Page 224 - Revista da Armada
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Robeno,  José  Pires  e  Fernando  Oliveira   Guarda  apos.  Francisco  Rodrigues  de
           Grilo.                            Barros,  patrão  de  costa  João  Benevides  e
              Cabos  Manuel  Albuquerque  PinlO,  An-  cabo-de-mar Virgolino da Silva Garrancho.
           tónio Fernandes, Manuel Frias,  I °S.ms. Jo-
           sé  Luciano  de  Sousa  e  Alexandre  Rosa
           Marques.                          **********




           Batalhas e combates




           da Marinha portuguesa (XXXVIII)






           CHAUL                              Vendo  que a  galé  praticamente já  não   pouco tempo, ficou a galé com o mastro
           (Novembro de  1521                 respondia ao seu  fogo.  decidiram-se as   e a maior parte dos remos partidos e as
           a  Fevereiro de  1522)             fustas a avançar na  intenção de a toma-  amuradas cheias  de  buracos,  enquanto
            (comilluaçdo do  número alllerior)   rem à abordagem.  Mas,  nesta altura, já   sobre os bancos dos remadores e os pa-
                                             estavam  próximas  as outras duas galés   vimentos se acumulavam os feridos e os
                                             que vinham em seu socorro. No preciso   mortos. Três batéis artilhados que Diogo
                 m meados de Dezembro. estando   momento em que várias fustas encosta-  Fernandes de Beja tinha consigo, perante
                 a fortaleza de Chaul com a torre   vam à proa da galé de André de SouSa.   o  dilúvio  de  projécteis  que os atingia,
           E e as muralhas de uma altura que   a galé de D. Jorge de Meneses, que foi   foram abrigar-se à pópa da galé deixando
            lhe pennitia defender-se de qualquer ata-  a primeira a chegar. disparou uma salva  de  ripostar  ao  fogo  do  inimigo,
            que, o governador Diogo Lopes de Se-  que meteu de uma assentada duas ou três   Seguindo o parecer do comitre (che-
            queira  resolveu  partir  para  Cochim,   no  fundo  e  arrombou  as  restantes,  ao   fe  dos remadores)  Diogo Fernandes de
            deixando por capitão daquela D.Henri-  mesmo tempo que os seus espingardei-  Beja aconselhou D. Jorge de Meneses a
            que  de  Meneses  e  por  capitão-mor  do   ros e besteiros dizimavam as guarnições   mandar ciar (remar ao  contrário)  para
            mar  Diogo  Fernandes  de  Beja  com  as   inimigas,  Afastaram-se as fustas e,  por   pôr a  sua galé em linha com a de Fran-
            três galés, a caravela e a fusta, além de   mais que Aga Mamude as incitasse, não   cisco de Mendonça que, entretanto, acor-
            duas  naus de carga em que  havia de  ir   se atreveram a renovar a tentativa de to-  rera, e se encontrava mais atrás. Mas D.
            quando  fosse  rendido.           mar  a  nossa  galé.              Jorge não quis ouvir falar em recuar na
               Por volta de 20 de Dezembro, come-  Diogo Fernandes de Beja deu ordem  presença do inimigo e, arrancando a es-
            çou a sair de Chaul a armada do gover-  a André de Sousa para levar os feridos   pada,  ameaçou  cortar a cabeça ao  pri-
            nador  mas,  devido à  falta  de vento  foi   para a annada do governador e mostrar  meiro  remador  que  começasse  a  ciar!
            obrigada a fundear fora da barra. Em sua   a este o estado em que tinha ficado o seu   Conformou-se Diogo Fernandes com a
            companhia  saíra  também  a  armada  de   navio. E, com a galé de D. Jorge de Me-  decisão do capitão do navio e o combate
            Diogo Fernandes de Beja, na intenção de   neses, para a qual se mudou. e a de Fran-  prosseguiu com redobrada ferocidade de
            afugentar as fustas de Diu que se manti-  cisco de Mendonça,  ficou  de  guartla  à  parte a  parte.
            nham  nas  proximidades  à  espreita  de   barra de Chaul. Tornando-se necessário   Apercebendo-se  então  Diogo  Fer-
            uma oportunidade para atacar qualquer   efectuar grandes  reparações na  galé de   nandes de Beja que os batéis. em vez de
            nau que se desgarrasse.  Continuando a   André de Sousa  Chichorro,  Diogo Lo-  combater. estavam abrigados à popa da
            calmaria até ao cair da noite e receando   pes de Sequeira viu-se obrigado a adiar   galé,  para lá se dirigiu, invectivando-os
            Diogo Fernandes que as fustas entrassem   a sua partida, continuando Fundeado ao   asperamente.  Nesse momento,  foi  apa-
            em Chaul e fossem queimar as duas naus   largo de Chaul.            nhado por um pelouro perdido que o ma-
            que  lá tinha deixado, ordenou a  André   Ao outro dia de manhã, ainda antes   tou. Mandou D. Jorge tapar-lhe o corpo
            de Sousa Chichorro que se fosse postar   do nascer do  sol,  Aga  Mamude  vollou   com  uma manta para que os nossos não
            sobre  a  barra,                  à carga com cerca de trinta  fustas , ata-  esmorecessem  ao  saber  da  morte  do
               Aga  Mamude  não deixou  escapar a   cando desta  vez  a  galé de  D,  Jorge de   capitão-mor e continuou a animar os seus
            oportunidade  que o  seu  adversário  lhe   Meneses que se encontrava relativamente   homens  que,  com  grande  dificuldade,
            oferecia e, logo que escureceu,  foi  com   afastada da de Francisco de Mendonça.   iam  respondendo  ao  fogo  do  inimigo.
            trinta  fustas  3{acar a  galé de  André  de   Logo às  primeiras salvas,  disparadas a   Nessa  altura,  os cativos  "mouros,.  que
            Sousa que se encontrava isolada. Durou   curta distância, os portugueses consegui-  constituíam a maior parte da chusma da
            o  combate  toda  a  noite,  sendo  aquela   ram afundar ou avariar gravemente sete   galé,  vendo esta perdida. começaram a
            submetida a um  bombardeamento terrí-  fustas.  Mas as restantes, disparando ra-  chamar os das fustas  para que a fossem
            vel que a destroçou completamente e Lhe   pidamente as suas peças, faziam chover   tomar, Acorreu D. Jorge de Meneses de
            matou e  feriu  muita gente,  Com o  nas-  sobre a nossa galé uma tal quantidade de   espada nua e acutilando impiedosamen-
            cer dodia, o tiro das fustas tomou-se ain-  pelouros que a maior parte dos bombar-  te sete ou oito restabeleceu a ordem en-
            da  mais  certeiro  e   aumentou  deiros  foram  postos  fora  de combate e   tre  os  remadores,  Mas,  como já tinha
            consideravelmente o número de baixas.   o  nosso fogo tomou-se esporádico.  Em   perdido  muita gente,  mandou  soltar os
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