Page 260 - Revista da Armada
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o papel IIominante
lia estratégia IIos meios
planeamento estratégico tem em vista desenvolver os globalidade sem algumas considerações relativas aos condi·
planos de fortalecimento do potencial estratégico e cionantes temporais da obtenção dos meios e às implicações
O os planos de operações. Aos primeiros correspondem das decisões passadas sobre o planeamento e programação
as estratégias estrutural e genética. cujas funções podem ser desses meios, aspectos que embora sendo importantes para
englobadas na estratégia de meios e correspondem a conce- todas as potências, assumem carácter relevante no caso dos
ber, edificar, organizar e sustentar as forças de Ioda ii Estados com menor potencial estratégico.
natureza que integram o potencial estratégica do Estado. Aos
segundos está associada a estratégia operacional, cujas o FACTO NUCLEAR
funções compreendem qualquer acção de exploração da
força. O papel dominante da estratégia dos meios, face à o aparecimento das armas nucleares levou a que a prova
estratégia operacional, no contexto do planeamento da acção das vontades politicas se deslocasse da acção para adis·
estratégica do Estado, assume particular relevância em resul· suação, com recurso a especulações sobre €apacidades e os
tado do facto nuclear. Contudo, não pode ser percebido na previsíveis efeitos do emprego dos meios. Tal facto permitiu o
desenvolvimento de uma dialética em que
uns Estados têm necessidade de manter as
suas capacidades com determinado nível e
qualidade, a fim de assegurarem a dupla
credibilidade, material e psicológica, da
ameaça constante que representam e do
risco que significam para eventuais con·
tendores, enquanto outros Estados procuram
pôr em prática modalidades de acção que,
recorrendo ao emprego de meios com quali·
dades inovadoras, se destinam a ultrapassar
os condicionantes à sua liberdade de acção.
Verifica-se assim que, num e noutro caso, a
dialéctica da dissuasão associada ao facto
nuclear deu origem a uma acesa com·
petição cientffica, e económica por capaci-
dades de acção que, embora sendo
credrveis em caso de con frontação, têm
como principal efeito a paralisia estratégia
associada aos custos intoleráveis do
emprego daqueles meios. Deste modo, a
competição por capacidades de acção no
domínio nuclear distingue-se de anteriores
corridas aos armamentos, que se destinaram
a proporcionar a vitória no campo de bata-
lha. Este aspecto confere à estratégia dos
meios uma importância conjuntural superi-
or ~ da estratégia operacional, e leva a que
a manobra estratégia seja preferencialmente
virtual em de real, e a decisão esteja influ-
enciada sobretudo petas previsíveis efeitos
do emprego dos meios.
Apesar da evidência deste facto, parece
importante reler que a incerteza sobre os
objectivos e a conduta da estratégia opera-
cional de eventuais contendores e, ainda, o
tempo que medeia entre a decisão de desen-
volver os meios e a sua obtenção, e o
espaço onde se desenvolve a acção, foram
factores de aceleração da competição por
capacidades nucleares. Contudo, como tal
competição obrigou a construir um com-
plexo militar-industrial que gerou infinitas
tensões no sistema político internacional e
teve consequências gravosas nas áreas do
-e: - - progresso e bem-estar social, verificou-se
que as potências nucleares procuraram, em
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