Page 173 - Revista da Armada
P. 173
TRAVESSIA AEREA LISBOA·FUNCHAL
INAUGURAÇÃO DE UMA RÉ,PLlCA gerais, comandante naval da Madeil1l. pre-
DA MEMÓRIA COMEMORATIVA sidente da Câmara Municipal, deputados,
comandante e oficiais do NE .. Sagres.. e muilO
o padrão. que se enContrava no Museu povo, incluindo estrangeiros. sobretudo in-
de Marinha, foi oferecido pela Armada à gleses.
Região Autónoma da Madeira, ficando assim O ALM Souto Cruz, depois de uma breve
o original no ponto de partida,junto à Doca descrição da viagem, que, como frisou. se
do Bom Sucesso. e a n!plica no ponto de destinou a testar os métodos de navegação a
chegada. porto do Funchal. como é lógico e utilizar na Travessia Lisboa-Rio de Janeiro.
juSto. Tardou (passaram-se já 7\ anos!) mas e foi a primeira no mundo reita com navega-
vale mais tarde que nunca .. çlio aSlro06mica. ofcreceu li Região Aut6no-
De Lisboa, deslocaram·se ao Funchal: o ma. em nome da Armada. o monumento
ALM SouIO Cruz, em representação do Chefe inaugurado.
do EstadO""Maior da Armada, e o CALM O presidente Alberto João Jardim. num
Malhciro do Vale e o CTEN Silva Rodrigues, brilhante improviso, agradeceu a oferta. afir-
estes a convite do Governo Regional da mando ser mais um marco a atestar as boas
Madeira; lodos antigos aviadores navais. relações que sempre u:istiram entre a ilha da
A cerimónia realizou-se na tarde de 21 Madeira e a Armada Portuguesa. pela qual
de Março. ficando o padrão implantado no manifestou o seu grande apreço e considera-
passeio sul da Avenida das Comunidades, ção. Elogiou também a acção desenvolvida
entre a Assembleia Legislativa e o local onde pelo ALM SOuto Cruz. como Chefe do
amarou o hidroavião bimotor F3-4018 da Estado-Maior da Arnlada. no difícil perfodo
Armada. pós-25 de Abril de 1974_ e frisou o alto
Presidiu à referida cerimónia o presidente significado da viagem aérea que se comemo-
do Governo Regional. dr. Alberto João Jar- rou. levada a cabo por Sacadura Cabral,
dim. que recebeu honras militares de uma piloto e comandante da expedição, Gago
força do navio escola cSagres-. estando pre- Coutinho. navegador. Ortins de Benencourt.
sentes, além dos oficiais acima referidos, o 2. o piloto, e o francês Roger Soubiran,
bispo do Funchal. o comandante-chefe das mecânico.
Forças Armadas da Madeira. secretários
•••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••
A ILHA DOS MIL JARDINS
O amável convile do Governo Regional ambos viveram, o Curral das Freiras. situado
da Madeira. para assistir 11 inauguração do num vale profundo, onde as freiras de um
monumento comemorativo da primeira via- convento se refugiaram para escapar à fúria
gem aérea Lisboa-Funchal. proporcionou-me dos piratas, a povoação de Cimara de lobos,
a alegria de visitar a Madeira, o que já não onde 05 navegadores portugueses desembar-
sucedia desde que cessei as minhas andanças caram pela primeira vez, etc.
pelos sete mares, em navios de guerra de O comandante Rodrigues, homem dos
cujas guarnições rlZ parte. sete orrcios que, além de oficial de marinha,
logo ao descer do aeroporto de Santa foi aviador naval e piloto de carreira da TAP
Catarina para a cidade do Funchal, em plena (Transportes Aéreos Portugueses), da T AIP
noite - na Madeira desce-se ou sobe-se -. (Índia porruguesa) e da T AT (Timor), durante
recordei aquele rendilhado de luzes que cobre a viagem de ida e por amável deferência do
a vertente sul e se vai tomando mais denso comandante do avião, levou-me ao cockpit.
à medida que nos aproximamos do porto, onde verifiquei ser incomensurável a distância
onde atinge o máximo. que separa os aviões actuais dos de tempos
Percorridos os cerca de 20 quil6metros passados. Basta ver, que enquanto nós rlU-
de boa estrada que atravessa virios túneis e mos a viagem de Lisboa 11 Madeira em uma
pontes, chegámos a um dos magnificas hotéis hora e um quarto. Sacadura Cabral e os seus
da cidade. este velho dos meus tempos de companheiros demoraram ... 7 horas e 40
jovem segundo-tenente, mas perfeitamente minutos!
actualizado em beleza e em comodidades. Mas vollemos ao Funchal. O nosso pro-
A estadia foi apenas de dois dias - 21 grama foi maravilhoso, mas estafante! No
e 22 de Março de 1992 -, mas deu para ver primeiro dia, um sábado, II convite do c0man-
muitas coisas, graças às facilidades de trans- dante naval, capitão-de-mar-e-guerra Janes
porte que nos foram facultadas . Acresce que Semedo, que curiosamente põe mais dois
um dos nossos companheiros. o capitão- chapéus quando é preciso - um de chefe do
-tenente da reserva Silva Rodrigues, é um Departamento Marftimo e o outro de capitão
madeirense não SÓ de nascença. mas também dos ponos - fomos almoçar a um restaurante
de alma. e coração, sendo, por isso, um cice- na encosta, do qual se desfruta uma vista des- sente, se fez representar pelo secretário da
rone ideal. Por ele ficámos a saber que as lumbrante sobre a bafa. Depois, fomos Educação. Juventude e Emprego.
casas antigas tinham - e muitas têm ainda assistir li. inauguração do monumento e, a No segundo dia. 22, viveu-se um ambien-
- altas torres das quais os moradores vigia- seguir, recebidos com muita afabilidade, na te inteiramente naval. com um almoço no
vam os desembarques dos corsários, que residência do ministro da República na Re- navio escola cSagrtS_, por convite do respec-
frequentemente assaltavam a ilha matando e gião Aut6noma da Madeira, vice-almlrante tivo comandante, capitão-de-mar-e-guerra
pilhando todos e tudo que se lhes opunham. Rodrigues Consolado, no Palácio de S. lou- Malhão Pereira. Já no Cais. com muita gente
Vimos também uma igreja mandada cons- renço, finalizando o dia com um jantar ofe- da lerra e estrangeiros. assistimos 11 largada
truir pelo descobridor da ilha e grande nave- recido pelo secretário Regional do Turismo. do navio de regresso a Lisboa. A manobra
gador GonçaJves Zarco. uma capela, de Santa Cultura e Emigração, Sr. João Carlos Nunes foi impecável, sem gritarias, sem confusão,
Catarina. por sua mulher. a casa em que Abreu que, na impossibilidade de estar pre- apenas se ouviam os apitos do mestre. Fol-
27