Page 310 - Revista da Armada
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Memória breve da aviafão naval
A nova Esquadrilha de Heli· A viação Naval. O encaminha-
cópteros da Marinha não mento do pessoal que, entJo,
representa o renascimento da nela prestava serviço, assim
A viação Naval, embora des- como o processo de transfe-
perte naturais memórias e rência das instalações e equi-
emoções nos que nela servi- pamentos das bases de S.
ram, e que, relizmente, são Jacinto e do Montijo, foram
ainda muitos, e seja igual- demorados e muito contro-
mente inspiradora daqueles versos.
que, a partir de agora, têm ii Em 1957 foi criada a Força
responsabilidade de gerir, Aérea, como ramo indepen-
manter e pilotar os helicópte- dente das Forças Armadas,
ros dA Milrinhíl. tendo o pessoal da Marinha
A Revista da Armada ap~ podido optar por voltar a csta
veila a oportunidade da apre- ou ingressar na Força Aéren.
sentação pública dos helic6I>" De entre os que optaram pelo
teras NLlNX" • um dos mais 5.K.Idufil C.lbtdl ~ Mtónio Cast>;to. brevetados em 1916, foram os PflnlC;ros regresso à Marinha, alguns
expressivos símbolos da pilc!toHvi.Idores cid Marinh.l ainda se mantiveram em ser-
moderna tecnologia aerona- de Chartres em 9/3/1916, cinco dias depois, o 2" tenente viço na Força Aérea por
vai. para recordar. através de obtendo depois uma especia- Caseiro falecia no Hospital da algum tempo.
uma memória breve, que, tal lização em hidroaviões. na Marinha, tomando-se na pri- O último marinheiro que
como em tantos outros domí- Escola de Aviação Naval de meira vitima da aviação voltou à Marinha, em 1/ 8/ 62,
nios, no pass..ldo e no presen- SI. Raphael. naval. foi o então CMG Francisco
te, a Marinha tem sido pionei- António Caseiro foi breve- Em Janeiro de 1918 o servi- Ferrer Caeiro.
ra na utilização de tecnologias tado pela Escola de Chartres ço de aviação naval p..1SSQU a
de vanguarda, desde a arti- em 8/ 6/ 1916, tendo-se espe- designar-se por Serviço de Durante os cerca de 37 anos
lharia e a construção naval do cializado em aviões rápidos Aeronáutica Naval e, alguns da sua existência, a A viação
século XV, até à telegraplria "Voisin"'. meses depois, foram breveta- Naval dispôs de 34 tipos de
sem fios, aeronáutica, radar e De regresso a Portugal. dos, ainda em França, os :!OS avião e 256 aparelhos, e nela
outras, neste sécuJo. Sacadura Cabral assumiu as tenentes Pinto de Mesquita e prestaram serviço 111 oficiais
funções de Director de Moreira de Carvalho. pilotos e observadores aero-
Em Maio de 1914, quando a Instrução da Escola de O comandante Sacadura náuticos (dos quais 20 foram
aeronáutica ainda dava os Aviação Militar, instalada em Cabral assume então a direc- brevetados no estrangeiro,
seus primeiros passos com Vila Nova da Rainha. e ção da Aeronáutica Nava l, entre 1916 e 1920,84 breveta-
timidez, foi criada a Escola de António Caseiro ficou como lançêlndo, com entusiasmo e dos na Escola" Alm irante
Aviação Militar, que dispu- instrutor da mesma escola. determinação, os alicerces do Gago Coutinho", entre 1925 e
nha de uma Secção de novo serviço. 1951, e 7 brevetados pela
Marinha, por iniciativa do Em 1917, quando Portugal Sucessivamente foram cria- Escola Prática de A viação de
então Ministro da Guerra, já p..1fticipava activamente na dos diversos Postos de Sintra, entre 1952 e 1959', 15
General Pereira d'Eça . Em Grande Guerra, um segundo Aviação, primeiro no Bom engenheiros maquinistas
Agosto do ano seguinte, o grupo de oficiais voluntários Sucesso, e, depois, na ilha da navais, e 261 sargentos e pra-
mesmo Ministério abriu um foram brevetados em França, Culatra/ Faro, em S. Ja- ças.
concurso entre oficiais de nele se incluindo os lOS tenen- cinto/ Aveiro e na ilha do Durante a sua existência,
Marinha e do Exército, desti- tes Azeredo e Vasconcelos, Faial/Horta. pereceram, ao serviço da
nado à selecção de um pri- Adolfo Trindade. João Santos Embora a viagem aérea Aviação Naval, 15 oficiais
meiro grupo de oficiais, que Moreira e Pedro Rosado. Lisboa-Funchal, realizada em pilotos, 2 sargentos e 7 pra-
iriam ao estrangeiro tirar o Em Setembro, através do 1921, e a viagem aérea Lisboa- ças.
brevel de pilotos aviadort.'S. O Decreto nO 3395, foi criado o -Rio de Janeiro, realizada em
Exército escolheu nove ofici- Serviço e a Escola de Aviação 1922, constituam os mais sig- Uma grande parte da
ais e na Marinha apresenta- da Armada, cujos primeiros nificativos ex-Iibris da nossa História e das histórias da
ram-se dois voluntários, res- comandantes foram o capitão- aviação naval, o seu historial Aviação Naval, que constitu-
pectivamente o l' tenente de -de-mar-e-guerra Câmara está repleto de páginas de em um notável capítulo da
Marinha Artur Saca dura Leme e, pouco tempo depois, dedicação profissional e de História da Marinha e da
Cabral e o guarda-marill/ra o capitão-de-fragata Afonso serviços prestados à Marinha História da Aeronáutica
de Administração Naval de Cerqueira. e ao País. Portuguesa, militar e civil,
AI/MI/ia Caseiro. encontra-se nas 517 páginas
Em Outubro de 1915, estes No dia 8 de Dezembro de Em 1952, quando a Aviação de "Qualldo a Marill/IO lili/lO
oficia is receberam guia do 1917, durante um voo de trei- Naval se preparava para dei- asas ... " ,um livro da autoria
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Ministério da Marinha pma o no, o 2 tenente Antón io xar o Bom Sucesso e ocupar o de Vi ria to Tadeu, an tigo
Ministério da Guerra e segui- Caseiro foi atingido por tiros novo Centro Aeronaval do engenheiro da Aviação Na-
ram para França. disparados por revoltosos, Montijo, foi aprovada a então val, que as Edições Culturais
Sacadura Cabral, após ter acantonados no Parque polémica organização geral da Marinha publicaram em
feito 28 horas e 57 minutos de Eduardo VII. O avião veio a da Aeronáutica Militar, que 1984, e cuja leitura vivamente
voo, foi brevetado pela Escola despenhar-se no Areeiro e, abria as portas à extinção da recomendamos. .1
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