Page 41 - Revista da Armada
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Nota de Abertura








                          Património histórico-militar


                                 e Comunicação Social



                 u  sei que oito séculos e meio são nada em rela-  ria dos portugueses, a Companhia de Jesus, as batalhas
                ção ê.  idade da Terra,  de alguns biliões  de  anos   da restauração, o terramoto de 1755, a guerra peninsu·
            Epelos  cálculos  dos  astrónomos,  bem  como  ao   lar, a  guerra civil de 1832/34 enue liberais e  absolutis-
            perioclo de tempo, da mesma ordem de grandeza nas pre-  tas, etc.
           visões daqueles cientistas, que ela ainda tem para durar,   Quanto ao seminário, cujo relato não é  obviamente
           até ao seu destino fatal, segundo eles, de absorção pe-  consentAneo com a  natureza e  o  espaço duma simples
           las camadas exteriores do Sol, quando esta estrela uanb   nota de abertura, nlo quero deixar de referir como ficou
           da nossa galáxia, fonte da vida terrena, se encontrar em   bem  patente  o  significativo  valor  cultural  do  nosso
            processo irreverslvel de distensAo e  expansão, premo-  património histórico-militar.  sendo curioso referir que
           nitório da sua inexorável degradação e  extinção.   Portugal é  o  país da Europa com  maior densidade de
              Sei também que, mesmo tAo-somente em relação ao   fortificaç6es  militares,  que incluem  o  impressionante
           tempo de vida, passado e futuro, do ser humano na Ter-  número de 213 castelos, de que só 98 são considerados
           ra, ainda que imensamente mais pequeno que o tempo   monumentos nacionais, sendo 61  imóveis de interesse
           de existência total do minúsculo planeta em que habita-  pllblico e nlo estando classificados os 54 restantes, além
           mos, aquele perlodo continua a ser uma ínsignifictncia.   de numerosas fortalezas, fortes e torres, espalhadas por
              Mas o  mesmo }á  oAo se pode dizer quando nos re-  esse pais fora.  Se  a  essa componente imóvel daquele
            portamos à  história da bumanidade, em que 850 anos   património  juntarmos  conventos,  mosteiros,  igrejas,
           são qualquer coisa de muito imponante, para um Povo.   padrOes, cruzeiros, estátuas. sítios históricos, residências
           para uma Nação, para um Pais, para um Estado. E Por-  de figuras históricas e museus, com a sua diversificada
           tugal, há que frisá·lo nesta euforia e frenesi de uma de-  componente  móvel,  desde  embarcaçOes,  aeronaves  e
           sejável Europa unida,  pelo  menos  no  sentido de uma   armas, até fardamentos, quadros, fotografias,  livros  e
           necessária coesão económica e social, a qual todavia eu   tantos ouuos objectos, podemos bem aquilatar a impor-
           gostaria que não fosse dissolvida e que por vezes se apre-  tAncia do património histórico..militar português, valor
           senta um tanto desentendida e  algo confo.mdida,  conta   inestimável  a  defender,  a  preservar,  a  valorizar, 'a
           já quase com essa provecta e bonita idade, que o credi-  recuperar e  a  divulgar.
           ta como o Estado-NaçAo europeu de fronteiras mais an-  Ora, é nesta perspectiva, e}á que o Estado não pode
           tigas.  Dai  uma  civilização,  dai  uma  cultura,  daí  um   só por si conhecer e acorrer a tudo, que a Comunicação
            património, daí uma história.                    Social pode e  deve desempenhar um papel preponde-
              E era precisamente aqui que eu queria chegar, para   rante, com particular realce para a  imprensa regional e
           evocar o  enorme e  valioso património rustÓrico-militar   local, quer detectando e denunciando situações atenta-
            português, a  propósito do m  Seminário sobre Patrimó-  tórias  do património, quer esclarecendo e  divulgando
           nio Cultural e ComunicaçAo Social, que, realizado em fim   junto das populações, quer ainda sensibilizando o Estado,
           de Novembro passado, abordou tal temática, tendo si-  as  autarquias  e  as  entidades  que  possam  ter  papel
           do, como os dois anteriores, de 1989 e 1990, organizado   actuante e  eficaz naquelas necessárias acções.
           em conjunto pelo Instituto Rainha Dona Leonor e  pela   E eu acredito nos verdadeiros profissionais da Comu-
           Direcção-Geral da ComunicaçAo Social Diga-se de pas-  nicação Social, tão mal tratados por vezes pela socieda-
           sagem, para quem eventualmente o desconheça, que es-  de civil, com base em infelizes casos pontuais, como aliás
           te Instituto. em actividade desde Abril de 1985, é  uma   acontece com outras classes abrangendo matérias oanuito
           instituiçAo privada, sem fim  lucrativo, que se dedica à   sensíveis-, de que destaco os médicos, os advogados, os
           formação, investigação, consultoria e divulgação no Am·   militares e até os padres, servindo facilmente e com mui-
           bito da defesa do património cultural, prestando servi·   ta frequência de bombos de fest8 ." Econtmuo a pensar
           ços às pessoas singulares, às instituições, às autarquias   que a  indispensável classe dos jornalistas, nobre como
           e ao Estado. Assim, foi educa· tivo e  agradável assistir   as que acabo de mencionar, constitui um dos esteios fun·
           a  tal evento, lamentavelmente pouco concorrido - era   damentais da genuína democracia, quando, dentro da
           um fim-de-semana cheio de sol e céu azul ... -  no rico   liberdade exigível, exercem o seu mUnus com a isenção,
           e maravilhoso cenário do magnífico salão do Palácio Foz,   a  independência e a imparcialidade devidas, o rigor e a
           onda a Direcção-Geral da Comunicação Social, é útil que   objectividade  possíveis e  a  abnegação desejável.
           se saiba, disp6e, na sua biblioteca Duane de Sousa, de
           um precioso acervo de cerca de 2000 obras literárias, em
           perto de 2500  volumes, de autores estrangeiros sobre
           Portugal, contemplando temas do maior interesse, como
           as navegaç6es e os descobrimentos e a acção missioná-                                  CALMMN



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