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REVISTA DA ARMADA | 543
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50 ANOS NAS FORÇAS NAVAIS
PERMANENTES DA NATO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
s dois arƟ gos anteriores procuraram recordar, de forma Finalmente, gostaria de deixar um sublinhado para a extraordi-
Onecessariamente sucinta, um pouco da história da parƟ cipa- nária importância que o comando de forças navais internacionais
ção nacional nas forças navais permanentes da NATO, apresen- tem e deve conƟ nuar a ter para uma Marinha como a Portuguesa.
tando-se na tabela da página seguinte uma listagem dos navios Na vertente militar, essas são missões de enorme exigência, em
que, ao longo dos úlƟ mos 50 anos, integraram essas mesmas for- termos de planeamento e de execução, tanto no plano logísƟ co
ças, bem como dos respeƟ vos comandantes, que representam (inclusive pela necessidade de assegurar redundância de meios),
os muitos milhares de militares da Marinha que nelas esƟ veram como no plano operacional. No entanto, essas são, também, das
integrados. missões que mais projeção externa conferem à Marinha e ao País,
Não obstante, importa referir que o contributo da Marinha para no seio da Aliança AtlânƟ ca e no âmbito da PolíƟ ca Comum de
a NATO não se tem cingido à integração de navios e de militares Segurança e Defesa da União Europeia. Por tudo isso, a Marinha
no estado-maior da Standing Naval Force AtlanƟ c (STANAVFOR- Portuguesa deve manter a ambição de conƟ nuar a comandar
LANT) e dos Standing NATO MariƟ me Groups (SNMG), tendo (periodicamente) forças navais mulƟ nacionais, como, aliás, está
incluído a parƟ cipação regular em múlƟ plos exercícios, de que previsto acontecer, de novo, no segundo semestre de 2020, em
são exemplo os das séries OCEAN SAFARI e OPEN GATE, entre que caberá a Portugal o comando do SNMG-1. Será mais um
muitos outros. No entanto, a realidade é que a integração nas desafi o à capacidade de afi rmação de Portugal e das suas Forças
forças da NATO tem marcado de forma indelével o contributo Armadas perante a NATO e a comunidade internacional, a que a
da Marinha para a Aliança AtlânƟ ca – sendo que a parƟ cipação Marinha Portuguesa responderá, certamente, com o profi ssiona-
nacional nessas forças tem incluído frequentemente, além do lismo e a competência habituais.
navio atribuído à STANAVFORLANT ou ao SNMG, o grosso da
esquadra portuguesa, sobretudo nos exercícios realizados ao
longo da nossa costa ou nas suas proximidades.
E a importância da parƟ cipação nacional nas forças navais per-
manentes decorre do facto delas consƟ tuírem a espinha dorsal da
capacidade de resposta imediata da NATO no domínio maríƟ mo,
tendo por objeƟ vo: (1) potenciar a interoperabilidade combinada
e a profi ciência na táƟ ca naval; (2) efetuar presença naval em
áreas de interesse estratégico, demonstrando a coesão da NATO;
e (3) possibilitar a resposta inicial, de âmbito naval, a situações de
crise, consƟ tuindo a base para a formação de forças navais mais
robustas, caso necessário.
Neste quadro, pode dizer-se que a parƟ cipação nas forças navais
permanentes da NATO foi um verdadeiro motor da transforma-
ção da Marinha Portuguesa nos úlƟ mos 50 anos, tendo permiƟ do:
potenciar o treino combinado; incrementar o desempenho do
pessoal, incluindo ao nível da liderança; desenvolver a doutrina
e a organização na área das operações navais e do apoio logís-
Ɵ co; funcionar como catalisador para importantes renovações
de material e de infraestruturas; e potenciar a interoperabilidade
com as outras marinhas aliadas. Este úlƟ mo beneİ cio é parƟ cu-
larmente evidente, permiƟ ndo que seja, habitualmente, mais fácil
a interoperabilidade entre marinhas aliadas do que entre forças
de diferentes ramos e da mesma nacionalidade. Esse é, talvez, o
melhor tributo que se pode fazer às forças navais permanentes da SNMG-1 sob comando do CALM Silvestre Correia, com a fragata D. Francisco
NATO e, provavelmente, também o seu melhor legado! de Almeida como navio almirante, efetua PASSEX com força naval turca.
4 AGOSTO 2019