Page 259 - Revista da Armada
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DIA DA MARINHA
Dai apostarmos tania, tanto esforço e navio polivalente logístico, natural- gos, enquadrando-se nas prioridades
empenho, na formação dos nossos mente utilizâvel de forma conjunta. superiormente estabelecidas.
futuros homens do leme, na Escola
Naval. Tal reequipamento permitirá conferir Ainda no campo das preocupações,
Daí O nosso desapontamento com o valor operacional àquele corpo militar, não quero nem devo silenciar os aci-
adiamento na entrada na vida naval pois o factor humano a ele inerente há dentes marítimos ocorridos nos últi-
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qUE' provoca o 1 ano da Formação muito que já fez jus ao cumprimento de mos cinco anos, que estão sendo objec-
Geral Comum. uma ampla gama de objectivos opera- to de um cuidado diagnóstico das suas
As barbatanas levam-nos anos a cres- cionais. Na próxima década. o recons- causas profundas, tendente a permitir
cer ... no mar. truir da capacidade de guerra de minas serem tomadas para o futuro adequa-
Não desperdicemos o tempo disponí- é algo que merece meditação, pois tal das medidas preventivas.
vel! situação é uma das lacunas da defesa
dos nossos portos e rotas de acesso. por Ciente que os recursos financeiros,
Há 150 anos era também reformada onde realizamos a imensa maioria do para assegurar a prontidão e a susten-
a Real Academia de Guarda-Marinhas. comércio. Nesta capacidade estará tação dos meios a nosso cargo, previsí-
E a Escola Naval. conseguindo sempre incluído, mesmo antes do início do veis para os próximos anos, pouco
adaptar-se à modernidade, foi fre- século. o apetrechamento dos mergu- diferirão dos actuais, estão-se tomando
quentada por grande parte da élite dos lhadores da Armada que, no dia a dia, medidas destinadas a conter e, evenlual-
liceus e das universidades. apesar do seu reduzido material, vão mente, reduzir os encargos com a com-
É que a modernização é exigente na prestando valiosos serviços à comuni- ponente fixa ou territorial, como forma
avaliação. na qualidade. E se precisa- dade. de disponibilizar recursos que possibi-
remos sempre de marujos de rija têm- litem optimizar a componente operacio-
pera, o novo século, para que nos Estando, por outro lado, atribuídas â nal, razão de ser do ramo cujo dia hoje
temos de prevenir agora, exigir-nas-à, Marinha no mar Oceano. missões espe- se comemora.
como sempre o soubemos, uma prepa- cificamente militares, como seja a fisca- Todo este processo é desesperada-
ração académica forte e culturalmente lização das águas territoriais e a ZEE. mente lento por razões de vária
muito aberta. Sem ela não saberemos para prevenção e repressão de infrac- ordem. o que dificulta a gestão.
perceber e operar os novos equipa- ções às leis do Pais nos sectores das
mentos, os novos navios. E sem eles, pescas, sanitário, aduaneiro, imigra- Também o arrastar da clarificação de
sem o seu domínio, nào seremos inter- ção, poluição, exploração dos recursos responsabilidades no ãmbito do siste-
roperáveis com as outras marinhas e do mar, do solo e subsolo submarinos ma de autoridade marítima vem origi-
pouco contribuiremos para a defesa e património cultural subaquático. e nando que este sistema, com profun-
dos interesses da Nação. também a salvaguarda da vida huma- das raízes na história da Marinha,
na no mar, acontece que são tarefas em venha a ser executado, mau grado
Ao rever o período que mediou que os meios navais empregues care- nosso, com inúmeras lacunas que não
desde a celebração desta efeméride no cem igualmente de renovação, pois podem ser imputadas a quem. tão
ano de 1994 saliento, pela sua impor- para além da sua conc;epção ter sido exposto â comunidade, devotadamen-
tância na componente de superfície do baseada nos mares de Africa, que bem te, nele presta serviço.
sistema naval existente, o dispormos diferentes são, em mar e tempo, dos
na sua plenitude das fragatas "Vasco que agora no dia a dia enfrentam, estão Senhor Ministro da Defesa Nacional,
da Gama", que no corrente ano, e a atingir O limite da sua vida. muito lhe agradeço ter querido distin-
parle de 1996, são navios-chefe da guir com a sua presença, e sei que com
pesado sacrifício de ordem pessoal.
STANAVFORLANT. sob o comando São programas que não beneficiam
de um contra-almirante da nossa de financiamento das leis de progra- esta cerimónia do Dia da Marinha.
Acredite que ela é um incentivo para
Marinha. mação militar, que requerem recursos
O desempenho desta tarefa poderá avultados. em que que o Governo já se continuarmos a dar o melhor do nosso
parecer fácil, mas ela requere um empenhou construindo lanchas rápidas esforço para a protecção dos interesses
esforço logístico assinalável no campo de fiscalização com apoio da União nacionais no mar.
da sustentação sem falhas daquelas Europeia, mas que na primeira década
unidades navais e foi o culminar de do próximo século terão de ter execu- Gentes da Marinha
um longo processo de investimento na ção bem mais ambiciosa.
formação do nosso pessoal. Em todo este processo de aquisição Há cinco séculos soubemos, com
de novos meios urge implicar a nossa escassos meios, mas com uma prepara-
Mas o poder naval que venha a tra- indústria de construção naval e indús- ção técnico-científica de grande valia.
realizar feitos que registaram na histó-
duzir. com credibilidade. a nossa trias complementares deste sector, com ria do mundo o nome de Portugal.
determinação no esforço colectivo de apoios pontuais do estrangeiro apenas Nunca O derrotismo encheu as velas
manutenção da paz e segurança. nas onde o avanço tecnológico o exija. e nunca a desmotivação manobrou o
áreas de interesse nacional, não se leme desta nossa nau - corporação tão
esgota nas fragatas MEKO, pelo que No campo da hidrografia e oceano- velha como Portugal, em que U o seu
continuam a ser elementos preocupan- grafia, o processo da cedência de uma lema foi sempre o engrandecimento da
tes. para quem é responsável pela nova unidade, a ser adaptada para per- Pátria, a conservação das nossas tradi-
Marinha, a concretização do programa mitir posteriormente o trabalho no ções de trabalho, de dedicação, de
que permita a continuidade do país âmbito da cooperação técnico-militar cumprimento do dever, de patriotis-
dispôr. em tempo útil, de um real ele- com os países africanos de língua por- mo, de disciplina e de sacrifício". J,
mento dissuasor - o submarino. e de tuguesa, é um dos assuntos em que me
outro que assegure o reequipamento empenho fortemente, pois esta acção
dos fuzilei ros, com a aquisição de um terá real valor para esses países ami-
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