Page 91 - Revista da Armada
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ARQUIVO DA HISTÓRIA
Augusto de Castilho, marinheiro
intrépido -barão assinalado
ficial de Marinha, seu nome complcw era: AugustO Ihor de toda a África Austrtll, e que é ti l/all/ml entrada (lo
Vidal de Castilho Barreto e Noronha. Nascido em comércio de fora !Jara as repúblicas florescemes do Interior.
O Lisboa, em IOde OUlUbro de 1841 , aqui morreu em hoje que a exuberância de l'ida e civilizaç(lO prolllO\'ida pelo
30 de Março de 1912 , com 71 anos incompletos. descobrimento das mil/lIs de Ollro e diamames naqueles pa(-
Entrou para a Escola Naval em 1859 e, ainda aspirante, ses os força a prOCllrarem /Ias mercados ellropells sa((/a I'llll-
tomou parte nas expedições da época em An~ola, a bordo da wjosa a esses \'flliosos proouloJ e às lãS, peles e oulros lIrtigos,
corveta .. Bartolomeu Dias .. , Passou depois à lndia, onde este- é illdispe/lsál'l>1 que o /lOSSO GOI'emo faça da sua parte algu-
ve de 1861 a 1864 c mais tarde em Moçambique. Já capitão- ma coisa pl1rafilciIi/(lr e promover o estreiramellfo das nOj'-
-tenente governou Lourenço Marques, de 1875 a 1879 e, sas relaçtJes com e/as, daI/do garam/as de salubridade e
embora anlcriomlcnle se tivesse fcito notar pela sua coragem seguronça a quem se I'ê forçado a percorrer o di.flri/o, e II/OS-
e desassombro. é nesta época que regista a sua frontalidade traI/do que SOIl/OS regidos por home"s que I'êem ao 10l/ge, e
e profundo conhecimento das ameaças que se conjugavam con- que calculam as grandes vamagells que do desem'oh'imenlO
Ira a presença portuguesa em terras africanas. A carta que en- d'este pOrtO hIJo-de lIIais tarde à Metrópole adl'ir_
tão escreveu ao Ministro da Marinha e Ultramar, Andrade Possuímos este porto há séculos. e 12mo-Io quase tiO /IIes-
Corvo. é um documento que se tem mantido esquecido nos 11/0 estado em que eSf(j1'{l no te/llpo tia primeira ocupl1rilo. O
arquivos. mas conslitui uma notável lição digna de ser objec- que é realmente lili/a I'ergol/lw peraflle as ollfras naçlJes cul-
to de difusão, em panicular nesla época em que a presença tas. Disputámos com óprimos argume/ltos a posse de /fma boa
militar ponuguesa cm África tcm sido tão aviltada. Aliás. to-- parte d ·ele. e I'el/cemos o pleito. sendo por isso il/dispellsá-
da a biografia de Augusto de Castilho deveria constar da car- I'el que mostremos ao mUlldo que SOIlIOS dignos de o pD.fsuir
tilha de educação cívica e histórica da actual juventude. que e capazes l/e o cil-ilizar. Os illgleses, que sl10 ciumentos, I'i-
assim poderia melhor compreender, por analogia. o que ac- ra", com mllUS olhos a decis(lo em I/OSSO favor. e e~'lclo hoje
tualmente constitui o processo da governação de Macau. esperam/o q/le Portugal empregue meios extraordinários pa-
Mas debrucemo-nos na cana de Augusto de Castilho. que ra dotar o país com gral/des melllOramemos de t(}(/o o géne-
a seguir reproduzimos, dirigida a João de Andrade Corvo. ro. Há t/Ido por fazer e silo il/dispellsáveis medidllS
adoptando a onografia actual , sem prejuizo do estilo: rtlsg(uJ(ssimlls. O e.W·l/Cto de 11m jornal de Natal acerca da
arbitragem que reli/elO a V. Exa. mostra claramellte quais Silo
Cana a João de Andrade Corvo. as ideias tia II/gltllerra a este respeito. (I)
Ministro da Marinha e Ultramar Falou-se ell/ lempo 1/1111/ cami/lho de ferro para o TraIlJ-
\'(lI. fez-se mesmo lima concessi!o que já caducou por ter ex-
Lourenço Marques. 17 de Maio de /875 pirado o prazo faUlI, e /lada se fez ailltla por faltll til' /lm(l
ellérgiclI iniciatil't/ tio co/lcessiollário, lIIas pril/cipalmeme por
fillla de estudos prél'ios que cOIII'il/assem os capitllis a
Um. Q um. (I
empregarem-se lia empresa com segurança. Todos os passos
Desculpe-me V. úa. que lhe roube algll/IS mil/UfOS do seu q/le no semitio da rtwlizarão d 'esta magnifica ideia se têm
precioso Itm/po. e l/do me leve a maio meu atrevimelllo que dado Silo devidos a eS/Tallgeiros, principalmeml! do Trans-
s6 é fundado lias ardentes desejos que tenho de que este país 1'(tI. e se é verdade q/le são eles q/le IIão-de IOh"l!'l. I/lcrar m(lis
se desellml\'O. e lia gralltle fé que tenho no enérgjca vontade com li abertura d"lillha, 1Il10 é mel/os I'erdade que as I'llllrll-
e útil illleligência de V. Exa. O Distn"to de Lourenço Mar- gells que d'ela "m'emos de {luferir SilO também colossaü·.
ques estd passando por uII/a crise melilldroslss;ma, e carece Pelo o//lm extracto que também remeto "eró V.Exa. que li coi-
de que nele se concelllrem neste momelllo todas as a/ençlJes S(I talna. ti 'esUl 1'l!4 se realize. Para tontar a V. Era. bem /XII-
do Govento. trodllzidtls em sábias medidas que o façam pdl'el a import{mcitl tio camillho de ferro. lJir-lhe-t!i que a
desem'olver-se e mil/ar o lugar que lhe compete aeimtl de to- tiistância de Lourenço Marques aos Campos de OumAIlJtraü
das as lJistrilOs da Provlncia, e pelo menos a par dos adian- (Solllh Africl'" GoM Fie/ds) é afJel/lI~' de 160 militas, enquan-
((Idos portas ingle.çes próximo.ç. to (I lle Natal ao mesmo pOIltO é de 450. Jullfe V. Em. (I isto
Conquanto me 1I{10 cOl/ste ainda oficialmente o resultado q/le o porto /lasso é ótJlimo e acessfl'el (/ qualquer I/avio, e
lia arbilrtlgem, fell/IO visfO al/otlcia em lodos os jornais in- que o NaUlI é péssimo e SI/jeito li perigosas cOlllingêneias (/e
gleses de Natal. Cabo e Trw/sI'al, t' por isso me lião é per",i- marés. e lu/mire-se quando lhe eu disser que apesar de 1(}(las
lítio duvidar que ela foi dada em /lasso fill'or. Hoje, pois que
de direito possuimos toda eslO fonllos(ssima baía que é ti me- (I) Rtferr-u u dtC;JIIQ (Ir Mllc-Mal!(}/I.
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