETER rápidamente, mais lentamente ou água pela extremidade da man-
com a mesma velocidade, do que gueira. Porquê?
Vamos publicar mais uma nova quando ele estava mais perto da
O. Lemos
série de problemas extraídos de luz?
SCIENTIFIC AMERICAN de Agos-
to de 66 cuja solução deixamos 12. 0
à argúcia dos nossos leitores. CORRIDA DE TOUROS
(Serão publicadas no próximo EM
~
número as soluções.) VILA FRANCA
9. 0 Com as minhas desculpas aos
~~ aficionados, ouso declarar que
Um cubo de gelo flutua num copo não sou muito dado a corridas de
de água. O conjunto está a 0° touros, o que não quer dizer que
centígrados. Fornece-se ao sis- não aprecie, uma vez por outra,
tema apenas o calor suficiente assistir a uma dessas festas bra-
para derreter o cubo de gelo sem vas.
alterar a temperatura do conjunto. A verdade é que não é positiva-
O nível da água no copo subirá, mente o espectáculo que mais
descerá ou manter-se-á? procuro.
A última corrida que vi do meu
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bolso, isto é, comprando o meu
Na torre de uma igreja há duas bilhetinho, está relacionada com
cordas de tocar dois sinos que a minha vida de marinha e, por- ·
passam por dois pequenos furos que teve um desfecho que con-
no tecto de uma sala, afastados sidero notável, espero que des-
cerca de 30 centímetros, e que perte boa disposição, embora
pendem até ao chão, donde são pouco tenha de marinheiresca,
puxadas pelo sineiro. A sala comu- tirando haver marinheiros a
niça com o campanário por meio assistir.
de uma escadaria que atravessa Foi o caso que, quando em Vila
o tecto junto à parede lateral. A Franca de Xira, tirei a minha es-
porta de comunicação está fe- pecialização de torpedos, arras-
chada Entra na sala um ladrão tado por um grupo de camaradas,
' acrobata, com uma faca, disposto fui a uma tourada castiça, na
a roubar o maior comprimento praça de touros da vila, num
possível de corda. Vê que não dia festivo, na época da sua fes-
pode passar ao compartimento tejada feira.
superior nem dispõe de escada Creio que todos os leitores desta
para apoiar às paredes. O tecto história sabem que em Vila
é tão alto que qualquer queda de Temos uma mangueira de jardim Franca se vive, realmente, com
uma altura sup~rior a um terço enrolada num tambor como mos- alma e coração, a festa brava
do pé direito será fatal. O ladrão tra a figura. O tambor está em e que um grande número de
só poderá contar com a sua cima de um banco, perto de uma habitantes daquelas regiões an-
agilidade para trepar às cordas tornei"ra. Uma das extremidades seiam por terem oportunidade
e cortá-Ias tão alto quanto pos- da mangueira pende para uma de se medirem com um touro,
sível. De que forma poderá apo- posição inferior onde está um tornando realidade o que . há
derar-se da maior quantidade balde. A outra ergue-se acima muito, desde que se conhecem,
possível de corda? do tambor, sendo-lhe aplicado vive nas suas almas, no seu san-
um funil para permitir recolher gue, nos seus sonhos.
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, água da torneira. A mangueira Daqui resulta que, geralmente,
Um homem vai por um passeio, está desobstruída, não está es- o último touro de uma co-ntcta
na rua, à noite, e passa por baixo ganada· em parte alguma e não de Vila Franca pertence irresis-
de um candeeiro de iluminação. tem água dentro. Abrindo a tor- tivelmente ao público, que, quando
À medida que se afasta, a sombra neira, seria de esperar que a ouve o toque vibrante da sua
vai-se alongando. O homem ca- água fosse enchendo a mangueira recolha, zomba de toda a fisca-
minha com velocidade constante. e saísse pela outra extremidade lização e, saltando para a arena,
Nestas condições, quando o ho- para o balde. Porém, passado dá largas à sua fantasia.
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