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REVISTA DA ARMADA | 522













                                                                    das nossas Forças Armadas, trabalhando sempre em prosse-
                                                                    cução da paz, dos valores e da dignidade da vida humana.
                                                                     A fase final da cooperação ocorreu com a realização de um
                                                                    exercício de assistência humanitária. O cenário criado apre-
                                                                    sentava uma zona de catástrofe após um sismo de elevada
                                                                    magnitude, afetando seriamente a população local. Foi pro-
                                                                    jetada a partir da fragata uma força combinada de 72 milita-
                                                                    res (34 fuzileiros cabo-verdianos, um médico e 37 fuzileiros
                                                                    portugueses), a qual colaborou com a Proteção Civil de CV
                                                                    que já se encontrava no local do sinistro. Foi ainda proporcio-
                                                                    nado apoio real à população através de dezenas de consultas
                                                                    médicas, distribuição de medicamentos e de alimentos, num
                                                                    esforço partilhado entre Portugal e CV.

                                                                    SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE

                                                                     Terminada a cooperação com CV, iniciou-se o trânsito para
                                                                    STP, efetuando-se diversas ações de treino interno, visando
                                                                    manter os padrões de prontidão do navio e das qualifica-
                                                                    ções e valências da Força de Fuzileiros embarcada. Algumas
                                                                    das ações efetuadas, que incluíram técnicas de tiro, revista
                                                                    e detenção, permitiram aumentar as perícias da guarnição
                                                                    com funções na área de segurança militar, sendo benéfico
                                                                    para o navio ter a Força de Fuzileiros.
                                                                     Em contribuição para o conhecimento situacional marítimo
                                                                    do GoG, foi monitorizada durante os trânsitos toda a nave-
                                                                    gação, principalmente na área da Guiné-Bissau, e reportados
                                                                    todos os contactos com padrões de navegação/atuação fora
                                                                    do comum, ou que se encontravam incluídos em listagens de
                                                                    contactos de interesse do Maritime Analysis and Operation
                                                                    Centre  –  Narcotics  (MAOC-N)  e  do  Maritime  Surveillance
                                                                    (MARSUR – da European Defence Agency).
                                                                     O navio chegou ao fundeadouro da Baía de Ana Chaves, Ilha
                                                                    de São Tomé, a 18 de abril. No dia seguinte realizou a bordo
          patrulha, através da aeronave que se encontrava no arquipélago, algo   uma receção por ocasião da visita oficial do Secretário de Estado da
          que viria a repetir-se em STP. Tal colaboração facilitou, igualmente, o   Defesa Nacional e do Chefe do Estado-Maior da Armada de Portugal
          planeamento dos exercícios com CV e STP, ao providenciar imagens   a STP, com a presença de altas entidades, onde se incluiu o Ministro
          dos locais de desembarque das forças envolvidas.    da Defesa Santomense. Durante este evento apresentou-se o brie-
           Durante a estadia na cidade da Praia foi apoiado o programa da   fing operacional do exercício conjunto, o qual já se encontrava em
          visita oficial do Presidente da República, tendo realizado uma rece-  curso com algumas ações de reconhecimento em terra.
          ção a bordo para a comunidade Portuguesa, com a presença de cerca   Esse exercício, realizado na localidade de Fernão Dias, culminou no
          de 250 convidados. Foram também efetuadas outras atividades de   dia 20 numa incursão anfíbia e no desmantelamento de uma rede de
          âmbito protocolar, em apoio à nossa política externa, com o apoio da   narcotráfico. A fragata serviu de centro de coordenação da operação
          Embaixada, aproximando e reforçando a ligação entre a sociedade   e de plataforma de apoio, projetando para terra uma força consti-
          civil e política da componente militar, e foram recebidas diversas visi-  tuída por 62 militares (23 fuzileiros santomenses, 37 portugueses e
          tas a bordo, tanto militares como civis, num total de 378 visitantes,   2 brasileiros). À semelhança do que ocorreu em CV, esta ação per-
          fortalecendo a confiança mútua pretendida entre Portugal e CV.  mitiu fortalecer o conhecimento e confiança mútuas para potenciais
           No seguimento de um processo iniciado pela guarnição ainda em   empenhamentos no contexto da CPLP. Neste particular, releve-se a
          Lisboa, que visou a recolha de diverso material de cariz social, como   pernoita e integração na vida de bordo dos fuzileiros santomenses.
          roupas, brinquedos e material escolar, a fim de ser distribuído pelos   Seguidamente, o navio cooperou com a Guarda Costeira na área da
          mais carenciados, e que contou com o apoio da Marinha e de ini-  vistoria a navios, salvamento no mar, emergência médica e reparação
          ciativas paralelas desenvolvidas pela DGPDN  ou MNE  – Instituto   de embarcações, e efetuou uma ação de Patrulhamento e Fiscalização
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          Camões, através de parcerias, com escolas, universidades e outras   Marítima, com o embarque de uma equipa santomense, contribuindo
          entidades, foi possível apoiar diversas instituições e escolas caren-  para o conhecimento situacional marítimo e reforçando a presença do
          ciadas, nas ilhas de São Vicente e Santiago. Esta iniciativa, que se   Estado Santomense nas suas águas de soberania e jurisdição. Paralela-
          estendeu também a STP, refletiu o lado mais humano dos militares   mente, foi distribuído a diversas associações e escolas, em apoio aos


                                                                                           SETEMBRO/OUTUBRO 2017  9
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