Page 201 - Revista da Armada
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rinha, podendo perfeitamente ser dú'isa de outra instituição, menagearia os navegadores portugueses dos Descobrimentos
militar ou civil, nacional ou estrangeira. e não poderia ser adoptada por nenhum outro ramo das For-
.. :Talent de bien faire- , é quase unanimemente rejeitada por ças Armadas ou qualquer outra instituição, nem por outra Ma-
ser em Ifngua estrangeira e portanto nada dizer a quem a não rinha que não a nossa.
sabe falar. Foi adoptada pelo Infante D. Henrique porque era Como alternativa. e para causar a menor perturbaçiio, po-
moda naquele tempo usar divisas em francês, inglês. alemão, deria ser apenas . A pátria honrai., que cabe perfeitamente no
etc. Como nunca foi posta em prática como divisa da Arma- significado da palavra dh-isa e acabaria com a ambiguidade
da, foi adoptada pela Escola Naval. da actuaL
.. Esta é a ditosa pátria minha amada .. , seria bem aceite por- Compreendo muito bem a delicadeza do assunto mas. co-
que tem a paternidade de Camões em .. Os Lusíadas .. , em fala mo estamos a comemorar os 500 anos dos Descobrimentos.
de Vasco da Gama ao Samorim da índia, mas está fora de causa talvez seja uma oportunidade a não perder para, com cora-
por ser a dos estandartes das Forças Armadas e de Segurança. gem. resolver o assunto por uma vez ...
E, para terminar este estudo. diremos, se nos é permitida E não me venham com o peso da tradição, pois os cerca
uma opinião, que, face à forma que deve ter uma divisa de 100 anos que tem a actual não são nada na vida de uma
- expressão de um pensamento ou norma a seguir -, a que Nação que tem mais de 800 ...
mais agradaria, não só aos marinheiros como a todos os por-
tugueses, seria Por mares nunca (James navegados. Esta sim, M. do Vale,
teria também a paternidade de Camões e dos . LusíadaS>t, ho- c/tlIm.
Pelo v/alm. Silva Braga
XIX
... Navegavamos com todo pano rápida e habilissima, atravessou o
largo (era na corveta DUQUE DA navio, enquanto era. tam.bém rapi·
TERCEIRA), sobre uma daquelas damente, guarnecida e arriada a
brisas de Cabo Verde que em qual· baleeira salva·vidas, que logo se·
quer outra parte seriam vento fres- guiu à voga arrancada pela esteira
calhão. que o navio deixara no mar, antes
Estava marcado para aquele dia de atravessar.
um exercício de «Postos de Comba· E toda a guarnição apinhada na
te)) e toda a gente estava pronta, à amurada e na enxárcia seguia, com
• espera do toque da corneta, para o coração oprimido, o avançar da
ocupar o seu posto, quando se ou· baleeira no meio da carneirada, le-
viu o grito angustioso de tcHomem vantada pelo vento, que dificultava
ao Mant! Tinha caído ao mar um dos a busca.
encarregados do costado que esta· Decorrida uma hora. o Coman·
va fora da borda, por sotavento, a dante mandou içar o sinal de cha·
dar uma demão na pintura do mamento, e a baleeira voltou tendo
navio. apanhado apenas o balde de tinta
Ao ouvir·se o grito aflitivo todos e a luva; o desgraçado não tinha
corremos para a borda, e vimos o aparecido, e toda a gente imaginou
pObre marujo, já pela popa fora, a a morte que ele tinha tido naquele
debater·se na água. mar inçado de tubarões.
Estava de quarto o tenente Ga- O Comandante mandou formar
go Coutinho que, numa manobra a guarnição. e formámos todos: os
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