Page 101 - Revista da Armada
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Cópia do cronómetro n. " 4, de Ha"ison.  feita em  '769. que funcionou
                                                             com grande precisáo durante duas viagens de James Cook (Colecção
                                                             do Museu Nacional de Marinha. em Greenwich).


         o cronómetro







         de bordo







            Não houve, certamente, instrumento náutico mais desejado   ca. e loi Harrison que. em 1736. apresentou o célebre cronóme-
         do que o cronómetro de bordo. Sabia-se que com ele se resol-  tro n.O 1 que. sucessivamente melhorado ao longo de 28 anos.
         via um problema que se arrastava há séculos e que consistia   deu origem ao não menos célebre n.O 4, que deveria dar a Harri-
         em determinar, de modo prático e com rigor, a longitude a bordo   san  não só  a  consagração como  \,1m  elevado  prémio  pecu·
         dos navios{').                                      niário.
            A grande dificuldade consistia em fabricar um relógio que,   Para conseguir o  seu  intento,  Harrison serve-se de muita
         conseguisse guardar o tempo do meridiano de referência (os   imaginação e engenho. Para evitar que, ao baixar a temperatu-
         ingleses chamaram aos cronómetros time-keepers),  sem  ser   ra.  o óleo de lubrificação condense e prejudique o movimento
         afectado pelo balanço e pelas constantes variações de tempe-  das panes móveis, põe os eixos a gi rar em sedes de madeira.
         ratura dos diferentes mares onde os navios navegavam. Elimi-  Para que o momento de inércia da roda de balanço não varie
         nada a possibilidade de usar um  relógio de pêndulo, restava,   com a alteração do diâmetro da mesma, devido à temperatura.
         como única solução. o relógio de mola, que já existia. mas que   o que fazia atrasar ou adiantaro cronómetro, recorre à conjuga-
         não dispunha, mesmo em terra, do rigor indispensável para na-  ção de dois metais (aço e cobre) de coeficientes de dilatação
         vegação.                                           diferentes. E, para que a força da mola da roda de balanço não
            A barreira a vencer era exclusivamente de ordem tecnológi·   se  altere.  usa.  igualmente,  uma  solução  bimetálica  na  sua
                                                            construção. Deste modo e com as achegas de um outro inglês.
                                                            John Arnold, e de dois franceses, Le  Roy  e Ferdinand  Ben-
            (')  Ver sobre este assunto o artigo «A  Conquista da Longi/ude»,   houd, o cronómetro, nos últimos anos do século XVIII, já dispôe
         publicado non." 145J'Ou/. 83des/a Revista.         de condições para iniciar uma longa e frutuosa carreira.
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