Page 151 - Revista da Armada
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MENSAGEM
DO ALMIUNrE CEMA À MARINHA
Ao iniciar o comando da Marinha, afirmo a todos os que a vista a razão de fundo que a justificou - menos forças,
vivem e servem, a minha confiança na vossa vontade e melhores forças.
capacidade colectiva, pan cumprinnos as missões que nos Procuraremos soluções inovadoras e flexíveis, sem incre-
confiarem. mento dos encargos de funcionamento da estrutura, moder-
A Portugolll importa dispor de um poder naval credível, nizando métodos de tomada de deciSÃO intern.J, num
que permita cooperar de forma integrada na defesa J!Lilitar esquema de prioridades bem definidas e por todos interio-
da Naç.io. assegurando a soberania do nosso mar. As mi- riudo.
ssões navais realizadas no espaço marítimo de interesse No entendimento que a prioridade das nossas missões
nacional, algumas enquadradas em alianças, há a acrescen- reside nas que pertencem ao âmbito militar, o sistema de
lar as missões de interesse público, que se ocupam do cum- autoridade marítima, que envolve interesses de diversos
primento das leis maríti- departamentos do Estado,
mas nas águas sob nossa deverá encontrar o mode-
jurisdição, de modo a que lo mais adequado e que
não seja afectada a econo- mais vantagens credite ao
mia nacion al e o bem- país.
-estaI dos Portugueses. Neste enquadramento,
A Marinha, como ins- procuraremos incremen-
trumento da política tar os c.réditos firmados
externa do Estado, terá pelo Instituto Hidrográ-
ainda de se ocupu de fico na investigação das
missões de presença na- ciências do mar e não
val, de assistência às nos- poderemos esquecer o
sas comunidades e cola- nosso excepcional patri-
boração em missões d e mónio cultural, histórico
manutenção ou de estabe- e artístico.
lecimento da paz, integra- Adicionalmente, duei a
da ou não em forças mul- melhor atenção i coope-
tinacionais, com a capaci- ração técnico-militar com
dade decorrente dos recursos financeiros que nos forem os países lusófonos de África, que incrementarei de acordo
at'ribuídos, onde e quando o poder político julgar aconse- com as disponibilidades de pessoal e material.
lhável. Animados pela entrada ao serviço das três novas fragatas
Não pode ser esquecido que a Marinha não se improvisa. da classe "Vasco da Gama" e dos seus helicópteros orgâni-
A evolução das armas e equipamentos não permite soluções cos, asseguraremos no próximo ano, pela primeira vez, o
de fortuna. O seu bom funcionamento estará sempre depen- comando da Força Naval Permanente do Atlântico.
dente da instrução do pessoal nas escolas e do seu treino no O valor de uma Marinha é medido pela capacidade dos
mar. Os navios navegarão o mais possível, condicionados, quadros que a dirigem e pelo espírito que anima o seu pes-
no entanto, pelos recursos financeiros existentes e pelo soal, e não só pelo tamanho e caracteristicas dos seus na-
estado do material das nossas unidades navais. vios. Consciente que a vida no mar tem a sua base na voca-
A formação ocupará lugu de relevo, harmonizando os ção, estimularei a admissão da mulher na Marinha, ainda
requisitos internos com os .Jdopt.Jdos pela sociedade civil. que tal represente um esforço de adaptação da organização
A Muinha não se voltará sobre si mesma. e aumento de enurgos. A prazo, os militares femininos
Adoptarei como método de trab.Jlho um processo de pl.J- concorrerão nos diferentes postos de guarnição a bordo.
ne.Jmento rulista, que nos leve permanentemente a adaptar Na nossa História fizemos grmdes os pequenos navios em
os meios disponíveis aos objectivos a atingir, em consonân- que navegamos e este espírito do botão de âncora é o segre-
cia com a conjuntura e a situação económica. Uma menor do do êxito destes oito séculos de mar.
dimensão não significa, necessariamente, uma menor capa- Como vosso comandante, não permitirei que sejam belis-
cidade e, muito menos, uma menor grandeza. cados os princípios que norteiam o "espírito saudável do
Se a improvisação é hoje, em todos os domínios, inade- mar'" - a ética da profissão de marinheiro - coragem, nobre
quada, é impensável nos submuinos. Não podemos perder C.Jmaradagem, rectidão, frontalidade, abnegação, virtudes
a nossa experiênci.J por interregnos irreparáveis. Assumirei, navais e sacrifício.
como prioritário, o projecto da manutenção da nossa capaci- A Marinha que comandarei a partir de hoje, com o "enge-
dade submarin.J. nho e arte" que a experiência dos anos me deram, navegará
Os fuzileiros serão, igualmente, alvo da minha atenção, no respeito pelas tradições, na modéstia nas atitudes, na
designadamente sobre a sua estrutura, equipamento e pre- honestidade dos processos, na firmeza das intenções e na
paração, com vista ao seu emprego em operações de paz de eficiência, na paz e na guerra. J,
âmbito internacional.
Na gestão da Marinha prosseguirei uma reestruturação
organizacional que tenha em conta o desequilíbrio entre (({"
os recursos financeiros,!: o âmbito de actividades em que
nos temos empenhado. E indispensável que a reorganiza-
ção em que nos encontramos utualmente, não perca de
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