Page 357 - Revista da Armada
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muita honestidade e grande mi- Os problemas do pessoal do mar sional muito probo e um homem
núcia. mereceram igualmente a sua aten- de bem .
A «Revista da Armada » regista
Tanto na administracção do Porto ção, acompanhando-os de perto ,
com amargura o seu desapare-
de Lisboa com entre os arma- sempre com o objectivo de con-
cimento e apresenta a sua mulher
dores e agentes de navegação o tribuir para a sua resolução.
e filha as mais sentidas condo-
seu nome era estimado e respei- Contava por amigos todos quantos
lências .
tado como o de um profissional com ele lidavam e há-de ser serr.-
Na foto o jornalista conversando com o
distinto. pre lembrado como um prof is .. contra-Almirante Monteiro de Barros.
va animosamente e, por várias Possuidor de vasta cultura e de
o FALECIMENTO
vezes e em boa hora, consegu iu temperamento afável , usava de
DE que os seus apelos fossem escuta- grande verticalidade na utilização
MAURíCIO DE. OLIVEIRA
dos e tomada a decisão que o dos meios que a profissão punha
bem de todos e o progresso dessa ao seu alcance, sendo incapaz de
Com a morte de Maurício de Oli- mesma marinha exigia. Os temas 'demonstrar ressentimento por uma
veira, ocorrida no passado dia 14 marítimos e as grandes reporta- atitude mais agreste ou ind iferença
de Agosto, pode afirmar-se que gens de acontecimentos l'1avais, por aqueles que o rodar da vida
desaparece uma das figuras mais tratava-os Maurício de Oliveira fazia sair de posições proemi-
destacadas da imprensa portu- com uma elegância e exactidão de nentes.
guesa actual. Profissional distinto , pormenores que bem demonstra- Foi ainda o seu amor ?:is coisas e
«verdadeiro mestre de jornalistas » vam o muito interesse que desde gentes do mar que o fizeram fun-
como o qualificava CJm diário de jovem lhes dispensou, fazendo-o dar a «Revista da Marinha » e o
que foi director, era um grande ser considerado como o mais con- «Jornal da Marinha Mercante»,
amigo da Marinha a quem consa- ceituado jornalista naval portu- que durante tantos anos dirigiu
grou , durante toda a sua vida de guês. Da sua vasta obra sobre a com o objectivo sempre bem mar-
jornalista, um profundo afecto e Marinha, destacam-se entre outras, cado do engrandecimento das ma-
entranhada dedicação; tocavam- asseguintes publ icações: «Armada rinhas de guerra e mercante na-
-no de muito perto e vivia intensa- Gloriosa », «Os Cruzadores da Ma- cionais.
mente .todos os problemas que se rinha Portuguesa », «Os Navios do A sua última entrevista a um ofi-
relacionavam com a marinha na- Ultimatum », «Duas Naus e um ciai da Armada fê-Ia Maurício de
cional , quer se tratasse da mari- Cruzador », «Em Defesa de uma Oliveira, quando chefeda redacção
nha de guerra, de comércio, de PolíÜca Naval » e «Duas páginas do jornal «A Capital», ao actual
pesca ou recreio; por elas pugna- de História Naval Contemporânea». ministro da Marinha , em 4 de Fe-
vereiro de 1969, poucos meses
depois do alm irante Pereira Crespo
ter assumido o seu cargo.
Membro efectivo do Centro de
Estudos de Marinha a cuja secção
de Artes , Letras e Ciências per-
tencia e à qual sempre dispensou
a sua valiosa, colaboração , foi o
primeiro civil , não pertencente à
marinha , a ser condecorado com
a medalha naval de Vasco da
Gama, distinção justamente atri-
buída às pessoas que, como Mau-
rício de Oliveira, «tenham contri-
buídO de maneira saliente, para
a eficiência, desenvolvimento ou
prestíg io das marinhas de Por-
tugal » .
Registando com profunda mágoa
o desaparecimento de tão ilustre
personalidade do nosso jorna-
lismo , aos seus familiares a «Re-
vista da Armada » apresenta as
mais sentidas condolências.
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