Page 332 - Revista da Armada
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EDITORIAL



                                                                                  se espera, após ,15 primeiras e formalmen-
                                                                                  te livres recentes eleições, que OS Te.lis inte-
                                                                                  resses do martiri7.tldo  pc)\'o angolano se
                                                                                  sobreponham a sempre condenávei~
                                                                                  ambições pcssD.1is de índole totalitáriil,
                                                                                  eventualmente ptlssf\"eis de levar a inde.... ....
                                                                                  jâ\·eis novas lutas  fratriddas, impeditiva::.
                                                                                  do caminho para uma \·erdadeira dem<)-
                                                                                  meia.
                                                                                    Eleéo 22 de Novembro de 1963,enl que
                                                                                  se dá o as&lssínio, em DilUas, no T ex.15. do
                                                                                  presidente dos EUA John  Kennedy, acon-
                                                                                  tecimento que continua envolto de duvi-
                                                                                  das e especulações e que evidencia bem
                                                                                  quão complexas e intrincadas sào as tei.lS
                                                                                  da política, a tal "grande porca", como lhe
                                                                                  chamava satiricamente o genial caricaturis-
                                                                                  to,  Rafael  Bordalo Pinheiro, e na  qual. afi-
                                                                                  0..11, nem sempre o que pm-eceé ...
                                                                                    Eleéo 25 de Novembro de 1975, com o
                                                                                  seu algo confuso  e pouco transp.1rl'nte
                                                                                  golpe/contra-golpc de cariz político-mili-
                                                                                  lar, conforme a perspecti\·a da esmag,l-
                                                                                  dor.l maioria da  m.,is esclarecida opinião
                                                                                  pUblica  da  .1Itura, mas que,  todavi.1,  n.io
          credível  segurança  preventiva, designadamente em termos de   deixou de constituir um  m.1rCO import,mte e  significativo do pro-
          infra-estruturas, meios assistendais, organi2.ação e preparação   cesso revolucionário em curso, iniciado em  25 de Abril de 1974, na
          psicológica, factor não desprezível em tal circunstância, embora   senda irreversível pt1Til uma plena e descjáwl democracia liberal.
          sejam de referir as louváveis campanhas de divulgação,  feitas   Ele  é,  e deixo-o  propositadamente para  o  fim,  o 2 de
          nos últimos anos pelo Serviço Nacional de Protecção Civil.   Novembro,  Dia dos  Réis  Defuntos, esse1  triste e lúgubre data
           Ele é o 11 de Novembro, dia de S.Martinho, com a típica, cas-  em que. momentaneamente desapegados de tudo o que é terre-
          tiça  e portuguesíssima feira  do cavalo na  ribatejana  vila  da   no,  evocamos, recolhidos e contritos, a Se1udosa  memória  dos
          Golegã, em que galhardos marialvas e esbeltas amazonas mon-  familiares  e amigos ~i desaparecidos do mundo dos  vivos.  E,
          tam, com destreza  e donairc, OS  melhores exemplares de raça   nesta  Revista, que continua a  ser o elo indestrutivel de toda  .1
          lusitana, admirados e disputados em todo o mundo; e, por tudo   nosSe1  grande e solidária  Família  Nav.,l, eu  desejaria  deixar
          o que é Portugal, o tradicional magusto, com apetitosas e quen-  aqui,  precisamente no  Dia  de Finados, em  que esta edição
          tinhas castanhas a estalar nas brasas e capilosa água-pé a escor-  começará a ser distribuída, uma sentida palavra de homenagem
          rer dos pipos, bem escorripichados, para as goelas sedentas   e de  saudade por todos os camaradas  já  falecidos, com um
          destes nossos inefáveis compatriotas, tantos dos quais, com   muito especial louvor de gratidão pelos que, abnegada e heroi-
          uma pinga a mais, civismo a menos e consciênda assim-assim,   camente, deram a vida  pela  pátria. enquanto aguardamos,
          não  têm pejo em  pôr-se ao  volante dum automóvel,  transfor-  mfseras e insignificantes criaturas desta  aldeia global  que é o
          mando, muitas vezes, horas, que deveriam ser de alegria e de   mundo de hoje, que chegue também a noss.,  hora, ditada  pelo
          festa, em  momentos de tristeza  e de luto, contribuindo, crimi-  destino fatal. em quI.' os nossos corpos, ~i que da alma só Deus
          nosamente, para que o nosso  país mantenha o primeiro lugar   sabe, pousem, tal como as folhas das ân·ores e dos arbustos dI.'
          na  Europa - co' os diabos, em alguma coisa havíamos de ser os   que  falava  ao principio, serenamente  n.l  terra, onde, mortos e
          primeiros ... • em mortos e feridos por desastres de viação.   putrefactos, se  irão  transformar,  inexoravelmente, em  matéria
           Mas é também o 11  de Novembro de 1918, em que foi  posto   fertilizante e revivificadora, fonte perene de energia e de vida .. ,
          fim â primeira grande hecatombe bêlica deste século, a Primeira
          Guerra Mundial, pelo armistício, assinado nesse dia, numa car-
          ruagem, na  floresta  de Compiegne,  pequena e  linda cidade
          francesa. banhada pelo Cise, a cerca de 80 Km de Paris. a qual
          tive o ensejo de visitar há  poucas semanas atrás, para assistir à
          representação da ópera  "Cristóvão Colombo"  no seu  velho
          Teatro Imperial, onde também se falou dos bravos navegadores
          portugueses dos Descobrimentos, carruagem essa que, nos pri-
          mórdios da Segunda Guerra Mundial, mais precisamente em 22
          de Junho de 1940, viria a servir novamente para a assinatura do
          armistício, desta vez entre a Alemanha de Hitler e a França de
          Pétain, lamentavelmente capitulada perante o então poderoso e
          devastador inimigo germânico, que, como é hábito por parte da
          maioria dos vencedores, se encarregaria de destruir o monu-
          mento, que,  naquele local, ficara a perpetuar a vitória dos alia-
          dos em  1918, mas reconstruído mais tarde pela França vitoriosa
               Gaulle, após o termo das hostilidades em 1945.
                        11 de Novembro de 1975, data da independência
                          ""JÓia da coroa" do antigo império colonial por-
                                       acordos de Alvor, mas onde
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