Page 88 - Revista da Armada
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quer maneira, se isto fosse só assim, DATA DA
a explicação quanto ao uso do notur- .-__ -r;;-_";::08SaI: VAç.lO
lábio quase que podia ficar por aqui:
fazlamos coincidir com a Polar o
centro de um ponteiro, e alinhávamo-
-lo com outra estrela próxima, de
qualquer das Ursas, por exemplo.
Infelizmente, as coisas complicam-
-se um pouco mais.
Perguntemos, por exemplo: a
partir de que posição das estrelas
passarfamos a contar as horas?
Como estavam as duas Ursas, diga-
mos, à meia-noite? É que, se a via-
gem for comprida e nós nos quedar-
mos por mais tempo a olhar para o
céu, vemos que ele também muda
de noite para noite. Os nossos con-
frades marujos de antanho, aqueles
que não passavam os quartos com
os olhos pregados num visor do
radar. nem encafuados no CIC, já
tinham descoberto que as estrelas
que viam, digamos, em Maio, não
eram as mesmas que, à mesma hora
e no mesmo lugar, viam em Agosto
ou Dezembro. Cada estrela dava a
impressão de aparecer dia a dia
mais cedo, isto é, de avançar de
posição em relação à véspera.
Limitando esta observação à Fig. 3
constelação da Ursa Menor, por
exemplo, a posição em que ela se Ursa Menor, a seguir à Polar, e opos- meandros astronómicos, que as
pode apresentar ao longo de certo ta a ela por se encontrar no extremo estrelas continuam a nAo se mexer,
intervalo de tempo, e à meia-noite, da cabeça - se mostrarão na mes- mas aquelas diferenças de noite
é a esquematizada na figura 2: ma posição, que podemos dizer de para noite resultam do movimento da
Isto é, a meia-noite de cada uma horizontal, ficando a Kochab na linha Terra em torno do Sol, ou movimento
das 24 quinzenas do ano pode ser do braço esquerdo do Homem do de translação. Porém nAo passemos
identificada por uma posição dife- Palo. Ora, esta constatação já é um daqui, pois quanto dissemos atrás,
rente da Ursa Menor (e quem diz principio de definição, quanto a ini- para nós, e por agora, é suficiente.
desta, diz das diferentes estrelas do cio de contagem das horas. Nestas circunstAncias, a meia-
céu), repetindo-se o ciclo ao cabo Para não ficarmos pela genera- -noite, como linha de referência,
dos doze meses do ano. Ou seja, em lidade de dizer apenas que isto é podia ser inclulda no desenho do
todos os Janeiros a Polar e a Kochab uma constatação, adiantaremos. Homem do Palo. E foi isso o que
- esta, a estrela mais brilhante da para os mais esquecidos nestes fizeram os homens de então. A roda
do Homem do Palo, de pernas uni-
. , ... das. e de braços dobrados pelos
"\ , ....
U CII .. *..... "'e cotovelos, traçaram segmentos
radiais à maneira de uma rosa-dos-
'. ..... '''' -ventos simplificada: quatro raios
• •
, .
\ \ principais - o da cabeça, dos pés,
. ,
· .
do braço esquerdo e do braço direi-
•
•
· ,
'OLAR • • to, outros quatro intermédios, e mais
dezasseis a dividir a coroa circular
I uc" .. \~ l em 24 partes Iguais. Isto. está-se a
-~---- -------;9.'- 'ClLAI -*,- ver, é Já uma espécie de relógio para
I ". .'" . I 24 horas. Mas nAo só. É que também
,'" \
... ~ ...... ----, ,nu
, -- .- "," é uma divisão do ano em 24 parcelas
de tempo, ou seja, de quinzenas.
Neste caso, podemos escrever, em
U MUDU DE
JUUIICI cada um destes pequenos segmen-
tos radiais, a parcela de tempo em
Fig. 2 que a tat estrela, que os árabes bap-
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