Page 368 - Revista da Armada
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menta em que estavam prestes ti che- nimaram-se os malabares e todos os tos. foi em sua perseguiçi'lo com os
gar junto deles foram recebidos por paraus que o puderam fólze r concen- dois infatigáveis batéis e. saltando cm
uma salva disparada à queima-roupa traram sobre ele o seu fogo e os arre- term, matou muitos naires do senhor
de todos os canhões e todas espingar- messos de flechas. na esperança de o de Cambalilo c queimou-lhes mais
das das caravel<ls c dos batéis que lhes tomólrem. Mas. mais uma vez. as suas duas povoações. sem perder um üni-
mal<lrólm muita gente e meteram no expectativas foram goradas. A guar- cosoldado!
fundo. duma assentadól. oito pólraus! nição do batel conseguiu dominar o E com tudo isto andavam os Ma-
O primeiro ímpeto do inimigo incêndio e continuou a combater com labares e os .. Mouros» assombrados e
fora quebrado. Mas continuaram a a mesma eficácia de antes. diziam que O Deus dos Portllgueses
vir mais e mais paraus que. uns após Só restilva ao inimigo retirM. Foi estava combatendo por eles, pois que
outros, ou eram afundados ou obriga- o que fez. tendo perdido nesta tercei- doulro modo não se podia explicar
dos a retirar cheios de mortos e feri- ra batalha mais vinle e dois p,mlUs e como é que. sendo tão poucos. óIlean-
dos. sofrido milisseiscentos mortos. çavam sempre a vitória. tania em ter-
Por valIa do meio-dia. quando a Logo que a armada de Calicute ra como no milr, contra inimigos tão
batalha estava já a esmorecer. um dos iniciou a retirada. Duarte Pacheco. numerosos!
nossos batéis começou a arder. Rea- ilpesar de ter os seus homens exaus-
VAU DE COCHI M
(Maio de 15(4)
VAU D E COCHIM
Desmoralizado com as derrotas
1504 sofridas pela sua armada nas três ba-
talhas do passo de Cambal:io, o Sa-
morim estava resolvido a desistir da
guerra. Mas os «mouros» influentes
de Calicule. os reis seus vassalos e os
senhores das terra de Cochim que se
tinham passado para o seu lado n:io o
deixaram. Diziam-lhe que era uma
vergonha retirar com um exército e
uma armada tão poderosos dillntc de
quatro navios minúsculos. E. mais
uma vez, venceu a eterna raziío de
prestígio, responsável pelo prolonga-
mento escusado de tantos connitos.
O Samorim decidiu-se a continuar a
guerra.
Como l1ilO tinha conseguido for-
çar o pllSSO de Cambalão, foi com o
seu exército atravessar o rio num ou-
Caminho tro passo mais a montante e dirigiu-se
provhel rapidamente para a ilha fronteira a
do extmlO
de C~licllle Cochim . onde assentou armiais.
Logo que teve conhecimento des-
tes movimentos, Duarte Pacheco al-
terou o dispositivo das suas forças.
Para impedir que as tropas do Sarno-
rim pudessem entrar em Cochim
através do vau que. na maré baixa,
dava passagem, com água pelo joe-
lho. da ilha onde se encontravam
para aquela cidade, mandou reforçar
as tropas do rei que guarneciam a pa·
liçada, com os soldados da nossa for-
taleza que deixou praticamente va-
zia. Mandou ainda espetar estacas
Paliçada
aguçadlls e semear abrolhos de ferro
'.
no leito do vau. Para evitar que a ar·
,. mada de Calicute se pudesse aproxi-
" mar de Cochim , estacionou duas ca-
,
ravelas no passo de Palurte, situado
" no extremo sul da principal via nuvial
que, do Norte, conduz a esta cidade.
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