Page 102 - Revista da Armada
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Ta o Alfdle. cm 1936 a Bibliotcca passou a esquecer-se de que o mar é ainda hoje um re- dade de uma Nação de oito séculos, que só
funcionar em condições diferentes. e a positório de bens materiais que já escasseiam no Mar. que é a sua fronteira com tantos paf-
designar-se por Biblioteca Central da Mari- cm terra. e de bens culturais que são ainda ses parentes e amigos, encontrará a força
nha. Foi também no espaço adjacente que o sustentáculo da nossa identidade como equilibrante da atracção europeia. A Acade-
nasceu o Museu da Marinha. Nação. mia de Marinha não pode deixar de se em-
Trata-se pois de um local de tradições Há precisamente quatro anos em cerimó- penhar ao lado de outras instituições nesta
náuticas. científicas e culturais. Nenhum am- nia idêntica. o então CEMA. Alm. Sousa lei- cruzada de regresso ao mar.
bieme poderia ser mais apropriado a uma jo- tão, ilustre membro desta Academia, a
vem instituição que se devota à cultura respeito das comemorações do 5. o Centená- •
marítima e ao estudo das coisas do mar. rio dos Descobrimentos afirmou:
Parece-me, senhor Almirante, que a Aca- .Nessas comemorações terá papel rele- A presença neste acto de V .Ex.a Senhor
demia de Marinha encontrou o seu .habitat_ vante a Academia de Marinha, que conta en- Almirante e demais altas entidades. o acom-
definitivo. o que representará mais uma for- tre os seus membros os mais categorizados panhamento significativo dos nossos confra-
taleza histórica e cultural de resistência se al- especialistas na matéria. Tal vai exigir mui- des e amigos. constitui pam nós. os que neste
gum dia os ventos modernos que assolam a to esforço e muito empenhamento bem co- momento assumem a direcção da Academia,
nossa identidade tcntarem violar este espaço mo o despenar nas gerações novas o gosto um inestimável incentivo. o que me leva a
sagrado da nosas Marinha. lídima herdeira pelo estudo dessa época àcerca da nossa crer e a profetizar que a nossa acção não des-
do património cultural legado pelos marinhei- História_. merecerá a confiança e o apoio da Marinha.
ros de 400 e 500. Estas palavras mantêm-se hoje ainda com E tennino com as palavras que proferi
mais actualidade porque nestes quatro anos noutra sessão:
• o que se fez neste sentido está muito aquém . Em qualquer caso tudo faremos para
do que era já nessa altura desejável. exaltar o legado que nos foi transmitido pe-
É voz corrente que Ponugal está de cos- Tem V.E1t.a. senhor Alm. CEMA. co- los saudosos académicos e grandes impulsio-
tas para o mar. Esta postura que já se notava mo o vosso antecessor. uma visão larga da nadores da fundação da Academia. os
antes de 1974. a panir desta data agravou-se missão da Marinha. onde tem lugar. e papel Almirantes Sarmento Rodrigues e Tei1teira da
de fonna preocupante com o desaparecimento importante. a acção cultural e científica. Tem Mota. e honrar a sua memória. fazendo des-
do ultramar português e o surgimcnto deslum- V. E1t.a consciência de que é na e1tallação da te organismo o berço em que desabrocha e
brantc da Europa Comunitária. nossa história marítima que o País constrói se desenvolve o conhecimento e a cultura s0-
Sujeita a uma força centrípcta poderosís- os mais sólidos alicerces da sua nacionalida- bre as coisas do mar; o .forum_ onde se fir-
sima. a Naçào Ponuguesa tende a esquecer- de. e que é na investigação científica do mar ma a legitimidade histórica e se assegura o
-se de que foi no mar que o País foi grande, que deve encontrar boas expectativas de in- rigor científico; mas também o baluane em
no mar teve as maiores glórias. no mar en- dependência económica. que se defende o património cultural e os fei-
cOlltrou a razão de ser da própria indepen- O chamamento do País ao mar é pois dou- tos heróicos de um Povo que ~deu novos
dência e identidade nacionais. E tende a trina fundamental da preservação da identi- mundos ao Mundo» .
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SOCIEDADE HISTÓRICA
DA INDEPENDÊNCIA OE PORTUGAL
No passado dia 9 de Janeiro, realizou-se A esta sessão. que foi presidida pelo se-
no Salão Nobre da Sociedade Histórica da In- cretário de Estado Adjunto da Defesa Nacio-
dependência de Ponugal uma conferência su- nal, eng. Eugénio Ramos, assistiram
bordinada ao título .:Os Símbolos Nacionais», representantes dos Chefes dos Estados-
pronunciada pelo prof. dr. Severiano -Maiores dos Ramos, o general governador
Teixeira. Militar de Lisboa. general comandante do
Colégio Militar. directora do Instituto de Odi-
velas. almirante Toste Cardoso em represen-
tação da Liga dos Combatentes. alunos da
Escola Naval. Colégio Militar, Instituto de
Odivelas e Pupilos do Exército, além de ele-
vado número de entidades civis e militares.
O Chefe do Estado-Maior da Annada foi
representado pelo director da Revista da
Annada.
O conferencista. com uma grande viva·
cidade. dissenou sobre as origens e evolu-
ção da Bandeira Nacional. empolgando a
assistência.
CaJorosa salva de palmas coroou o fim
das suas palavms: Ioda a conferência foi ilus-
trada com numerosa projecção de «slides~.
O general Themudo Barata, que apresen-
tam o dr. Severiano Teixeira. no final da ses-
sào agradeceu ao orador as palavras
pronunciadas.
Assim se encerrou a primeira actividade
de 1991 desta prestigiosa Sociedade. cuja ac-
ção tanto enaltece os valores nacionais e o
nosso orgulho de sennos ponugueses.
o prof dr. S"'I'",riano T",ix",;m prommciaruloa sua
im"""'S5alll'" cO/if",rblcia.
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