Page 142 - Revista da Armada
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BIBLIOGRAFIA



                              “A Corveta Portuguesa dos anos70”

            função de soberania a par da obrigação                             dos sobre o que foram estes navios, de como
         Ade manter uma efectiva acção de vigilân-                             nasceram, (cá em Portugal, pois lá fora já
         cia e salvamento na área atlântica, o serviço                         evoluíam por aí), e escrito nem mais nem
         SAR, para o qual não dispunha a Marinha                               menos por quem sabe, isto é, pelo autor do
         Portuguesa senão de pequenos patrulhas que                            livro e das corvetas.
         só a extrema boa vontade e sacrifício das tri-                          O autor não vem explanar neste livro natu-
         pulações conseguia aguentar neste por vezes                           rais encómios em relação à sua obra. Nem
         muito difícil Atlântico Norte, neste quadro                           era natural que o fizesse, isento de vaidades
         assim resumido, impunha-se a construção de                            como é. A outros caberia naturalmente tão
         navios de dimensão menor que as fragatas                              orgulhosa tarefa. Dizer-se pura e simples-
         mas de porte maior que os tais patrulhas.                             mente que para a construção naval portugue-
           Foi por alturas dos anos sessenta e poucos                          sa, habituada a algumas sapatas (ou
         que se começou a pensar nos gabinetes do                              sandálias?) que por aí se deslocavam sobre as
         nosso Estado-Maior em construir um tipo de                            águas com naturais dificuldades, até para
         navio que satisfizesse a tais compromissos,                           manterem a estabilidade, foi uma revolução
         deixando também salvaguardada a função de                             de gosto de estética e de eficácia, é o que fica
         enfrentar deveres ultramarinos para os quais                          ao alcance de quem tem olhos; acrescentar
         não nos era permitido utilizar navios ditos                           que era navio onde dava gosto habitar, já era
         “Nato”.                                                               opinião mais própria dos felizardos utentes;
           O tipo de navios capazes de satisfazer a                            acrescentar que foi merecedora de elogios e
         tais requisitos não era incógnita difícil de                          de encomendas por países estrangeiros, mili-
         encontrar em tal sistema de equações. Esse                            ta ainda mais em seu favor; enfim, as corve-
         navio já existia: era a corveta. “Só” precisava de ser desenhado, cons-  tas, quer da classe “João Coutinho”, quer da “Baptista de Andrade”,
         truído, posto a navegar. Foi assim que apareceram, primeiro na ideia,  foram – e são – navios que, mau grado razões que excedem o desejo
         depois no papel, depois no estaleiro e na água, as corvetas que se  do engenheiro seu construtor, o almirante Rogério d’Oliveira, prejudi-
         designam de corvetas dos anos setenta.               cadas por algumas deficiências de equipamento, navios que marcam
           Como em todos os actos de criação, no fundo e ao cabo, em jeito  uma época, uma geração, e honram a Marinha portuguesa e, pessoal-
         da criação dum livro, dum poema, duma obra de arte, a criação dum  mente, o seu autor.
         navio é congeminação que se desenvolve sobretudo na mente de  Quanto ao livro, é uma obrigação, quase, lê-lo com o devido
         quem a concebe, e acompanha, depois, com equipa de maior ou  cuidado. Quer o prefácio, da autoria do Almirante Joel Pascoal, onde
         menor complexidade, o que a torna singular em relação a obras de  se explanam de forma elegante, rigorosa e extensa a historiografia e
         arte mais individualizadas. O que ela não deixa de ser, sempre, é  circunstâncias que envolveram o projecto das corvetas, até ao texto,
         uma obra de arte.                                    que anda afinal por uma conferência quase histórica do Eng.º
           As corvetas dos anos setenta fora a “obra de arte” do engenheiro  Construtor Naval Rogério d’Oliveira na Ordem dos Engenheiros,
         construtor naval Rogério d’Oliveira, que em boa hora a nossa  então também sua casa, conferência agora mais completa, e, por últi-
         Marinha teve como pessoa disponível para o efeito. De uma confe-  mo, mas não com menor valor, pelas ilustrações, é um livro que, em
         rência sua proferida na Ordem dos Engenheiros, saiu agora a lume - e  síntese, vale a pena ter. A Comissão Cultural da Marinha só fez bem
         ainda bem – um livro que dá maior divulgação ao acto e fica como  em tê-lo editado. Era uma pena não ter vindo à luz do dia. Mesmo
         texto histórico para exemplo de vindouros. Chama-se esse livro “A  (ou sobretudo) para os verdinhos na profissão, ler este livro é ficar his-
         Corveta Portuguesa dos anos 70”, e é por ele que ficamos esclareci-  toricamente com maior bagagem.

                              “A Corveta Portuguesa dos anos 70”

                                            (Exposição de fotografia)

             propósito do lançamento do livro “A CORVETA PORTUGUESA
          ADOS ANOS 70”, da autoria do Almirante Rogério d’Oliveira,
          surgiu a ideia de promover uma exposição de fotografias daqueles
          navios, da colecção do Comandante José Ferreira dos Santos, Capitão
          da Marinha Mercante e Membro da Academia de Marinha.
            Obtida a concordância do Presidente da Comissão Cultural da
          Marinha e a autorização do Presidente da Academia de Marinha, o
                                                              A primeira das quatro corvetas da classe “Baptista de Andrade” atracada
                                                              na Base Naval de Lisboa, no dia 4 de Maio de 1998. Em segundo plano vê-se
                                                              uma unidade da classe “João Coutinho”.


                                                              promotor da exposição concluiu no passado dia 30 de Novembro, a
                                                              montagem na Academia, de uma exposição constituída por quarenta
                                                              fotos, formato 15X22, aproximadamente, quatro de cada uma das seis
                                                              corvetas da classe “JOÃO COUTINHO” e também quatro fotos de
          A primeira das seis corvetas da classe “João Coutinho” fotografada ao largo   cada uma das quatro unidades da classe “BAPTISTA DE ANDRADE”,
          da Ilha de Moçambique em Maio de 1973.              que esteve patente ao público até ao final de Janeiro.

         32 ABRIL 2000 • REVISTA DA ARMADA
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