Page 191 - Revista da Armada
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ESCOLA NAVAL
Sessão solene evoca J 50 anos
No âmbito das celebrações dos seus 150 anos Ensino Náutico e a acção de
e na sequência de outras iniciativas já reali- comando nos séculos XV a
zadas, a Escola Naval levou a efeito uma XIX".
Tendo começado por afir-
cerimónia solene de marcado cunho cultural, mar que "os primórdios da
cujo principal evento foi uma conferência marinha portuguesa se con-
sobre o ensino náutico em Portugal, fund em com os da própria
nacionalidade~ e de referir o
até ao século XIX. perfodo henriquino como o
início do Ndesencravamenlo
planetário~ de que fala Pierre
Chaunu, o conferencista assi-
nalou que ao longo dos sécu-
los XV e XVI , ii condição de
comando, sobretudo das naus
da índia, derivava essencial-
mente da condição social e
que o piloto era o número
dois da hierarquia de bordo,
logo abaixo do capitào,
embora fosse o de maior qua- o dr. Conleme Domingues prokf,n(/(}
lificação técnica em assuntos d sua coorert!ncia
de mar. No entanto, essa qua-
lificação, mesmo ao nfvel da variados aspectos, A crescente
navegação astronómica e ape- responsabilização da função de
sar de depender da aprovação comando, a todos os níveis,
do cosmógrafo-mar, assentava impede o capitão de !te alhear
essencialmente na prática, de qualquer um dos aspectos
não requerendo preparação da arte nâutica. E isso só se
teórica. 56 a partir do século pode conseguir com a instru-
XVII , se começa a sen tir a ção",
necessidade de preparar teori- As grandes modificações ini-
camente os pilotos, nomeada- ciam-se com o pombalismo,
mente através da Aula de mas NO processo não !te faz sem
Esfera. hesitações, compassos de espe-
Em meados do século XVIII, ra, avanços e recuos", pelo que
com ii crescente complexidade s6 em meados do século XIX,
da ciência e da tecnologia, em após um longo período de ins-
paralelo com as profundas fis- tabilidade politica, foi criada a
ecorreu nas instalações As cerimónias evocativas suras no tecido social existente, Escola Nava I com os meios
da Escola Naval , no iniciaram-!te no auditório com surge a necessidade de refor- adequados para a formação dos
DAlfeite, no I)assado dia uma alocução do CALM Leiria mular a organização do Estado oficiais da Marinha Portuguesa.
4 de Maio, uma sessão solene Pinto, comandante da Escola e das suas acti vidades, tarefa Finda a apreciada lição do
evocativa dos 150 anos da Naval, que prestou homena- que foi empreendida pelo dr. Contente Domingues fOi ser-
grande reforma de 1845, que gem a "'todos os que por aqui Marquês de Pombal. A Marinha vido um Poria de Honra no
a criou, à qual presidiu o passaram e que, com esforço e a preparação náutica não átrio do auditório, que antece-
Ministro da Defesa Nacional, e abnegação, deram o seu foram ignoradas, embora a deu a inauguração de uma
dr. Figueiredo Lopes, e a que saber, quando não as próprias reforma de Pombal " não pre- exposição de numismática e
assistiram os Almirantes vidas, à nobre causa de defen- tendesse mais que garantir, medalhística sob a temâtica dos
Chefe do Estado-Maior-Ge- der a P,1!ria servindo a Ma- para a nobreza, a capacidade Descobrimentos, para a qual
neral das Forças Armadas e rinha~, de acompanhar os novos tem- contribuíram o Museu Numis-
Chefe do Estado-Maior da Seguiu-se uma lição proferi- pos", mático Português, a Biblioteca
Armada, bem como outras da pelo dr. Francisco Con- O conferencista disse então Central de Marinha e o Mu!teu
entidades militares dos três tente Domingues, professor da que ~o oficial de marinha, tal de Marinha,
ramos das Forças Armadas, Faculdade de l etras da Uni- qual o conhecemos hoje, é, jul- A encerrar as cerimónias evo-
antigos comandantes e pro- versidade de Lisboa e membro gamos poder dizê-lo, uma cria- cativas dos 150 anos da Escola
fessores da Escola Naval, o da Academia de Marinha, em ção eminentemente setecentis- Naval, os convidados tiveram
seu actual Corpo Docente, e que aquele reputado especia- ta, A divisão entre o capitão, o oportunidade de escutar obras
muitos oficiais e cadetes lista da temática náutica por- piloto e o mestre, tem de se de 5arrier, Mozar! e Beethoven,
acompanhados de familiares tuguesa e único docente uni- diluir, para dar lugar ao apare- numa interpretação da presti-
e amigos, que não quiseram versitário que rege um curso cimento ele homens tecnica- giada Orquestra MetrollOlitana
deixar de se associar a estõl de His1ória da Marinha Por- mente apetrechados para a de Lisboa, dirigida pelo
comemoração. tuguesa, abordou o lema NO acção de comando nos seus Maestro Enrique Dlemecke. .t.
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