Page 44 - Revista da Armada
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ESCOLA  NAVAL


                     o AlI. cI.


                                 e.,.Ic ••••






             stâ a decorrer presentemente o quarto ano de funciona-  - Por um  lado,  pelo  acréscimo de recursos  humanos
             mento do Ano de Formação Geral Comum (AFGC)  no  necessários quer ao enquadramento  "fora de casa"  dos
        E Destacamento da  Amadora  da  Academia  Militar, cujo  respectivos cadetes, quer ao preenchimento da devida quota-
        regulamento  foi  aprovado a  título experimental  para o  COf-  parte de cargos dirigentes do AFGC, criados por  força  da
        rente ano lectivo pelo  despacho  nO  235/MDN/95 de 24  de  autonomia do seu regime de funcionamento;
        Outubro do Ministro da  Defesa Nacional.              - Por outro lado, devido às quotas-parte dos custos de fun-
          Não se  pretendendo pôr em causa as razões que estiveram  cionamento que lhes são imputados  proporcionalmente às
        na  origem  da  dedsào política  que há  cerca  de quatro anos  respectivas  populações escolares.  Nestes  últimos se  incluem,
        instituiu esta  nova  experiência,  já  é talvez tempo de ques-  por exemplo. renumerações ii pessoal docente especialmente
        tioná-Ia  quanto à sua efectiva  utilidade, tanto mais que se  contratado para o  AFGC  e  que, pelo menos no que à  Escola
        sabe não ter sido uma decisão tomada  com base em  posição  Naval  respeita,  prejudica  a  plena  rentabilização do seu
        consensual  no meio castrense.  Há  por conseguinte que anali-  próprio corpo docente.
        sar a questão com objectividade e  realismo e  ponderar   Em resumo pode afirmar-se que o AFGC tem trazido custos
        desapaixonadamente as                                                            acrescidos para a  Mari-
        vantagens e  inconvenien-                                                         nha que rondam actual-
        tes que de  tal  análise se                                                       mente os  50.000  con tos
        venham a extrair. É o que                                                        anuais.
        se vai  tentar fazer  o mais                                                       No que concerne ao 2 11
        sucintamente possível.                                                           objectivo, é evidente que
                                                                                         a  coordenação e  harmo-
          Assim,  como ponto de                                                           nização das polfticas de
        partida. reportam-se os                                                          ensino. instrução e  treino
        objectivos definidos no                                                           no seio das Forças Arma-
        artigo 'JV do Regulamento                                                        das são aspectos  perti-
        doAFGC                                                                            nentes a  considerar  na
          1 11   - Racionalizar  os                                                      sua  organização e  fun-
        meios   atribuídos   fi                                                          cionamento, por  visarem
        Defesa  Nacional.                                                                 uma  uniformidade  de
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          2 - Contribuir para  a                                                          doutrina  e  procedimen-
        obtenção da  coordenação                                                          tos,  onde ela  efect iva-
        e  harmonização  das                                                              mente se justificar, para
        políticas  de  ensino,                                                           se atingirem  melhores
        intrução e  treino  no seio                                                       níveis de desempenho e
        das Forças Armadas.                                                              operacionalidade  em
          3 11   - Propiciar. na  for-                                                   acções conjuntas.
        mação dos quadros, con·                                                            Ora não parece é que o
        diçães de conhecimento                                                            AFGC,  cujos  planos de
        mútuo  e  de  estabele-                                                          estudos são de conteúdo
        cimento de laços  de ca-                                                          muito mais académico-
        maradagem entre os  mil-                                                         científico do que técnico-
        itares dos diferentes ramos das Forças Armadas e da GNR.   militar, e sendo este último naturalmente de nível  básico,
                                                            possa contribuir de algum modo para  a  un.iformidade de
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          Para se concluir que o 1 objectivo nunca  pode ser atingido  doutrina e procedimentos das Forças Armadas.
        através do actual sistema, basta referir que ele veio na prática   Tais contributos podem de facto surgir durante a realização
        criar mais um estabelecimento militar de ensino superior  de  periodos de formação e  reflexão comuns em estádios
        (EMES).  Em  vez dos tradicionais três  EMES,  passámos agora  avançados das respectivas carreiras, obviamente mais ricos e
        a ter quatro, em que o único factor racionalizante é o facto do  proveitosos na medida em que proporcionam um intercâmbio
        Comandante do quarto EMES - o AFGC - desempenhar O seu  de experiências e  conhedmentos próprios de cada ramo,  o
        cargo  em  acumulação  de  funções  com  o  cargo  de  que não acontece entre iniciados na  carreira  militar.  Em  con-
        Comandante da Academia Militar.                     clusão,  julga-se não haver qualquer viabilidade na  conse-
         Se  para o Exército esta situação não representa aumento de  cução deste objectivo através do actual sistema de formação
        encargos financeiros  porque as  instalações do Destacamento  inicial comum.
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        da  Amadora  lhe  pertencem  e o seu  1 ano já  lá  funciona  há   Aliás, interessa desde já referir que a Escola  Naval tem sen-
        largos anos,  para  a  Marinha  e  Força  Aérea  ela  traduz-se em   tido assinaláveis prejuízos didácticos com este ano de ensino
        efectivos aumentos de encargos adicionais, que decorrem dos   uniformizado. A  total  abolição das disciplinas de natureza
        seguintes factos:                                   técnico-naval do curriculum do  l' ano, designadamente a

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