Page 28 - Revista da Armada
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ACADEMIA DE MARINHA
No âmbito das comemorações do Dia fará a ponte entre o passado e o futuro, estado-nação e da soberania estatal. A
da Marinha 2017, decorreu no Audi- não deixando de focar os sinais a que de- guerra passou a ser um monopólio do es-
tório da Academia de Marinha, em 23 de vemos estar atentos”. tado-nação, caraterizando-se por enfrenta-
maio, uma Sessão Solene presidida pelo mentos de exércitos numerosos. O conflito
Chefe do Estado-Maior da Armada e Au- Seguiu-se a apresentação da comuni- mais emblemático desta geração de confli-
toridade Marítima Nacional, Almirante cação pelo Académico Sardinha Montei- tual foram as Guerras Napoleónicas”.
António Silva Ribeiro, em que foi apresen- ro, o qual salientou “ser mais ou menos
tada a comunicação “Gerações da guerra consensual que as guerras mais recentes A 2ª geração da guerra surgiu com o au-
moderna: de Vestefália às guerras de 4ª possuem caraterísticas muito peculiares. mento do poder de fogo das armas, bem
geração”, pelo Académico Nuno Sardinha Nalguns aspetos, trata-se da reciclagem como do seu alcance, precisão e frequência
Monteiro. de velhas técnicas, noutros aspetos evi- de tiro. O primeiro conflito desta geração
denciam-se novas caraterísticas”, e que foi a Guerra Civil Americana (1861-1865),
No início da Sessão procedeu-se à im- alguns grupos de militares e académicos embora o exemplo mais paradigmático te-
posição de condecorações a militares que têm procurado caraterizar as novas for- nha sido a Grande Guerra de 1914-18.
prestam e prestaram serviço na Academia mas de conflitualidade, usando denomi-
de Marinha, atribuídas por sua excelência nações como guerras não-convencionais, Entretanto, a II Guerra Mundial (1939-
o Almirante CEMA. guerras irregulares, guerras não-lineares 1945) revelou uma nova forma de con-
ou guerras híbridas. dução das disputas militares, baseada
Após agradecer a presença do Almi- no movimento, emergindo, assim, a 3ª
rante CEMA e AMN, o Presidente da AM, Para o conferencista, “uma outra desig- geração da guerra. Com efeito, a blit-
Almirante Francisco Vidal Abreu, referiu nação que tem sido bastante empregue zkrieg conduzida pelos alemães no início
que “a preparação desta sessão, integra- é a de guerras da 4ª geração, introduzida daquele conflito evidenciou como tropas
da nas comemorações do Dia da Mari- em 1989 por um conjunto de autores nor- dotadas de grande manobrabilidade se
nha, constitui sempre, um ponto alto da te-americanos, no quadro de uma con- conseguiam sobrepor a forças estáticas
programação anual da Academia” e que ceptualização sobre as várias gerações da entrincheiradas, mesmo que dotadas de
“a presença do Comandante da Marinha guerra moderna. Segundo esses autores, grande capacidade de fogo.
presidindo à sessão atribui-lhe brilho e embora o desenvolvimento militar seja
responsabilidade acrescida que não en- um processo evolutivo contínuo, é possí- Contudo, o ataque terrorista de 11 de
jeitamos, antes agradecemos”. A finalizar, vel identificar na era moderna momentos setembro de 2001 trouxe uma nova forma
o Presidente da AM disse ter convidado o em que a condução da guerra se alterou de conflitualidade, marcando o início da
Comandante Sardinha Monteiro, “estu- de forma significativa, os quais definem 4ª geração da guerra. As guerras desta ge-
dioso destas matérias, e que sobre elas diferentes gerações da guerra. ração caraterizam-se por um esbatimento
escreve com regularidade, mantendo a das fronteiras entre a guerra e a paz, e por
Marinha e a comunidade internacional a Em termos sucintos, a 1ª geração de um regresso à conflitualidade típica da era
par dos pensamentos mais recentes e que guerras iniciou-se com o Tratado de Ves- pré-moderna, com o estado-nação a per-
tefália, que estabeleceu os princípios do
Ratificação do Tratado de Münster em 15 de maio de 1648, por Gerard ter Borch, 1648
28 JUNHO 2017