Page 81 - Revista da Armada
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culose, o BCG, com posterior gene-
        ralização aos outros ramos das For-
        ças  Armadas  e  organismos  civis.
        Assiste-se  em  1979  à  criação  do
        Laboratório de Análises Fármaco-
        -Toxicológicas, que, conjuntamente
        com a introdução no nosso pais do
        Modelo de Recuperação Minnesota,
        desencadeou um ambicioso progra-
        ma  de  dissuasão  do  consumo  de
        drogas  e  álcool  e  tratamento das
        respectivas dependências, que bem
        pode ser apresentado como um mo-
        delo  a  seguir  a  nível  nacional.  O
        referido modelo de recuperação foi
        introduzido em Portugal pelo  1. 0_
        ·tenente  médico  naval  psiquiatra
        Joaquim Margalho Cartilho.
           Dadas  as  especificidades  de   Fachada principal do HM (foto: Rw Salta).
        natureza operacional, foi a Marinha
        a  primeira instituição em Portugal  e a evocação do dr. Bernardino An-  de interiores que passa desperce-
        a interessar-se pela medicina hiper-  tónio  Gomes  (filllo).  Descendo  ao   bido a  quem visita o  HM.
        bárica,  nomeadamente  no  trata-  nível inferior, encontra-se do lado   Visitámos o piso 1, onde se en-
        mento dos acidentes de mergulho    nascente o  local da antiga capela,   contra a  maioria das especialidades
        e respectiva instrução. As câmaras  onde ainda se pode ver uma porta-  médicas. Seria monótono descrevê-
        hiperbáricas existentes na Marinha  da em pedra encimada por um fia-  -las, mas em todas pudemos obser-
        têm  sido  postas  à  disposição  de  rão, na entrada para o  laboratório  var instalações funcionais e acolhe-
        diversos organismos, sobretudo os   de  análises  que sofreu há quatro   doras,  o  atendimento  feito  com
        casos cUnicos que possam benefi·  anos  uma  profunda  remodelação   simplicidade,  sem  atropelos,  dir·
        ciar  da  chamada  oxigenoterapia  nas suas instalações, para além da   -se-ia que ali tudo era harmónico.
        hiperbárica.                      aquisição de novos equipamentos,   Chamou-nos  a  atenção  um  facto
           De referir a existência no HM de  que fazem dele um dos melhores do   que aqui relatamos:  em quase to-
        uma câmara hiperbárica de grande  género no o'osso país.             das as especialidades médicas ha-
        capacidade,  a  funcionar  desde      Ao lado encontra-se a farmácia.   via uma vitrina ou armário em que
        1989, e  que neste momento cobre  admirável pelas pinturas do tecto e   se encontravBIO expostos utensilios
        as necessidades dos outros Ramos  dos  seus  magníficos  armários  na   e aparelhos médicos antigos e fora
        e  da  sociedade  civil,  recebendo  traça  original,  em  tons  de  azul  e   de uso. Excelente indicador este de
        diariamente doentes de todo o pais.   branco e  em muito bom estado de  um verdadeiro espirita de classe, e,
                                          preservação.  Neste  mesmo  nível.   segundo  conseguimos  averiguar,
        Uma visita ao Hospital            do  lado  poente,  encontram-se  o   eventual  embrião  de  um  espaço-
                                          Banco e os Serviços Complementa-   -museu do HM.
           De manhã cedo o HM apresen-    res  de Diagnóstico,  bem como os     Continuando a  subir, começá-
        tava a azáfama habitual de um dia  Serviços  de Ortopedia e  Fisiatria.   mos, no piso 2, por visitar a actual
        normal de consultas, o  vaivém de  Pode-se observar o bom gosto dos   bonita  capela.  que,  em  1911,  foi
        pessoas pelos corredores e as salas   azulejos, com motivos navais, colo-  devassada e ocupada como arreca-
        de espera bem compostas  de  pa-  eados recentemente nos corredores   dação.  Hoje  em  dia  encontra-se
        cientes, que aguardavam a vez de  deste  nível  e  outros,  que  fazem   muito  bem restaurada, sendo um
        apresentarem as suas maleitas. As   parte de um plano geral de melho-  ponto  obrigatório  de  visita  pela
        batas brancas, por aqui e por acolá,   ramentos do HM.               riqueza do seu traçado e  pinturas
        conferiam o cunho de uma institui·    Descemos  então  para  o  nível   das paredes e tectos, apresentando
        ção médica, no meio de militares e   mais baixo, local que, por volta do   um sistema inédito de iluminação,
        civis desta grande família naval. A   século XVIn, compreendia a horta   através de janelas com vitrais late-
        equipa  da  «Revista  da  Armada))   do hospício e que agora abrange a   rais e  na parede do altar.
        (RA)  foi  acompanhada  de  manhã  casa das autópsias, os serviços de   Neste piso funciona igualmente
        pelo  CFR  MN  Rocha  de  Macedo,   apoio, messes e bares. Foi com mui-  o Bloco Operatório e as instalações
        grande  entusiasta  dos  aspectos   to agrado que observámos o  bom   da Junta de Saúde Naval (JSN), mas
        históricos deste hospital, redactor-  funcionamento e  asseio geral des-  uma outra surpresa nos esperava
        -chefe da (cRevista Médican do HM   tes serviços, assim como o aprovei-  mais à frente, na Biblioteca. Encon-
        e  responsável da especialidade de  tamento de espaços, como é o caso  trava-se lá patente, desde 1 de No-
        Dermatologia. Pudemos admirar os   da  magnífica  transformação  de   vembro,  uma exposição integrada
        magníficos  azulejos  da  entrada  uma zona de banhos, oitocentista,   na comemoração do dia da unida-
        principal, representando a  assina-  tipo termal,  e,  no  bar das praças,   de, cujo tema era IIColeccionismoll,
        tura do alvará pelo príncipe regente  uma pequena obra de arquitectura  versando,  entre  outros  items,  a

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