Page 105 - Revista da Armada
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ço, senão pela proficiência ou capacidade  quando os tribunais funcionarem de forma  que cada cidadão deveria ter em relação ao
         científica, pela capacidade de assumirem  célere, outros modos – criminais – de re-  médico que quer para si. São os pacientes
         todos os riscos das suas acções junto dos  solver estas questões. Processos a médicos  definem o capital profissional e moral des-
         pacientes. Acredito que a simples capacida-  acontecem já pela outra Europa (mesmo na-  te ou daquele médico. Depois destes anos
         de de um qualquer médico dizer “pois não  quela em que as pessoas são educadas e ain-  todos – aqui ouso dizer – que é este o valor
         estamos bem, mas vamos ver o que se pode  da sabem pedir desculpa) e, principalmente,  que, na carreira médico-naval, mais me es-
         ainda fazer…” é, considero eu, de extrema  nos Estados Unidos da América.   forço para preservar.
         importância para quem confiou sem reservas   Conheci muitos outros casos em que um   Andei enredado neste escrito muitos
         a sua saúde nas mãos de alguém…    simples pedido de desculpas teria feito ma-  dias. Admito que serei mal compreendido
           Na agitação da vida, penso, muitas vezes,  ravilhas, para aliviar o sofrimento de alguém.  por muitos, mas sei que outros perceberão
         nas coisas más que acontecem a pessoas  A minha própria experiência me ensinou a  exactamente o que quero dizer. Perceberão,
         boas. Não deveria ser assim, parece-nos da  ser cuidadoso, a explicar o melhor possível  em especial, todos os que aceitarem que o
         mais elementar injustiça que alguém morra  todas as atitudes médicas em que participei e  tema não é erro e castigo, mas erro e satis-
         atropelado na força da vida, que doenças  a tentar ser o mais próximo possível de quem  fação subjectiva de justiça – a que todos têm
         graves como o cancro, e muitas outras, alta-  me procura. Nem sempre consegui, mas vou  devido direito.
         mente destrutivas, atinjam pessoas que todos  continuar a tentar…A Marinha constitui nes-  Voltei, é claro, a ver a senhora desta his-
         conhecemos como exemplos de bondade,  te particular, a proximidade dos pacientes,  tória. Faço o possível para lhe ajustar devi-
         trabalho e honestidade. Os médicos são, por  um caso especial. Os doentes, desde o ma-  damente a medicação anticoagulante, o que
         obrigação, envolvidos nesse turbilhão emo-  rinheiro mais humilde até ao oficial mais  no caso dela se tem revelado um desafio.
         cional. Devem ser a quem se recorre, quan-  responsável conhecem pessoalmente, ou  Continuo a tentar. É só isso que – sinto na
         do se sentem as necessidades mais agudas  recolhem informações junto dos camaradas,  alma – deve ser a obrigação de um médico:
         da vida. Não são perfeitos, mas devem es-  deste ou daquele médico-naval. Procuram-  continuar a tentar e ser humilde…
         tar atentos à força do perdão – uma atitude  -no depois activamente. Neste sentido, exer-             Z
         ainda rara no nosso país. Vislumbram-se já,  cem à sua maneira a liberdade de escolha               Doc



                                               BIBLIOGRAFIA


            Das Terras do Outeiro Santo a Vila de Aguieira
            Das Terras do Outeiro Santo a Vila de Aguieira

              pós a publicação do seu livro “Canções                           Faz também uma descrição física da região
              Soltas das Beiras” (RA 371 JAN04) vem                          enquadrando-a com os seus rios montes e va-
         Ade novo o Sr. José Marques Guedes –                                les, a própria natureza e em consequência a sua
         Zecaguedes, nosso camarada SCH H na situ-                           agricultura e produções mais importantes.
         ação de RES publicar mais um pequeno livro                            Na sua parte final descreve o Pelourinho e
         sobre as terras de origem da sua família. Esta                      a sua história e ainda os fontanários do con-
         monografia das terras do autor no nosso Con-                         celho, as igrejas e capelas, as festas, feiras e
         tinente (Beira-Alta a sul de Viseu) no concelho                     romarias, os usos e costumes das suas gentes
         de Nelas, vem descrever a história da sua co-                       e os seus cantares. Por fim apresenta uma re-
         lonização desde a pré-história até aos dias de                      lação de algumas pessoas/famílias, os factos
         hoje com referências aos diversos povos que                         mais importantes da região e o brasão de ar-
         a contactaram/ou colonizaram passando pelos                         mas reais da Vila de Aguieira.
         forais concedidos pelos nossos monarcas.                              A Revista da Armada agradece ao autor a
           Apresenta com algum pormenor o concelho                           oferta da sua obra que vai enriquecer a nos-
         de Vila Nova das Amoreiras que terá desapa-                         sa Biblioteca.
         recido em 1835, sendo inicialmente incluído                                                           Z
         no concelho de Terras de Senhorim e depois                                                   J. Vaz Ferreira
         no de Nelas.                                                                                        CMG



                                                   EXPOSIÇÃO
                    O Caminho Marítimo para a Índia
                     O Caminho Marítimo para a Índia

              ealizou-se no Verão do passado
              ano uma grande exposição sobre
         RVasco da Gama e o Caminho Ma-
         rítimo para a Índia na Galeria de Almada
         Negreiros do Consolado Geral de Portu-
         gal em Toronto e depois na Canadian Na-
         tional Exhibition” sob a direcção da Real
         Canadian Portuguese Historical Museum
         e que contou com mais de 300 mil visi-
         tantes. A Marinha que apoiou o evento,
         esteve em posição de relevo.  Z

                                                                                      REVISTA DA ARMADA U MARÇO 2007  31
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