Page 258 - Revista da Armada
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Bibliografia
ARMADAS PORTUGUESAS foram-se verificando recrutamentos me- leitores. Estão de parabéns o autor e a
OS MARINHEIROS E O ALMI- nos escrupulosos. até de homens lavra- Editora e também a Marinha, que vê fi-
RANTADO dores de eruada nada percebendo de nalmente levada ao conhecimento do pú-
Por José VasconcelJos e Menezes navios. Era a pureza e rectidão dos re- blico uma vertente importantíssima da
crutamentos função dos vintaneiros, os sua História até agora praticamente des-
• quais, por cada concelho, deveriam apre- conhecida. Graças à gentileza da edito-
Depois de nos ler dado um inleres~ sentar 20 servidores cada um, designa- ra, que muito agradecemos, continuará
sante e volumoso trabalho sobre o damente para as galés, constituindo-se a Revista da Annada, como tem feito até
"Apoio Sanitário das Annadas Portugue- assim as vintellas do mar. Obrigavam- agora, a publicação, por ordem crono-
sas na época dos Descobrimentos_, vem -se todavia a determinadas regras, com lógica. das cerca de setecentas e trinta
o cap.-m.-g. médico naval Vasconcellos força de lei, recorrendo a pessoal ligado batalhas e combates em que a Marinha
e Menezes oferecer-nos à leitura. em edi- por sua profissão, OU prática de vida, aos Portuguesa ao longo dos séculos se achou
ção da Academia de Marinha, a que barcos ou ao mar. envolvida. O cap.m.g. Annando da Sil-
O autor pertence, mais um livro de pes- A 2.a par1e deste notável trabalho de va Satumino Monteiro planeou a distri-
quisa e divulgação em que se propôs pesquisa e de compilação - a História buição deste seu inpor1ante trabalho
abordar o lema "Os Marinheiros e o da Marinha a ser feita de facto - trata distribuindo-o por oito volumes. dos
Almirantado,. - Elementos para a His- do ofício de almirante. da .. pessoa de quais. cinco já se encontram redigidos.
tória da Marinha (séc. XU a séc. XVI) . confiança escolhida por el-Rei para su- Será garantia do seu nível, já revelado,
Historiando com sistemática referên- perintender na Armada das galés reais e o passado literário, intelectual e de aCli·
cia cronológica os principais dados dis- outros navios que se annassem .. - car- vidade militar do autor, especializado em
poníveis sobre a existência de uma go que viria a ter carácter hereditário na Artilharia, imediato de deslroyers. c0-
configuração de Marinha. desde os pri- famfl.ia dos Pessanhas, até que, por as- mandante de um patrulha nas águas de
mórdios da fonnação de Portugal. dá-nos rocia política de D. João U, este monar- Angola, comandante da Defesa Maríti-
coma da criação do cargo de almirante ca escolhe para o lugar, em 1483, a Pero ma de P0r10 Amélia, serviço de sete anos
(funções e título de inspiração moura), de Albuquerque, pondo assim tenno ao na Escola de Alunos Marinheiros. e de
começando a constar nos documentos .. consulado .. dos Pessanhas. outros sete na Escola Naval, onde foi
coevos. no reinado de D.Dinis, à volta As 360 páginas deste livro não são professor, comandante do Corpo de Alu-
de 1285. Já então o país tinha sofrido im- para ler de um fôlego; não tem entrecho nos e oficial imediato, enfim, o organi-
punes ataques de corsários e annadas de de romance, não se está à espera de ver, zador do ensino programado na nossa
sarracenos, que assolavam e saqueavam com ansiedade. como é que acaba. Me- Marinha.
a seu bel talante, sem que do nosso lado recem contudo leitura atenta, para facil- Passou à situação de Reserva, por
houvesse organização que pudesse cons- mente vir a encontrar mais tarde, todo motivos de saúde, em 1975, mas conti-
tituir obstáculo, ou. muito menos. dis- o muito que ele nos pode dar. É livro nuou sempre activo no seu mister de es-
suasão. que, lido, se deve deixar em lugar pri- crever. e em 1980 editou um livro a que
Entra depois na l.a par1e. onde ana- vilegiado nas estantes daqueles que se de- chamou .. Preparar o Futuro, viver o Pre-
lisa os diferentes homens e misteres, que. dicam às coisas do mar. sobretudo pela sente,.. focando temas de natureza polí-
organizadamente deveriam constituir as sua ven ente histórica. repleto de infor- tica, económica e social do nosso pars.
guarnições dos navios da época, e apoio mações e bem recheado de apoio docu- Foi convidado a integrar a Academia de
terrestre: alcaides (de novo origem ára- mentai . Marinha em 1988. Nos últimos quatro
be) a que serão dadas honras e privilé- «A RA agradece o eltemplar oferecido,.. anos, tem-se dedicado à compilação de
gios de infançãos. ou moços-fidalgos, documemos. relacionados com a acção
capitães da frOla. mestres de nau, arrais, • histórica da nossa Marinha.
espadeleiros, marinheiros, petimais. en- O pessoal da Marinha que deseje ad-
fim. os .práticos no marinhar dos na- UM CONTRIBUTO IMPORTANTE quirir o volume agora editado poderá
vios-, os que .. tiram pela corda e acodem PARA A mSTÓRIA DA NOSSA faze-lo na sede da Revista, ou no Mu-
aos aparelhos, e hão mester conhece-Ios, MARINHA seu da Marinha, com um desconto de
e entender o apito-o 20%.
A valia a políttica de recrutamento Acaba de ser editado pela .. Livraria
dos homens para guarnições de navios, Sá da Costa Editora .. , o primeiro vo-
em relação aos quais. já desde o primei- lume da obra «Batalhas e Combates
ro quar1el do séc. xm, deveriam ser da Marinha POr1uguesa .. , da autoria do Sousa Machado,
mandados apenas os que «quiserem ser- comandante Satumino Monteiro. obra CClp.m.g.
vir de boa vontade-. Não obstante. por que tem vindo a ser publicada na nossa
queixas surgidas no século seguinte. Revista desde 1987 com geral agrado dos ••••••••••••••••••
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