Page 237 - Revista da Armada
P. 237
orâneas dos Descobrimentos
nado. na regência de D. Pedro. assumida Em moedas de prata, no reinado de ser comemorativos da Ordem da Torre
durante a menoridade de D. Afonso V. D. Afonso V, prossegue a cunhagem do e Espada criada por D. Afonso V para
valeria de início 120-140 reais brancos leal, tendo surgido como exemplares a conquista de Fez. O nome de cotrim
passando no fim do reinado a valer 250 novos o meio real de prata (que também designava o seu valor de 1/4 de espadim
destas unidades. O seu submúltiplo. o ostenta o motivo das torres sobre o mar advindo do italiano quattrino.
meio cruzado proveniente das oficinas de e a de. .. ignação de Ceuta), o real grosso, Em cobre, e também pela última vez,
Ceuta foi o único exemplar áureo aí o meio real grosso e o novo meio real foram cunhados reais pretos. Sucedeu-
lavrado. Apresenta um motivo original grosso ou chinfrào. A relação de valo- -lhes o ceitil, a partir de 1448-1449, com
, que iremos ver repetido com diversas res destas moedas seria a seguinte: o leal o valor de 1/5 do real branco. O motivo
variantes noutros exemplares de prata e de prata, até 1441 , valeria 10 reais bran- já referido das torres sobre o mar, com
de cobre (fig. IV): as muralhas cercadas cos; desta data até ao fim da Regência, as suas múltiplas variantes, é aqui
12 reais brancos e, em seguida, 15 reais adoptado passando a constituir o sfmbo·
brancos. Em cena proporção o real lo por excelência do ceitil (fig. vm).
grosso, que faz o seu aparecimento ao
mesmo tempo que o cruzado e cujo nome
advém da espessura que o caracterizava,
tem o valor inicial de 24 reais brancos,
passando mais tarde para 30.
Figuro /Y - Meio ucut1D deOW'O dt D. Afonso Y.
O MOIf\'O d& torra soou () mar, ratnlHm rtpro- O chinfrão ou novo meio real grosso
duzido run uiris, simboliza Q dQmfllio ponwgll2s (fig . Vn, em valor equivalente ao meio
/10 Norte dt Africa. FigullI VIII - AII\~rso do cei/ii de cobrt de
D. A!OIISo V, a.uim dtsifInodo por proldloel olusdo
por ondas evocando a soberania das o Ceuta. ruI lpoco ronhecida fHJr Ceita.
praças fortes em território de além-mar &
em África. No reinado de D. Afonso V. há ainda
A preparação duma cruzada (1455- a assinalar como resu1tado da pretensão
-1456) em resposta ao apelo feito pelo W ao trono de Castela, 1475-1476, a emis-
papa Sislo m contra os Turcos que, após são de escudos. reais grossos e meios
a tomada de Constantinopla. ameaçavam Figuro VI - Rewr.fO do clr.fn/rOO de prola de reais grossos com as armas simultâneas
toda a Europa, aparece ligada ao nome D . Afonso V. de Ponugal e Castela. Estas moedas. que
da moeda de ouro mais célebre da época: real grosso, tem, no entanto, peso infe- não teriam lido circulação significativa,
o cruzado. Concebido para concorrer rior ao desta moeda a que sucedeu. Tal foram batidas na cidade de Toro o que,
com a moeda forte de então, O ducado decorreu provavelmente da intenção de em alguns exemplares, é assinalado por
de Veneza, é-lhe atriburdo de infcio um obviar o seu desaparecimemo de circu1a- uma marca de cunho com uma cabeça de
valor nominal de 250 reais brancos ção. O seu nome provém de chinfrado. lOUro (fig. IX).
(fig. V) inferior ao seu valor intrínseco. delgado. Em bolhão foram cunhados.
além do real branco que viu a sua última
emissão na década de 1450-60. o espa-
dim, com o valor de 4 reais brancos, o
meio espadim, com valor de 2 reais bran-
cos e o cOlrim, com o valor de I real
branco.
O espadim (fig. Vm e o meio espa-
• . Fig"ro IX - AII\~rso e rtVer.fO dQ reol grosso de
Toro. Sobrt o est.wJo tk Castelo figuro lU7II'J ~
de too/ro.
Figuro V - AIIYtr.fO e nwr.fO do crwuulo de CNro
tk D. Afonso ar: MtMdo qIU COIIStlg"'" o upon- Com D. João fi e relacionada com
sOO portII.guUQ lIlU tMÍos ,/iNJnceinu euf'O(Hus.
a estabilidade monetária que foi possf-
.. Este deveria assegurar o seu curso em 'lei a1cançar, verifica-se uma redução na
toda a cristandade- (José H. Saraiva). variedade das moedas e, simultaneamen-
A expedição é depois desviada para Figuro VI/- ÁIlvt'r.fO do r.spodJm de D. A/onstJ V, te, uma reconhecida qualidade das mes-
A1cácer Ceguer em Marrocos mas a cujo tkrwminllfiJa prol'lm do monWJ que /leu. i mas, tendo nomeadamente sido abolida
designação da moeda persistiu. O seu "presentado, uma mau empunhando uma espada a cunhagem de moedas de bolhão. Oe
fHla Mmi1w.
prestIgio e aceitação mundial iriam início, mantiveram-se as emissões em
acompanhar todo o período da expansão dim pelo motivo bélico que ostentam, ouro de cruzados, e em prata de reais
portuguesa, decaindo mais tarde em uma mão segurando uma lâmina de grossos com o mesmo valor de 30 reais
valor, qualidade e reconhecimento na espada, aparecem ligados às expedições brancos que transitara do periodo ante-
fase de regressão. militares no Norte de África e poderiam rior. A partir de 1485, verifica-se o
19