Page 187 - Revista da Armada
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UIniciar a modernização de meia vida das fragatas classe Vasco da nha pelo seu empenhamento pessoal, bem como do Governo em geral,
Gama, a partir de 2005, de modo a manter actualizada a capacidade anti- expressos nos sinais concretos já dados relativamente à importância que
submarina, anti-superfície e de protecção a forças expedicionárias; é atribuída à Marinha na construção do Portugal do futuro.
UProlongar a vida do actual reabastecedor de esquadra até 2010 e, Senhor Presidente da Câmara Municipal de Ílhavo.
nesta mesma data, fazer entrar ao serviço um novo reabastecedor, como Acredite que é com enorme alegria que a Marinha aceitou este desafio
forma de permitir a operação de forças navais em zonas longínquas; partilhado de festejar o seu dia nesta cidade, tão ligada ao mar, que até
UCompletar, até 2010, o número inicialmente previsto de helicópte- elegeu para Presidente da Câmara um ex-aluno da Escola Naval.
ros orgânicos, de forma a optimizar o uso de todo o potencial militar
dos navios de superfície; A história da Marinha faz-se todos os dias, com bom ou mau tempo,
UAumentar, até 2010, as capacidades e sofisticação de material dos no mar, em terra ou no ar, com maiores ou menores riscos, com meios
Fuzileiros, de modo a estes constituírem um batalhão de desembarque modernos ou antigos, mas sempre com o enorme orgulho e a devoção
flexível em estreita ligação com o navio polivalente logístico. Fica, assim, de todos os que, servindo-a, servem o País e lutam de maneira discreta
criada uma real capacidade de intervenção, do mar para terra, expan- mas firme, pela sua afirmação.
dindo o nosso potencial de intervenção e participação num leque muito A Marinha são os homens e as mulheres, militares, militarizados e civis
mais alargado de missões que cobrem o espectro das crises e dos con- que, na frente ou na retaguarda, vivem a sua missão com empenho e soli-
flitos de baixa intensidade. Nesta perspectiva, continuar-se-á também dariedade. Hoje mesmo a Marinha está presente em Timor, no Mediterrâ-
a investir no Destacamento de Acções Especiais, face ao seu enorme neo e no Mar Vermelho em missões da ONU ou em forças internacionais
potencial de emprego, enquanto força altamente especializada; com os nossos aliados. Está na Guiné, em Cabo Verde, em São Tomé e
UConcluir, até 2005, a modernização e a automatização das estações Príncipe, Angola e Moçambique em missões de cooperação técnico-mi-
rádio-navais, no âmbito da necessária melhoria e flexibilização dos meios litar. Está ainda em missões de interesse público nas águas do Continen-
de comando e controlo; te, Açores e Madeira. A Marinha
UConcluir, até 2006, a adapta- cumpre-se também todos os dias
ção e apetrechamento dos dois na- nos estabelecimentos de instrução
vios hidro-oceanográficos, meios e formação, aprendendo ou en-
fundamentais para a hidrografia sinando, e em todos os departa-
e oceanografia militar, mas tam- mentos e serviços de planeamento
bém excelentes plataformas de ou execução, em terra.
apoio para a comunidade cien- E sempre de forma discreta, que
tífica nacional, designadamente é a nossa forma de estar. Satisfaz-
aptas a desenvolver os trabalhos -nos a consciência do dever cum-
ligados ao eventual alargamento prido e não o poder ou as luzes da
da plataforma continental. ribalta. A Marinha só aparece no
Mas há ainda que manter pre- palco quando os meios de comu-
sença e vigilância permanentes, nicação social decidem dar realce
protegendo e salvaguardando os a um facto ou a uma acção sua. Foi
nossos vastos recursos marítimos, assim durante a operação “Pres-
exercendo a autoridade do Estado, o que será conseguido através do tige”, foi assim no caso “NESTOR-C”, ou quando são criados incidentes
programa dos Navios de Patrulha Oceânica, do qual os dois primeiros fronteiriços de fiscalização da pesca. Mas, normalmente, apenas por ra-
sairão dos estaleiros de Viana de Castelo em 2005/2006. zões de Estado. No entanto, no dia-a-dia, largas dezenas de homens cum-
Estes os elementos concretos. Que retenho e leio, em paralelo, com os prem, continuamente e sem alarde, a sua missão, seja na salvaguarda da
sinais claros da vontade política em fazer renascer a importância da Ma- vida humana no mar, seja na fiscalização das áreas marítimas de interesse
rinha de Portugal e também em voltar a dar a devida atenção à condição nacional, seja ainda na garantia da segurança da navegação.
marítima e arquipelágica que o País tem há quase sete séculos. Digo-o com o orgulho de quem está na Marinha há 42 anos. Digo-o
O primeiro sinal emerge do próprio Conceito Estratégico de Defesa com o orgulho de quem se revê na sua faceta mais operativa – navios,
Nacional, revisto em função da nova realidade político-estratégica e fuzileiros e mergulhadores, órgãos da Autoridade Marítima e do Ins-
aprovado recentemente, que veio, de forma inequívoca, reforçar e sus- tituto Hidrográfico. Afirmo-o com total identificação com todas as es-
tentar a componente naval do Sistema de Forças Nacional dando, as- truturas de apoio que tornam tal obra possível. Obra nem sempre ex-
sim, novo incentivo à prossecução da linha de acção em tempo apon- posta mas consolidada em actividades de grande intensidade, que no
tada. O CEDN e a linha traçada pela Marinha há mais de cinco anos, ano operacional passado se traduziram nos seguintes números:
não poderiam estar mais em consonância. 4.600 dias de missão, o que corresponde a 12 navios por dia com
Outro sinal é a forma e o empenho como estão a ser conduzidas as missão atribuída; 32.000 horas de navegação, isto é uma média de 4
negociações para a manutenção da capacidade submarina, bem como navios a navegar em permanência 24 horas sobre 24 horas; 300.000
a certeza de que o programa dos Patrulhas Oceânicos não vai falhar, milhas percorridas; 2.600 vistorias de embarcações de pesca no mar,
permitindo que até 2010 entrem ao serviço as primeiras 7 das 12 uni- 4.700 em terra e, ainda, 675 missões no âmbito do salvamento da vida
dades previstas, já incluindo duas unidades adaptadas ao combate à humana no mar.
poluição e ao apoio à balizagem, encontrando-se em preparação o res- Mas a Marinha, vivendo o presente, com os olhos no futuro, não des-
pectivo contrato-programa. cura a componente cultural.
Retenho ainda outro sinal claro da compreensão da importância Assim, a fragata “D. Fernando II e Glória” reabre hoje ao público, es-
estratégica do mar e da necessidade de sensibilizar os portugueses, tando em curso a criação de condições que permitam recuperar e pro-
designadamente os mais jovens. Estou a referir-me ao facto de terem mover este símbolo nacional, expondo-o, em permanência, em local
sido disponibilizadas as necessárias verbas para a recuperação do com a dignidade adequada.
“Creoula”, que fizemos questão de trazer a Ílhavo neste dia da Marinha. A Academia de Marinha, que este ano comemora os seus 25 anos, a
Fazêmo-lo para assinalar esta nova atitude perante o mar, e também par da sua programação habitual decidiu dedicar três painéis extraor-
como sinal de respeito pelas gentes desta terra de marinheiros, onde dinários e um simpósio ao mar, nas suas dimensões geográfica e estra-
de há muito se conhece o valor e a importância do mar, se aprendeu tégica, económica e científica e ambiental.
a respeitá-lo e a amá-lo, sempre com a coragem e a determinação de A Escola Naval irá dedicar as Jornadas do Mar do próximo ano ao
nunca lhe virar as costas. tema: “ O Mar. Um oceano de oportunidades”, permitindo aos jovens
Senhor Ministro de Estado e da Defesa Nacional. em formação universitária, e que serão o garante do futuro, a discus-
Permita-me que, publicamente, manifeste o reconhecimento da Mari- são do próprio futuro do Mar.
REVISTA DA ARMADA U JUNHO 2003 5