Page 9 - Revista da Armada
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Da organização estabelecida, implemen- ros, projectados pela Autoridade Nacional de (freguesias de SantoAntónio e do Monte), tendo
tada desde o dia 22 de Fevereiro, para além Protecção Civil, revelando grande sentido de sido determinantes no acesso a zonas isoladas
do referido Posto de Comando da Autoridade entreajuda e unidade de propósito. e em perigo eminente de derrocada.
Marítima, destacam-se a estrutura de comando
do navio, que incluiu um Posto de Comando As Brigadas Técnicas prestaram um apoio O helicóptero “Daxter” efectuou saídas bi-
a Bordo (PCB) e um Posto de Comando em importante no esgoto dos alagamentos ocorri- diárias em missão de reconhecimento, busca
Terra (PCT), localizado no edifício dos Bom- dos nos Centros Comerciais “Oudinot” e “Dol- SAR e recolha de imagem. As equipas médi-
beiros Municipais do Funchal, a equipa de ce Vita”, bem como nas garagens do Banco cas reforçaram o dispositivo no terreno, sempre
ligação na Ribeira Brava, a equipa do desta- Internacional do Funchal, do “Madeira Medi- que a situação o aconselhava. A sustentação
camento do helicóptero, as Brigadas Técnicas cal Center” e do “Instituto de Emprego da Ma- logística, através do adequado fornecimento de
(2), as equipas SAR (2), as equipas de RECON deira”, incluindo a utilização de uma bomba alimentação para os militares no terreno, cons-
(Reconhecimento) (constituídas por 5 Fuzilei- de alto débito da Autoridade Marítima e várias tituiu sempre uma prioridade, tendo sido distri-
ros cada, num total de 3 equipas), a motobombas, tendo também assistido na re- buídos um total de 800 “bag-meals”, refeições
equipa do DAE (Destacamento deAc-
ções Especiais, 5 elementos), as equi- paração de avarias surgidas nos equipamentos quentes e reforços alimentares duran-
pas dos Mergulhadores Sapadores (2), de bombagem de outras entidades envolvidas te as manhãs, tardes e noites.
as equipas Médicas (2), a equipa de na operação.
Apoio Logístico (localizada a bordo), Notório foi também o trabalho rea-
a equipa das Relações Públicas e os As equipas SAR e RECON, a pedido das estru- lizado pelos militares, militarizados
Grupos de Serviços de bordo (2). turas municipais, percorreram muitas dezenas e civis do Comando da Zona Marí-
de quilómetros, em apoio a outras entidades ou tima da Madeira, do Departamento
Foi, de igual modo, integrada nesta isoladas, na busca e resgate de corpos e em ac- Marítimo da Madeira e da Capitania
organização uma Brigada Hidrográfi- ções de limpeza dos locais mais afectados. Os do Porto do Funchal os quais, des-
ca, do Instituto Hidrográfico, com a militares do DAE foram empregues essencial- de a primeira hora, assumiram uma
missão de efectuar um levantamen- mente nas zonas altas do concelho do Funchal pronta, decidida e eficiente actua-
to hidrográfico da baía do Funchal, ção na recuperação do seu cinquen-
posteriormente estendido às áreas do tenário edifício para restabelecimen-
Porto Novo, Ribeira Brava e à marina to das suas condições de operação
do Funchal, para proceder à avalia- e reabertura dos Serviços afectados.
ção das condições de acesso por via O espírito de solidariedade destes
marítima e de operacionalidade dos mesmos elementos transbordou ain-
respectivos portos, aspectos conside- da para a comunidade local vizinha,
rados essenciais pelos órgãos locais em acções de limpeza, remoção de
competentes. A importância estraté- escombros e de apoio técnico, essen-
gica do Porto do Funchal no turismo ciais à recuperação dos seus espaços
da região exigia a garantia da total e haveres, logrando o reconhecimen-
operacionalidade do porto. to generalizado.
O N.R.P. “Afonso Cerqueira”, já Avaliadas as necessidades locais,
anteriormente previsto reforçar o dis- na tarde do dia 27 de Fevereiro foi
positivo naval da Madeira, atracou no tomada a decisão de fazer regressar
Funchal às 12h30 de 24 de Fevereiro, a “Corte-Real”. O navio largou do
integrando, de imediato, a estrutura porto do Funchal com destino à BNL
montada para a assistência humani- às 21h56.
tária em terra, através do emprego de
meios materiais e humanos, no cum- A Região Autónoma da Madeira
primento das tarefas antes referidas. testemunhou desta forma o papel e
importância dos meios navais que,
Nas áreas molhadas do Funchal e em apenas uma semana, escreveram
também da Ribeira Brava, participa- e viraram mais uma página no livro da
ram nas buscas e limpeza ribeirinhas história da Marinha de “Duplo Uso”,
as embarcações dos N.R.P. “Cacine”, na nobre missão de interesse público
N.R.P. “Afonso Cerqueira” e N.R.P. de natureza não militar.
“Corte-Real”, da Autoridade Maríti-
ma e do SANAS-Madeira. Mas como sempre acontece de-
pois de qualquer catástrofe, é tempo
As equipas nos postos de coman- de dar início à reconstrução! O nú-
do e as Brigadas Técnicas estiveram mero de desalojados é elevado, mais
empenhadas num ciclo permanen- de meio milhar, havendo a lamentar
te de 24 horas, enquanto as restantes ainda, as vítimas e desaparecidos.
equipas operavam apenas no ciclo Muitas vezes é na dor e na desgraça
diurno. A organização mostrou estar que se revela a alma das gentes, e a
bem estruturada e ser suficientemente dos Madeirenses, galvanizou todo um
flexível, com equipas fortemente empenhadas povo que “levantou a cabeça e arre-
e motivadas. gaçou as mangas”, partindo para um
futuro de esperança, mas também de certeza
Entre os dias 23 e 27 de Fevereiro, todos os no brilho que voltará a resplandecer na “Pé-
militares, militarizados e civis da Marinha tra- rola do Atlântico”.
balharam arduamente, em estreita ligação com
as estruturas Regional e Municipais de Protec- Z
ção Civil e também com a GNR e a PSP, su-
blinhando-se a cooperação exemplar entre os Notas:
mergulhadores da Marinha e os mergulhado- 1 Maritime Rescue Sub Center
res “Canarinos” da Força Especial de Bombei- 2 DISTEX: Disaster Relief Training Exercise
3 Os sistemas de energia socorrida (UPS) garanti-
ram o funcionamento de alguns sistemas até ao final
do dia. O gerador de produção alternativa de energia
ficou alagado e inoperacional.
REVISTA DA ARMADA U ABRIL 2010 9