Page 134 - Revista da Armada
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OS 100 ANOS 00 INSTITUTO
           DE SOCORROS A NÁUFRAGOS

             Criado por Cana de Lei de  1892. o Real
           Instituto de Socorros a Náufragos nasceu a
           21  de Abril do mesmo ano sob a presidência
           de D.  A!TlI!lia  d'Orleans e Bragança.
             O s6culo XIX  foi  f~nil no aparecimento
           de organizações congéneres. avultando,  en-
           Itc elas,  a Royal  National  Life-Boat lnstilu-
           tion (RNln. que, de ceno modo, serviu de
           modelo aos institutos semelhantes que se fo-
           ram criando.
              Portugal Rio enl. po~m, wn paCs de cos-
           tumes bárbaros que atrafsse os navios à costa
           para as populações ribeirinhas se aproveita-
           rem das fazendas e bens que davam à praia.
           D. Afonso  fi legislou cm  1211  proibindo o
           jus naufragSi que noutras nações pcnnitia aos
           senhores da terra  litoral  a posse  dos  restos
           dos  naufrligios.
              D.  Pedro D mandou,  tam~m. em  1691.
           que nas suas fortalez.as marftimas existissem
           sempre  _barcas  aparelhadas e prontas  para   Dl4fGnu anos, I!mba~.r como I!$fa I!$ti~ram I!m Sl!rvf(O na Fot do Dlmro (D.  V"uctmdl! dI! lAnçado
           acudir a salvar gente e fazendas dos navio~  foi grandl!  bl!nl!miriro do  ISN).
           de qualquer acidente que se desse nas costas
           do  Reino.                           Em  1852. naufragou na Foz do Douro o   O  seu  primeiro  presid~nte 6  a  Rainha
              No enlanto. no s6culo XIX, as primeiras   navio Porto, mesmo junto a tem, morrendo   D. Arntlia e o secretário-inspector que a tudo
           iniciativas ~rias. para a criaçio de eslaÇÕes   quase todos os seus uipulantes e passageiros.   superimende  ~ o  comandante  H~cio de
           de salva-vidas, tiveram raiz. em interesses c0-  perante o olhar atónito e aterrorizado do p0-  Brion, que  há-de  pennanecer no seu  posto
           merciais.  Em  1800  o  segundo-duquc  de   vo que se aglomerava na margem sem nada   durante  dezenas de anos.
           Northumberland ofereceu II cidade do Porto   poder  fazer.             O Instituto  nasce  como  uma  instituição
           a primeira embatcaçio projectada par1I $&Ivl-  Novamente se criam movimentos de s0-  privada vivendo de donativos e quotas de só-
           -vidas.  A SUl  oferta deve-se  lOS  interesses   lidariedade, desta vez mais apontados para a   cios. mas a Marinha não deixa de o auxiliar
           comerciais  ingleses  na zona.    salvaguarda da vida humana no mar, e funda-  largamente com 6 contos de ~is por ano, que
              O.Miguel tomou lambt!m algumas irucia-  -se a Comissão Humanitária da Foz do Dou-  chega  /II·vontade  para  o  pagam~ nto  do
           tivas,  nomeadamente  na  criação da CSUlÇio   ro com  meios de socorro,  enfermaria, etc.   pessoal.
           de $&Iva-vidas de Paço de Arcos. para socor-  Em  18790 ministro da Marinha e do UI-  Em  1900, já dispõe de  19 casas-abrigo,
           rer os acidentes marftimos que enun frequen-  lI1mlar manda esrudat o estabelecimento dum   16  salva-vidas e 7 estações de  porta-cabos,
           tes no Bugio e criou tambt!m em S. Joio da   serviço de socorros a náufragos para ~rvir  puxadas  a cavalo.
           Foz do Douro a Real Casa dos Naufragados   todo o Pais, Continente e llhas Adjacentes.   Em 1909 ena-se o primeiro serviço de as-
           com casa-abrigo para $&lvI-vidas, enfenna-  O relatório elaborado de maneira exaustiva   sislencia  nas  praias,  primeiro  na  Trafaria,
           ria. casa das máquinas e outras dependências.   aponta para uma verba avultadfssima de 236   eSlendendo-se mais tarde a Albufeira e a Ca-
           todas a cargo da Junta da Administração da   contos de  réis.  Tal  verba assusta as lutOri-  xias, e em  1910 são colocados 120poslos de
           Companhia-Geral da AgricullUra dos Vinhos   dades, que desistem de pôr em marcha a cria-  praia.
           do  Alto  Douro.                  ção de um Instituto de Socorros a Náufragos   Entretanto o ISN não descura O salvamen-
              Mais uma vez, ressallam os interesses c0-  OSN).                 to preventivo de vítimas de naufnlgios e, ten-
           merciais  de  procurar  salvar  mercadorias   Em Fevereiro de 1892, um violentfssimo   do verificado que 60% dos nossos pescadores
           transportadas  por  mar.          temporal assola as costas de Ponuga1 e, a ins-  não sabe nadar, começa a distribuir cintos de
              Estas estações tiveram vida ef6mera e a   tânciu da  rainha,  6 criado o Real  InstilUlo   salvação,  projectados  pelo Instituto para os
           da  Foz  do  Douro  pouco  tempo  depois  era   de Socorros a Náufragos em Abril do mes-  barcos de pesca, a um ritmo de 2 mil por 800.
           vendida  em  hasta  pdblica.      mo ""'.                              Durante aI.· Grande Guerra, entre 1917



























           o ....4llomic 2/., com  30n6s dI!  ~lot:idadl!, I  a  ultima aquúiçdo do  ISN.
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